Cultura
PAREDES DE COURA: QUANTOS MAIS PALCOS, MELHOR
No segundo dia de festival abriram-se novos palcos para receber música. Logo às 13 horas Catarina e Tomás, ambos Wallenstein, abiram o palco Jazz na Relva. Os irmãos Wallenstein leram poesia às centenas de festivaleiros que a essa hora estavam nas margens ou mergulhados no Rio Taboão. Durante a tarde, à beira-rio, os Uma Coisa Em Forma de Assim – banda que partilha o seu nome com o título de um livro de Alexandre O’Neill – e o vimaranense Captain Boy ficaram responsáveis de servir de banda sonora.
Com o final da tarde chegava a hora da estreia de outro palco, este já dentro do recinto – o palco Vodafone FM. Coube aos Sunflower Bean as honras de o estrearem. O post-punk dos nova-iorquinos começou a chamar público para dentro do recinto.
Ainda este concerto decorria e já os You Can’t Win, Charlie Brown estavam no palco principal. Assim seria durante todo o dia: música sem parar, com alguma sobreposição de concertos nos vários palcos do festival.
Os Nothing (que haviam, ainda durante a tarde, dado um concerto bem no meio do campismo, no regresso das Vodafone Music Sessions – concertos em sítios secretos que ocorrem sem aviso prévio) tinham reencontro com o público marcado para as 19 horas, desta vez no palco Vodafone FM. Os norte-americanos não se cansaram de dar música a Paredes de Coura, numa verdadeira prova de resistência.
Era agora altura de Car Seat Headrest subir ao palco principal. A banda, já completamente estabelecida no panorama músical internacional, trouxe o seu new wave rock a Paredes de Coura. Nem a coincidência da hora do concerto com a hora de jantar (19:40) fez com que menos gente fosse assistir ao concerto. O recinto estava praticamente cheio. Entre moshes e intensas ovações, estava visto que os norte-americanos têm uma ampla base de fãs em Portugal.
Entretanto já se ouvia o blues de Timber Timbre no palco secundário. As sobreposições de concertos continuavam a marcar a ordem da noite. Foi no intervalo entre o fim do concerto de Car Seat Headrest e o início de concerto de King Krule que os canadianos Timber Timbre cativaram mais público.
King Krule foi recebido no palco principal com uma enorme ovação. O jovem de apenas 22 anos é já um fenómeno de popularidade e a reação do público à totalidade do concerto é prova disso mesmo. Agarrou o público de início a fim, tanto nos momentos de alta como de baixa intensidade. Um artista incrivelmente amadurecido em tão tenra idade. A sua presença pareceu sempre encher todo o palco. Destaque para a reação do público às músicas A Lizard State e Easy Easy.
O concerto de King Krule no palco principal acabou e quase imediatamente começou, no palco Vodafone FM, o concerto de HO99O9. O grupo natural do estado de Nova Jérsia fez com que o hip hop voltasse a estar com destaque no festival Vodafone Paredes de Coura. Desta vez, o hip hop veio de mãos dadas com o rock. A fusão dos dois géneros faz dos HO99O9 uma banda cujos concertos são propícios a moshes intermináveis. Assim o foi. A multidão que se deslocou ao palco secundário não conseguiu parar de se mexer.
23:15. Hora a que os At The Drive In assumiram as rédeas do palco principal. Vieram para oficializar este dia como um dia de moshes constantes. Frenéticos, como sempre, fizeram toda a gente saltar, à imagem do que HO99O9 havia feito. Uma atuação recheada de Rock n’ Roll no seu estado mais puro, culpada da muita poeira que pairava no ar do recinto, levantada por um público completamente ligado à eletricidade da banda. Pelo meio, houve tempo para Cedric Bixler-Zavala, vocalista da banda, deixar uma mensagem sobre os atentados de Barcelona: “Vocês são todos meus irmãos e irmãs. É com amor e compreensão que se combate isto. Vamos todos passar um bom bocado aqui”, pediu ao público presente.
Era agora a altura de Nick Murphy subir ao palco. Entrada mais ousada não era possível: a primeira música que tocou foi o seu maior êxito, Gold, música que compôs ainda sob o nome Chet Faker. Depois de tocar a música 1998, chamou ao palco Marcus Marr. Marcus subiu ao palco para tocar as músicas que produziu com Nick.
Nick Murphy tornou o anfiteatro natural de Paredes de Coura numa verdadeira pista de dança, evitando sempre os seus êxitos da era Chet Faker. Para além dos referidos acima Gold e 1998, tocou apenas Cigarettes and Loneliness e Talk is Cheap, no que diz respeito a êxitos da sua ex “alcunha”. No final, depois de cantar ao piano perante um recinto completamente iluminado por isqueiros, o público não arredou pé. Pedia o encore. O artista autraliano não acedeu aos pedidos do público.
Acabado o concerto do cabeça de cartaz, chegava a altura de mais uma estreia nesta edição do festival: os after-hours. Foi ao post-rock dos coreanos Jambinai e ao grupo de DJ’s Marvin & Guy que foi entregue a responsabilidade de fazer com que esta noite acabasse perto da altura do nascer do sol.
BadBadNotGood, Japandroids e Beach House são os destaques de amanhã, naquele que será o terceiro dia do festival.