Cultura
JUP RADAR: A VOZ DE EQUILÍBRIO E A MÚSICA DE TODOS
Gonçalo tem 22 anos, é de Amarante e estuda na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Nos tempos livres, joga andebol no CPN, na segunda divisão, e faz música.
O músico toca guitarra desde os 10 anos e atualmente já tem dois álbuns lançados – o primeiro em 2015 e o último no ano passado. À pergunta “consideras-te um artista emergente?”, a resposta foi “Sim. Muito mesmo”, uma vez que se encontra em crescimento, mas já tem algum reconhecimento no mundo do hip-hop.
Em entrevista ao JUP, Equilíbrio fala sobre as suas dificuldades, a sua motivação e o seu mais recente álbum.
Colocas em cima da mesa a opção de algum dia estagnares ou até mesmo desistires?
Não, nunca. Todos os dias aprendes qualquer coisa. Estamos num meio muito competitivo no bom sentido, se alguém faz uma coisa melhor, eu vou querer fazer algo ainda melhor. É sempre a crescer, se algum dia parar e não der para crescer mais, eu desisto disto.
A música é o teu destino?
Eu gostava de fazer música, mas a Engenharia é o plano que tenho para poder fazer música porque não dá para viver da música, para já.
Para já. Mas gostavas de um dia viver só da música?
Gostava, mas acredito pouco que vá acontecer, porque em Portugal é muito difícil viver da música. Há pessoal que consegue, mas não dá para todos porque o meio é muito pequeno. São poucas as pessoas que conseguem viver só de música em Portugal.
Não teres fé nisso é o teu principal entrave?
Sim. Mas eu vivo bem sem viver da música. Ao fazer música sinto-me realizado e se não conseguir ganhar dinheiro através dela não me chateio.
O que é que estás disposto a fazer para entrar no mundo da música? Tens jogado limpo?
Sim, sim. Estavas a ver se me apanhavas. Se algum dia der, bom. Se não der, não stresso por isso. Para isso tenho a Engenharia.
Achas que tens inimigos no ramo?
Gosto de acreditar que não.
Consideras que existe essa rivalidade doente?
Também existe. Eu tenho competição saudável, mas há quem não tenha. Acredito que ninguém tem nada contra mim, sou muito neutro no meio.
Tiveste algum entrave no teu percurso musical?
No início ninguém me dizia que o que eu fazia era bom. Levei muita crítica, mas foi toda construtiva. Na altura, muita gente criticou-me de maneira mais agressiva, mas foi bom para mim porque foi construtivo.
Fala-nos das tuas letras. O que é que transmites através das tuas letras?
O normal, o dia-a-dia, aquilo que vivo e que passo. Não acontece muito, mas também me influencio por histórias que as pessoas me contam. No fundo, é aquilo que me inspira todos os dias. Se passar na rua e vir algo que não gosto, por exemplo um namorado a bater numa namorada ou vice-versa, para além de intervir, escrevo sobre isso.
Quem é que produz o teu som?
Tenho equipas. Os beats normalmente compro a pessoal que conheço. A voz é minha. Tenho um DJ que está sempre comigo, que é o Slice. Ainda tenho o João Pinheiro, que é o produtor executivo de tudo o que eu faço.
Como é que passaste da guitarra para o Hip Hop?
Andava na Escola de Música, e o senhor que geria a escola uma vez levou um vídeo de um rapper de Amarante e achei muito fixe, era o Poeta de Rua, que agora já não faz rap, mas ainda produz e faz música.
Se tivesses de falar sobre a tua música a alguém que não a conhece, o que é que lhe dirias?
Se quiseres passar um bom bocado, se procuras uma vibe positiva e algo para te animar no dia-a-dia – é isso que eu tento passar. Para passar uma experiência diferente, consciencializar e passar uma mensagem diferente às pessoas.
Gonçalo lançou recentemente o álbum Luz que difere do que ditou a sua estreia no mundo musical. “Rotina” é a música mais ouvida do novo álbum no YouTube, com um total de 3,5 mil visualizações.
Quais são as principais diferenças entre este teu último álbum e o primeiro?
Este álbum tem mais musicalidade, é mais pensado, mais trabalhado, e tem mais música. Foi um investimento maior. É o meu álbum de referência neste momento. Tem muito mais música e é em tudo mais trabalhado do que o primeiro.
Estás a pensar lançar algum nos próximos tempos?
Estou a trabalhar nisso, sim.
Equilíbrio vai estar no Hard Club dia 2 de Março, às 23 horas.
JUP Radar é a rubrica mensal do Jornal Universitário do Porto, incluída na editoria de Cultura, que explora os artistas emergentes, nas mais diversas áreas, que chegam ao nosso radar. Os artigos saem no último domingo de cada mês.