Cultura
FIGURAS MARCANTES QUE PERDEMOS EM 2017
Chuck Berry
Charles Edward Anderson Berry, mais conhecido como Chuck Berry, pôs o mundo a dançar com o seu Rock’n’Roll. O génio por trás de Johnny B. Goode viveu a maior parte da sua vida agarrado à sua Gibson, tocando e cantando com vigor por todo o mundo.
Nascido em St. Louis, nos EUA, Chuck Berry fez o seu nome em bares locais, onde aproveitava qualquer oportunidade para tocar um bocado do seu Blues e do seu RnB, cuja comunhão mais tarde viria a formar uma das maiores lendas do Rock and Roll a pisar a terra.
A sua vida foi feita de altos e baixos, tendo na sua juventude sido preso por assalto à mão armada, com apenas dezoito anos. Cumprida a sua pena, casado e a trabalhar na indústria automóvel, em 1953 começou a tocar com o Johnnie Johnson Trio, influenciado fortemente pelo estilo de T-Bone Walker.
Mas é em 1955 que a sua carreira se elevou, quando conheceu o mítico Muddy Waters, que lhe recomendou que contactasse Leonard Chess, com quem acabaria por editar o seu primeiro hit “Maybellene”.
Tendo atingido o auge da sua carreira no final dos anos 50, voltou a ter problemas com a lei em 1962, ano em que foi acusado de transportar uma jovem de 14 anos ilegalmente. Como consequência, foi condenado a 3 anos de prisão. A partir daí, Berry não voltou a lançar nenhum hit.
Aliás, os anos 70 foram problemáticos, tendo mais uma vez sido preso, desta vez por quatro meses, por evasão ao fisco.
Decidiu fazer-se à estrada apenas com a sua guitarra, assumindo que a banda acompanhante conheceria as suas músicas intuitivamente. Os resultados foram atuações desastrosas e erráticas, que marcaram para sempre a sua carreira, pois praticamente ditou o seu fim. É de salientar que destas bandas acompanhantes fez parte Bruce Springsteen, nos seus primeiros anos como guitarrista.
Seria só em 2017 que Chuck Berry, depois de 38 anos, voltaria a lançar um álbum. “Chuck” conta com a participação de Charles Berry Jr. and Ingrid, seus filhos.
Neste mesmo ano, vítima de paragem cardíaca, Chuck Berry falece na sua casa, no Missouri.
Chris Cornell
O percurso musical de Chris Cornell começa em 1984, quando forma os Soundgarden com o guitarrista Kim Thayil. Depois da banda se estabelecer no circuito independente de Seattle, e de Ben Shepherd e Matt Cameron completarem a formação, Badmotorfinger abre-lhes as portas. Com este disco, transformam-se num dos portaestandartes do grunge, e o seu alcance começa a estender-se a uma audiência maior. O monumental Superunknown, de 1994, permitiu ao grupo incorporar vastas variedades de influências na sua sonoridade e ser mais experimental, e com ele evoluiu o seu líder. Crescendo em notoriedade ao lado de figuras tais como Kurt Cobain ou Eddie Vedder, o estatuto de Cornell tornou-se idêntico ao de um porta-voz de uma geração, enfrentando a sua depressão em muitas das suas músicas. O seu registo vocal excepcionalmente portentoso, aliado aos seus atributos enquanto compositor e à sua capacidade de escrever memoráveis melodias, fez dele um artista incontornável dos anos 90. O vocalista aventurou-se a solo após a separação do grupo em 1997, procurando novas identidades musicais e mostrando-se um artista versátil no mais psicadélico Euphoria Morning. A segunda metade da sua carreira ficou marcada pela ressurgência em popularidade que teve com os Audioslave, nos anos 2000, e pelo regresso dos Soundgarden, pontuado por King Animal, de 2012. Três anos mais tarde, Cornell alimentaria a sua paixão pelo folk com Higher Truth. Tragicamente, este seria o seu último álbum. Chris Cornell faleceu a 18 de maio, em Detroit, após um concerto dos Soundgarden. Para trás fica o legado e a música de uma das figuras mais marcantes e poderosas do rock moderno.
Roger Moore
Sir Roger George Moore, o James Bond de títulos como Live and Let Die (1973), The Man With the Golden Gun (1974), The Spy Who Loved Me (1977) e Octopussy (1983), foi, durante os anos 70 e 80, não só a imagem do Agente 007, mas sim de tudo aquilo que ele representava: classe, estilo e um dom de invejar para com o sexo oposto.
No entanto, a sua carreira é feita de mais do que filmes de espias. O seu nome chegou às bocas do mundo em 1967, desempenhando o papel principal na série de televisão britânica The Saint. Roger Moore interpretou também o papel de Sherlock Holmes na série Sherlock Holmes in New York (1976).
A sua knighthood, otorgada no ano de 1999, homenageou a vertente humanitária da sua vida. Roger Moore, inspirado pela sua amiga Audrey Hepburn, tornou-se um UNICEF Goodwill Ambassador em 1991, ano a partir do qual se dedicou à caridade e a questões sociais.
Assim, Moore marcou a história da Humanidade não só como sendo o rosto de 007, mas também como um filantropo.
Tendo vivido desde uma tenra idade com problemas de saúde, Roger Moore acabou por nos deixar em maio deste ano, com 89 anos.
Adam West
William West Anderson, com uma carreira que se estende por 63 anos, começou o seu percurso como ator no ano de 1954, participando na série de televisão The Philco Television Playhouse, onde participaria em três episódios.
No entanto, é o seu papel como Bruce Wayne em Batman, nos anos 60, que marcou definitivamente a sua carreira. É quase impossível pensar em Adam West sem o associar ao seu Batmobile. Bom, isso ou ao mayor da fictícia cidade de Quahog, na série animada Family Guy.
Com uma carreira que, à parte de ser extensa, conta com uma grande variedade de papéis, Adam West foi uma das figuras mais marcantes do cinema e da televisão norte-americanos. No presente ano, West perdeu a batalha contra a leucemia e acabou por falecer, com 88 anos, em Los Angeles.
John Avildsen
John Guilbert Avildsen, nascido em 1935, em Illinois, EUA, foi o realizador americano responsável por filmes como Rocky, Rocky V e os primeiros três filmes da série The Karate Kid.
Tendo recebido o Óscar de Melhor Realizador em 1977 com o filme Rocky, foi com este filme que o seu nome chegou ao Hall of Fame.
Vítima de cancro do pâncreas, faleceu aos 81 anos em Los Angeles.
Prodigy
Foi em 1995 que, com apenas 20 anos de idade, Prodigy se tornou um dos mais fortes e proficientes artistas de Nova Iorque, graças ao icónico The Infamous. Com o produtor Havoc do seu lado, os Mobb Deep emergiam como talentos entusiasmantes, que – com uma abordagem pesada, batidas sombrias e o apurado lirismo do seu homem principal – acabavam de dar um enorme e influente passo no hardcore hip-hop. O jovem rapper acabaria por nunca superar a qualidade revelada com aquele disco – embora o seu sucessor, Hell On Earth, também seja visto como um dos melhores trabalhos do grupo –, mas colaborações ao longo da carreira com artistas notórios, tais como Ghostface Killah, KRS-One ou Alchemist, cimentaram o seu estatuto enquanto uma figura extremamente marcante no panorama musical da sua geração. Prodigy batalhou com anemia falciforme durante toda a sua vida, e, com 42 anos, faleceu devido a complicações resultantes da mesma.
Chester Bennington
Foi a 20 de março de 1976, no estado de Arizona, que nasceu Chester Charles Bennington. Filho de pais divorciados, teve um passado um pouco atribulado que o fez enveredar por alguns caminhos sombrios. Passou por momentos maus como abusos sexuais e uma doença que o acompanhou até ao fim dos seus dias, a depressão.
A sua carreira na música iniciou-se com a banda Grey Daze, onde gravou dois álbuns. A banda Xero foi a seguinte. A voz de Chester era única e não havia dúvidas que o lugar de vocalista iria ser bem ocupado. De Xero passou a Hybrid Theory que, mais tarde, se iria alterar para o nome atual da banda, Linkin Park. Esteve também presente como vocalista nas bandas Dead By Sunrise e Stone Temple Pilots. No seu percurso com os Linkin Park, gravou sete álbuns e mais de 70 milhões de cópias foram vendidas, para além de dois Grammys recebidos pela banda.
Algumas das músicas dos Linkin Park foram escritas pelo próprio, como forma de desabafar e libertar toda a dor que o atormentava. Ao mesmo tempo que cantava e transmitia a mensagem das suas canções, ajudava milhões de fãs por todo mundo que também partilhavam do mesmo sofrimento. Alguns fãs atentos conseguiram ouvir nas músicas que Chester cantava pedidos de ajuda e algumas mensagens emocionais direcionadas a todos os que idolatravam o cantor.
Chester Bennington pôs um fim à sua vida no dia 20 de julho de 2017, aos 41 anos. Deixou seis filhos e a sua esposa, Talinda.
Malcolm Young
Malcolm Mitchell Young, nascido nas terras altas da Escócia em 1953, foi um dos nomes mais importantes do Hard Rock a alguma vez pisar os palcos.
Irmão de Angus Young, foi com ele que fundou a mítica banda AC/DC, com a qual estaria em palco desde a sua formação em 1973 até 2014, ano em que Malcolm deixa os palcos por razões de saúde.
Nascido de uma família musical, que emigrara em força para a Austrália depois do forte inverno de 1963 ter dificultado a sua vida na Escócia, Malcolm e os seus irmãos praticamente cresceram agarrados a um instrumento musical.
Assim, aquando da formação dos AC/DC, não faltava aos irmãos Young a experiência em palco. Aliás, o verdadeiro início da carreira de Young foi em 1972, com apenas 19 anos, em que participou junto com os seus irmãos Angus e George na banda “Marcus Hook Roll Band”, que chegou a editar um álbum em Sydney.
Em 2014, com indícios de demência que depois viriam a piorar, Malcolm abandona o seu lugar nos AC/DC, incapaz de continuar o seu trabalho devido a problemas de memória a curto prazo.
Em novembro deste ano, poucas semanas depois do seu irmão George ter falecido, Malcolm Young deixou-nos. Agora, tudo o que nos fica é o seu grande legado musical.
Zé Pedro
José Pedro Amaro dos Santos Reis foi o fundador de uma das mais aclamadas bandas portuguesas de todos os tempos: Xutos & Pontapés. Zé Pedro, com 22 anos, publicou o seguinte anúncio no jornal: “Baterista e baixista precisam-se para grupo punk”.
A ele e a Zé Leonel – que abandonou a banda em 1981 – juntaram-se Tim e Kalu, e o grupo perdurou unido até à sua morte, a 30 de novembro. Em 2004, foi nomeado Comendador da Ordem do Mérito pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio. Zé Pedro tinha 61 anos e foi vítima de cancro hepático.