Cultura

O “VALOR” DA CULTURA EM DISCUSSÃO NO RIVOLI

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Pelas 10h00, às portas do Teatro Municipal do Porto-Rivoli, reuniam-se vários agentes culturais da cidade e outros interessados na aposta e defesa da cultura, enquanto aguardavam pelo início da sessão convocada pelo Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

A reunião, que decorreu no Grande Auditório e que tinha como objetivo a discussão do Programa de Apoio Sustentado 2018-2021 promovido pela Direção Geral das Artes (DGArtes) , teve início poucos minutos depois da hora prevista e iniciou-se com a leitura de uma carta enviada por Rui Moreira ao Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.

Nessa carta, estavam presentes as preocupações do Presidente da Câmara do Porto relativamente à inexistência de financiamentos a determinadas instituições culturais e a desconsideração que parece existir em relação à Área Metropolitana do Porto.

Seguiu-se uma apresentação dos dados estatísticos referentes às verbas atribuídas às diferentes artes e aos montantes disponibilizados para cada região do país. Face a estes dados, Rui Moreira expressou a sua opinião: “Se isto é algum projeto de coesão territorial, acho que estamos conversados.”

Ainda acrescenta: “A minha convicção é que este problema já não se resolve apenas atirando o dinheiro para a fogueira”. Moreira admite respeitar o esforço feito por parte do Ministério da Cultura.

Visto tratar-se de uma reunião com vários intervenientes, esta sessão foi-se desenrolando com a participação dos muitos interessados e mesmo alguns artistas ligados ao ramo cultural do Porto.

O ator António Capelo interveio: “Esta situação vem de 2004, não é nova. Já nessa altura reivindicávamos para a zona Metropolitana do Porto uma equiparação à zona Metropolitana de Lisboa”. Face a estas divergências e desigualdades, afirmou: “É preciso atender rapidamente ao fosso que foi cavado com este concurso”.

Em resposta às intervenções da audiência, Rui Moreira complementava e comentava os assuntos discutidos, embora se possa dizer que um dos pontos mais gritantes é a disparidade entre as Áreas Metropolitanas do Porto e Lisboa, até porque, na atribuição dos capitais a cargo do concurso, o Porto está englobado nos valores disponibilizados para a região Norte do país.

Naturalmente, a discussão girou em torno do Porto e do descuido que sentiu, mas também se fez denotar a necessidade de dar atenção a outras regiões de Portugal que foram igualmente ou até mais “deixadas de parte”, nomeadamente o caso de Coimbra que não irá receber qualquer tipo de fundo.

Apesar dos pontos negativos que foram abordados, não só de coisas más se falou nesta reunião, até porque houve mais do que um participante nesta “espécie de debate” a elogiar a posição do Presidente da Câmara do Porto e os seus esforços na afirmação e defesa dos interesses do ramo cultural da cidade.

A perceção de que talvez não seja dada à cultura a devida importância também se fez ouvir, pois a cultura não pertence apenas às instituições e estruturas culturais, mas também e acima de tudo à população, que assume aqui o papel de público, consumidor e produtor de cultura.

No palco, juntamente com Rui Moreira e outros agentes culturais do Porto, Gonçalo Amorim, diretor do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), expressou o seu descontentamento face ao valor nulo que foi atribuído ao FITEI e garantiu: “Vou para a audiência de interessados, porque a ata tem erros factuais, além de uma linguagem entre o gozão e o displicente”.

Também falou acerca do Teatro Experimental do Porto (TEP), e no pouco cuidado que as políticas culturais revelam relativamente a essa e outras instituições, acusando: “Aqui, claro que tem que haver responsabilidade política e cívica, mas não é só nossa e dos sócios do TEP, é de todos nós”.

Rejeita ainda a possibilidade do TEP ou do FITEI terem qualquer privilégio em relação às outras instituições devido à grande componente histórica que cada um detém.

Mais pontos de vista foram expostos abordando vários aspetos do tema em questão, sendo que ainda foi alvo de críticas a forma como é composto o júri da DGArtes e a forma como tomam decisões. A disparidade Lisboa-Porto também parece ser aqui decisiva quando chega a altura de ter em conta as várias instituições e as ajudas que recebem.

Já em modo de conclusão, o presidente da Câmara do Porto procedeu à leitura de um texto que, de forma consensual, compreendia as conclusões das reuniões que tiveram como tema os resultados polémicos revelados pela DGArtes.

A ideia geral com que se ficou deste encontro entre a Câmara Municipal do Porto e os agentes culturais da cidade é a de que a Área Metropolitana do Porto se encontra negligenciada e não recebe os fundos necessários à manutenção e funcionamento de muitas das suas estruturas culturais.

O descontentamento palpável sentido por estas entidades e agentes traduz-se na rejeição destes resultados emitidos pela DGArtes e numa ação dirigida ao Governo, que visa rever os resultados em questão e corrigir os erros cometidos.

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