Cultura
SERRALVES EM FESTA – DIA 1
Durante a tarde de sábado, os jardins de Serralves encheram-se de pessoas de todas as idades para participar nas atividades e assistir aos espetáculos de música, dança e teatro integradas no tema “Terreno Comum”. Na zona do Prado, centenas de pessoas juntaram-se ao sol para assistirem ao espetáculo de “Guitarrofonia”, uma orquestra de guitarras que conta com alunos e professores de várias escolas de música e com Tiago Sousa como compositor. Na Clareira das Azinheiras, “Éme” atuou no seu estilo Pop Rock vindo de Lisboa e com a promessa de um novo disco. Ao fim da tarde, ainda no Prado, foi a vez da Companhia Erva Daninha apresentar “Bainha” com movimentos de circo e trapézio com uma temática ligada à vida, ao nascimento e à mudança.
Há noite em Serralves
A ausência do sol não fez com que a euforia e as conversas entre a multidão parassem. Os jardins da Fundação continuaram a ser atravessados pela multidão, faziam-se filas para os concertos na biblioteca. A música marcou a noite. Na zona do ténis, ainda a noite estava no início, os portugueses Dreamweapon conseguiram juntar uma pequena multidão junto ao palco, fazendo com que o público mergulhasse na onda deles. Ao longo de cinquenta minutos, a banda de rock, conseguiu entusiasmar as pessoas que percorriam Serralves. As pessoas começaram a deslocar-se para outros locais, com diferentes atracões . Na Clareira das Bétulas, já a noite se estendia, algumas centenas de pessoas começaram a juntar-se para assistir a um espetáculo onde a música eletrónica com ritmo dançável reinou, viam-se jovens, ousadas, com vontade de dançar em frente ao palco e mostrar mais do que esperado. Os Palmer Eldritch conseguiram hipnotizar a audiência com o seu som.
O rebuliço de pessoas nos jardins não parou com o passar de horas. Na opinião de Nádia Teixeira, voluntária no Serralves em Festa, pelo segundo ano consecutivo, este ano o número de pessoas no festival aumentou consideravelmente. Assim como esta voluntária, inscreveram-se para colaborar em Serralves, nesta edição, cerca de 400 pessoas, que se inscrevem todos os anos através de um formulário disponibilizado na página da Fundação, aproximadamente 3 semanas antes do evento. Para esta estudante, ” a experiência de ser voluntária em Serralves é uma experiência incrível. Para além de ser bom poder participar de uma maneira diferente, naquele que é um dos maiores eventos culturais da cidade do Porto.” Aquilo que os voluntários fazem durante estas 40 horas de cultura é fundamental para o sucesso do festival. Os voluntários fazem coisas tão variadas como vigiar a entrada e saída de pessoas ou vigiar as instalações e exposições montadas.
Já passa da meia noite. Já é o Dia Mundial da Criança, dizem. Mas, por ali não existem carrosséis nem algodão doce. Na zona do Prado, há uma multidão a vibrar com a música dos Octa Push, ouve-se do palco um “Serralves é lindo!” e, como é claro, o público retribuiu com aplausos e gritos de euforia. No meio daquele mar dançante, uma rapariga vira-se para um rapaz desconhecido e atira um “Chama os teus amigos e vamos lá pra a frente”. É este o espírito de Serralves, naquele momento. A última música dos portugueses é em versão funaná, o que leva ao êxtase dos fãs.
No meio da multidão, Luís Ramos, estudante do ISCAP, conversa, sentado na relva, com os amigos, afirma que vem ” todos os anos com os amigos, para se divertir”. Já Bárbara, estudante da Faculdade de Letras, afirma “Amanhã quero voltar.”
Enquanto isso, no Prado, começa o concerto da banda canadiana, Duchess Says. Depois da primeira música, a vocalista lança um “Olá” para o público. Junto ao palco juntam-se centenas de pessoas, talvez a atração com maior público da noite. Os canadianos conseguem captar toda a atenção da plateia. O público é completamente seduzido pela música. Os que não conhecem a banda querem ver muito mais.
Depois de uma longa noite de espetáculos, veem-se pessoas deitadas no relvado com cobertores, ficarão ali até ao amanhecer. A dormir num mundo de fantasia, que não o pára de ser durante 40 horas.