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Cultura

PELA PRIMEIRA VEZ, O VILAR DE MOUROS TEVE UM VENCEDOR DA EUROVISÃO

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Em 1968, participaram no festival Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, a que a PIDE não ficou indiferente. Passados dois anos, Vilar de Mouros recebeu Elton John, Manfred Mann, Amália Rodrigues, Duo Ouro Negro e os GNR, merecendo o título de “Woodstock Português”.

Este ano, o JUP foi passar o dia 25 a este mítico festival.

Chegada à estação de Caminha, surge um autocarro panorâmico vermelho. O transfer do Vilar de Mouros não deixa ninguém indiferente: a música que passa em volume elevado e o aspeto old school do veículo contagiam a população que vai passando e animam os festivaleiros, impacientes por chegarem ao recinto.

São 16h e, aos poucos, o festival vai tendo mais movimento. Ao atravessar a Estrada da Ponte, já é visível o recinto, as barraquinhas de comida, as tendas de roupa e um outro palco, mais pequeno, dedicado à projeção de filmes. Num coreto, decorre a atuação de um rancho.

A poucos metros do recinto, no Café Central, encontra-se a maioria dos amantes deste festival a recuperar energias e a preparar-se para a noite longa que se aproxima. Depois do dia 24 muitos ainda dormem ou descansam no rio Coura, o mesmo que há poucos dias tinha visto mergulhar os festivaleiros do Paredes de Coura.

O dia foi marcado pela banda londrina The Veils, os suiços The Young Gods, formados em 1985, The Mission, conhecidos pelo rock gótico e os Primal Scream, de 1982. Os britânicos The Jesus and Mary Chain, de 1984 apresentaram o novo albúm Damage and Joy. Há que recarregar energias para a noite de sexta-feira.

Dia 25 é a vez de subirem ao palco as bandas direcionadas para as gerações mais jovens. Enquanto o sol se põe, os festivaleiros ouvem Golden Slumbers, duas irmãs lisboetas, sentados na relva. Timidamente, introduzem cada música, que chama cada vez mais pessoas para perto do palco para ouvir o folk harmonioso desta dupla. Apresentaram músicas do EP de lançamento, I Found the Key, e do albúm mais recente, The New Messiah.

Segue-se Peter Bjorn and John e a energia destes suecos contagia o público. Os três membros da banda, com 18 anos de existência, entram em palco com vestimenta coordenada. O jogo de luzes, conjugado com cada movimento do energético Peter Morén resultaram num espetáculo com tanta dinâmica que ninguém conseguiu ficar indiferente. A poeira espalha-se com tantos saltos e só volta a assentar quando, em coro, todos cantam a famosa Young Folks deste grupo.

Duas primeiras vezes: um vencedor da Eurovisão e a estreia de George Ezra em Portugal

São 21.30h e o espaço livre entre as pessoas reduz-se. Todos querem estar o mais próximo possível do palco para ver Salvador Sobral. O artista entra em cena e o público, ao rubro, aclama a chegada do tão esperado vencedor do Festival da Eurovisão. O espetáculo foi marcado por muito humor, improvisos e interação com o público. Amar pelos dois não podia ficar de fora, sendo cantada em uníssono com o público. Quando todos pensavam que o concerto já tinha terminado, Salvador anuncia que ainda restam três minutos e há que aproveitar ao máximo. Encerra num ritmo muito acelerado, deixando todos de bom humor e repletos de energia.

O público aproveita a pausa entre Salvador e George Ezra para recuperar algum fôlego. Aos poucos, as camadas mais jovens aproximam-se cada vez mais. O escalão etário da linha da frente é bem mais reduzido que o do dia anterior. Enquanto aguardam pelo artista, erguem-se alguns cartazes e os glowing sticks abanam ansiosos.

O palco muda de cenário. Agora pode ver-se o nome George Ezra a sobressair de um padrão tropical, com folhas de palmeira. A estreia do jovem artista em território nacional revelou-se muito acolhedora e intimista com o músico, antes de cada música, a explicar o seu processo de criação e contexto. Todos foram contagiados pelos elementos cénicos, desde as luzes aos acessórios usados pelos artistas, como óculos coloridos. Divertido, o público acompanhou o artista em quase todas as músicas e teve direito a ouvir uma nova criação. George Ezra ensinou o refrão a todos, para que pudessem fazer parte. Budapeste, o primeiro sucesso do artista, elevou o entusiasmo e encerrou o concerto.

É a vez dos portugueses Capitão Fausto. A linha da frente continua a ser conquistada pelos mais jovens. Antes de entrarem em palco, ouve-se uma gravação da parte instrumental da música Teresa, ao som da qual o público canta e dança. O concerto contou com músicas dos álbuns Gazela e Pesar o Sol, como A Célebre Batalha de Formariz, Santa Anta ou Verdade.

Mas foi o álbum Capitão Fausto Têm Os Dias Contados que mereceu o maior destaque: Amanhã Tou Melhor provocou euforia e Alvalade Chama por Mim fez com que o público elevasse as vozes, cantando “Nunca esquecer que a mocidade para nós chegou ao fim”.

O dia encerra com The Dandy Warhols. São 1.40h e a noite ainda é uma criança. A poeira volta a levantar, com muita energia e dança. Bohemian like you ouve-se em coro. É impossível ficar parado ao ouvir a banda, que combate a vontade de regressar à tenda para descansar.

E com o fim dos concertos do segundo dia, é hora de regressar ao campismo. Com luzes de arraial a iluminar toda a área de acampamento, o ambiente torna-se acolhedor e incita o convívio. Depois de concertos com tanta dinâmica e energia, ninguém consegue ir já dormir e, apesar do cansaço, os festivaleiros ainda conversam e vivem Vilar de Mouros.

Todos acabam por adormecer e recarregar energias para o terceiro e último dia do festival, que promete muito rock. Marcado por bandas dos anos 70 estilo punk/ new wave, como os The Boomtown Rats, formados em 1975 e os Psychedelic Furs, de 1977.

Morcheeba também vão subir ao palco, banda conhecida pela mistura de trip-hop, rhythm and blues e pop. Numa onda rock, influenciado pelos anos 60/70 vão também atuar os lisboetas Zanibar Aliens. O cartaz conta também com a austríaca AVEC, a apresentar o EP Heartbeats. A última noite vai fechar com os 2Manydjs, uma banda de rock alternativo proveniente da Bélgica que promete pôr todos a dançar.