Cultura
A DESPEDIDA EM COURA FEZ-SE COM PÓ NO AR
Em dia de despedida, a poesia à beira rio manteve-se como o marco do arranque do dia. As bandas que viriam depois da sessão de leitura acabariam por ser as últimas a dar música a todos aqueles que se juntavam nas margens do rio. Os escolhidos foram Valter Lobo e This Penguin Can Fly (mais uma banda vimaranense. Esta edição do festival contou com quatro bandas naturais de Guimarães).
Durante a tarde, o concerto surpresa integrado na iniciativa Vodafone Music Sessions foi de Noiserv. O português atuou na praia fluvial do Taboão.
Às 17 horas, um tipo de entretenimento diferente invadia o palco Jazz na Relva: a gravação do programa Governo Sombra. Muita gente se juntou perto do palco para assistir. “Nunca a discussão da campanha autárquica tinha tido uma reação tão efusiva”, disse Ricardo Araújo Pereira, momentos antes da gravação do programa. Durante cerca de uma hora, Carlos Vaz Marques, Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Ricardo Araújo Pereira falaram de autarquicas, Trump, João Quadros, entre outros assuntos que marcam a atualidade, sempre sob o olhar atento do público. Pelo meio, ainda houve tempo para um banhista interromper duas vezes o programa: uma a ir para o rio, por ser “o caminho mais rápido”, e outra a voltar do rio, já molhado.
Os vimaranenses Toulouse abriram o palco secundário do festival. A banda não tem parado de crescer desde a sua fundação, num trajeto ascendente que Francisco Novais, baterista da banda, classifica como “sustentado”. “Agora o objetivo é continuar e tocar no palco principal”, completou, em entrevista ao JUP. Satisfeitos com o concerto e com o público, que “reagiu bem às surpresas e às músicas novas”, os Toulouse só pareciam ter uma razão de queixa neste início de noite: o Vitória Sport Club, que ia perdendo com o Sporting por 3-0 aos 20 minutos de jogo.
Manel Cruz foi o primeiro a tocar no palco principal. O projeto a solo daquele que na memória coletiva nunca deixará de ser o “vocalista de Ornatos” começou a prender pessoas ao recinto. Quando os Foxygen subiram ao palco já o recinto estava muito bem composto. Ao contrário do que havia acontecido no dia anterior, o público entrou cedo. Os três grandes nomes que são Benjamin Clementine, Ty Segall e Foals a isso forçaram. Entretanto, já White Haus e Alex Cameron tinham dado os seus concertos no palco secundário, com enchentes nos momentos em que ninguém tocava no palco principal.
Benjamin Clementine e a sua voz inconfundível fizeram as maravilhas do público de Paredes de Coura, que ia gritando o seu nome. Clementine atrai todos os olhos para si e poucos são os que não se deixam perder de amor pelo britânico. Ia insistindo que o público cantasse as suas músicas. O público não se deixou intimidar pelos pedidos e fez-se ouvir. O recinto esteve durante praticamente todo o concerto iluminado por lâmpadas portáteis que os presentes faziam questão de erguer e baloiçar. Os telemóveis também foram uma presença constante, com muita gente a gravar o concerto.
Acabado este concerto, imediamente se começa a ouvir Lightning Bolt no palco secundário. Um baixo e uma bateria chegaram para criar uma avalanche de moshes. O rock barulhento da dupla norte-americana foi um dos pontos altos do último dia do festival. Estava assim aquecido o público para o concerto que se seguia no palco principal: Ty Segall.
Ty causou uma tempestade de pó no recinto. É difícil lembrar um momento em que não tenha havido moshe. O concerto ficará certamente na memória de todos os que o viram, pelo menos pela quantidade de poeira que invadiu os seus pulmões. Cheio de energia, à imagem do concerto que deu com Fuzz, neste mesmo festival, em 2015, o norte-americano fez um esforço enorme por tirar o fôlego a todos os presentes. Ty ia pedindo ao público que gritasse “Sam! Sam! Sam!” sempre que ele levantasse o punho. Rapidamente o público, rendido à atuação, adulterou os grutos. Agora, gritavam “Ty! Ty! Ty!”.
Pausa de 30 minutos, para a poeira assentar e o público recuperar. Afinal, ainda faltava o concerto do maior nome do festival: Foals. Os britânicos não precisam de apresentação. Um concerto memorável, em jeito de best off, para fazer as delícias dos fãs da banda. De Inhaler a My Number, passando ainda por Spanish Sahara e What went down. Não faltou nenhum dos grandes êxitos da banda. Neste concerto, ainda houve tempo para os Foals cantarem os parabéns ao festival Vodafone Paredes de Coura, com a ajuda de uma intérprete portuguesa.
O derradeiro after-hours teve como protagonistas Throes + The Shine e Nuno Lopes. Esta foi a última oportunidade que os festivaleiros tiveram de pisar o recinto. Depois, chegou o ponto final no festival Vodafone Paredes de Coura. Na verdade, dificilmente havia energia para mais.
Para muitos, já começou a contagem decrescente: faltam, aproximadamente, 365 dias para a próxima edição.