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Cultura

TIME FOR T: HOUVE TEMPO PARA TUDO

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Muitos escolheram abrigar-se no Café Casa da Música na noite chuvosa de 7 de março, mas foi a música que aqueceu os portuenses. Os Time for TTiago Saga (voz e guitarra), Joshua Taylor (voz e baixo) e Felipe Bastos (bateria) – trouxeram ritmos tropicais que contrastam com o clima da terra natal da banda, Brighton (Reino Unido).

Foi a também inglesa Ellie Ford quem abriu o concerto. Pela altura em que a sua voz doce e acordes decididos contagiaram o Café, mais gente se juntou ao público que ouvia sentado no chão ou nas cadeiras disponíveis.

Numa delas estava Inês Areia. “Costumamos vir a estes concertos grátis, e às vezes vimos sem conhecer e acabamos por descobrir coisas engraçadas”, disse ao JUP. É prática recorrente da Casa da Música a organização de concertos noturnos de entrada livre no seu espaço mais frequentado, o Café.

Com a passagem de testemunho da cantora folk para os Time for T, acenderam-se as luzes vibrantes e a vontade de dançar no público – que não se concretizou, talvez pela maioria de lugares sentados. Foi “tudo super bem comportado”, como Tiago Saga disse ao JUP, já depois do concerto.

Depois de “Maria”, canção do seu recente e primeiro álbum de longa duração, Hoping Something Anything, Tiago conta a alegria da mãe quando lhe disse que iria tocar na Casa da Música. “Mas não lhe disse que era no Café”, diz, ecoando o riso do público; logo Felipe Bastos reitera que preferem assim. O público parece agradecer a intimidade que o espaço propicia.

E, como se a proximidade não fosse suficiente, antes de começar “Free Hugs”, do EP Time for T, Tiago pede que que todos abracem alguém. O vocalista abraça Ellie, que chama de volta ao palco para o acompanhar na canção. “Tiago and I have been friends for a long time, we started playing music together when we were in college, so it’s nice to come and play and support him”, contou, já no final do concerto, ao JUP.

Tiago faz questão de conversar entre canções, desde agradecimentos à organização, à “velha amiga de Brighton”, Ellie, ou para confirmar com o público se “ ’tá tudo bem”. Pede desculpas pela aparência, mas 30 dias de digressão – e a viagem de carro da tour italiana para cá – permitem que o que esteja a usar seja também o seu pijama. “Espero que nos julguem só pela música”, brinca.

Joshua, o baixista que também dá apoio vocal, ri-se em concordância. É inglês, mas entende português e planeia mudar-se para Lisboa este ano. Com Tiago, é o elemento de Time for T que persiste desde o seu começo. A barreira da distância não permite que todos os membros se consigam reunir para cada concerto, havendo uma metamorfose constante.

Como Tiago explica ao JUP, “dependendo dos concertos e das digressões vamos adicionando e tirando membros, consoante as condições que temos para oferecer e o espaço no carro”. Daí poderem trazer convidados, como Ellie. “Nós gostamos muito da colaboração, de estender o braço a pessoal que está na mesma onda que nós e fazermos coisas juntos. Acho que falta isso em Portugal”, admite.

O concerto corre descontraidamente, passando por canções recentes como o single “Wax” e “Hoping Something Anything”, que dá título ao álbum e o encerra. Estes dois temas são o auge da energia da banda, que os prolonga em duos de guitarra e baixo compassados com a bateria de Felipe.

Há ainda “Johnny”, do EP homónimo (2016) e, com “Phone Sex”, do primeiro EP, Dreambug (2012), a emoção chega a rebentar uma corda da guitarra de Tiago, mas o público entretém-se com a jam de Felipe e Josh. Quando retomam a canção, Tiago usa a letra para dizer que “it’s such a beautiful day in Porto today”, apesar do mau tempo.

Capta-se uma familiaridade entre público e banda como se de amigos próximos se tratasse. Das primeiras filas, alguém pede mais canções e Tiago decide tocar mais um pouco, esquecendo o encore, ou “aquela parte em que nós fingimos que vamos embora e vocês pedem mais”, como definiu. É com “Long Day Home” que, ironicamente, os Time for T acabam uma curta passagem na Casa.

Mas o público não foi embora sem antes Tiago registar o momento com uma fotografia. “Vocês estão tão bonitos. Finjam que gostaram do concerto”, brinca. Não foi preciso fingir, a julgar pelos fãs que ficaram bem depois do fim da música, a trocar impressões com a banda.

 

Quanto ao futuro, Tiago Saga – que, paralelamente, se lançou a solo no EP Busy With My Head – responde “I hope there will be something…Anything”, em alusão ao álbum. O músico disse ainda ao JUP que tem canções escritas em português que poderão constar num próximo álbum.

O Porto foi a segunda de cinco paragens dos Time for T por Portugal. Os próximos concertos serão em Vila Real, Viseu e Barão de S. João, nos dias 8, 9 e 10 de março, respetivamente.