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O SALGADO FEZ ANOS, HOUVE FESTIVAL NO MAUS HÁBITOS

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A noite prometia ser longa, não só pela mão, esta com não sei quantos dedos, cheia de concertos, como também pelas conversas dos corredores. Portas abertas às 21h30, concertos a começarem às 22h. Quem deu as honras foi o projeto OTROTORTO na Mupy Gallery, Well no Palco Stockhausen e Peltzer no Palco Super Bock. Já estava, aqui, o Maus Hábitos bem composto.

A multifacetada Surma, já com muitos admiradores, abria o palco O Salgado, onde tocou temas do seu disco, Antwerpen, enquanto ao mesmo tempo, no Stockhausen, Violeta Azevedo enchia corações.

No palco Super Bock, com alguns minutos de atraso, o duo O Galo Cant’Às Duas deu um libertador concerto, com linhas de baixo muito fortes apoiadas pelo ritmo da bateria onde depois se adicionavam malhas de guitarra por cima. O resultado foi um pós-rock de um galo que não precisa de cantar para encantar.

First Breath After Coma, no palco ao lado, de nome do aniversariante, fizeram o que sempre fazem e que já estamos habituados. Deve ser das bandas mais acarinhadas que passou no Maus Hábitos. Foi uma enorme viagem no interior de uma explosão qualquer de sons amigos das estrelas. Antes deles, Ermo tirava as pessoas da imobilidade, num projeto eletrónico-pop que tem recebido críticas bastante positivas.

O som frenético das (dos, das?) Putas Bêbadas e o funaná cabo-verdiano misturado com punk e agressividade dos graves dos Scurú Fitchádu antecederam o concerto dos Stone Dead no palco Super Bock. Esta banda, repetente no Maus Hábitos, mais uma vez não conseguiu manter o público quieto e, à hora que tocaram, uma da madrugada passada, o álcool e a vontade de transpirar com o rock resultaram em inúmeros mosh pits em frente ao palco. Good Boys, álbum de estreia, já é cantado de cor por aqueles que saltam com eles.

Ao mesmo tempo, o poder de KILLIMANJARO, amigos destes últimos, transformou o palco O Salgado num ringue de rock.

Já no palco Stockhausen, passaram por lá Gustavo Costa e Krake. Depois, o gajo do qual no se podia dizer o nome, mas que é mais alto que eu e que muitos, escreve lindamente e tem as patilhas mais fixes daquela noite tocou para um espaço a abarrotar. Houve gente que não conseguiu entrar – mais um corpo lá dentro e ultrapassava-se a situação da hora de ponta do metro de Lisboa -, eu uma delas, mas ouviu-se cá de fora, ainda que mal, a voz de Samuel Úria e a sua guitarra. Foi bonito, tenho a certeza que sim. O som imersivo de Paisiel seguiu-se e depois foi a vez de @c.

Voltando ao palco Super Bock, chamado Salão Nobre o resto do ano e onde se come e bebe e não fuma, The Twist Connection, já experientes na vida de estrada, devido a projetos como WrayGunn e Tédio Boys, fechavam a lista de bandas deste palco com os seus riffs de rock ‘n’ roll carregados do preto do cabedal, barba feita e botas de salto.

Entre uns e outros concertos, os corredores do Maus Hábitos também foram palco, ora de conversas sobre qualquer coisa ou coisa nenhuma, ora de brindes ou de novas pessoas dadas a conhecer a outras novas pessoas. Havia fotografias, fumos, sorrisos, olhos fechados e abertos, o mundo a acontecer, mas a caber todo ele ali. ±MAISMENOS± recolhia assinaturas para a fundação do partido. Nas escadas que sobem até este quarto andar, vários eram os nomes escritos que votavam ±.

A noite continuou com inúmeros Djsets, divididos pelos vários espaços. Lovers & Lollypops Soundsystem, Nuno Dias, Alfredo, Tranz Arbeiter foram alguns dos que transforaram as várias salas em autênticas pistas de dança.

Ao início da noite não se sabia a que horas iria acabar. Verificou-se, em certa parte. Uns ficaram até às 4h, 5h, outros até às 7h. A quantidade de cerveja e o peso dos saltos nos sapatos ditaram, entre outros fatores, o cansaço. Mesmo depois das 4h ainda estava gente a subir escadas para entrar e ouvir os DJ sets. O que se pode dizer disto tudo é que foi bom e que vai ser sempre bom, enquanto o Salgado fizer anos.

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