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Cultura

JUP RADAR: O SNEAKER WORLD PELOS OLHOS DE LARO LAGOSTA

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Na rua do Rosário, perto do Hospital de Santo António, há um espaço que emana criatividade e cor. As paredes brancas contrastam com as obras expostas, que cobrem todos os recantos. A Circus Network é uma galeria e espaço de cowork onde Laro dá vida aos seus projetos.

4_radarLaro Vilas Boas, mais conhecido por Laro Lagosta, é um ilustrador e graphic designer português. Natural de Ponte de Lima, mudou-se para o grande Porto assim que ingressou na Escola Superior de Artes e Design (ESAD), no curso de Design de Comunicação, e desde então aqui permaneceu. “O interesse pelo design surgiu um bocado para dar seguimento à ilustração e ao desenho, que é o que sempre gostei de fazer.” 

Começou por fazer cartazes para festas em Ponte de Lima, mas, atualmente, é à volta das sapatilhas e, sobretudo, da crítica à hypebeast culture, conjunto de pessoas que compra e usa aquilo considerado “hyped” no momento, sem olhar a preços ou gostos pessoais, que o seu universo gira. 

https://www.instagram.com/p/BjFUzoAjoAy/?taken-by=larolagosta

“É uma coisa que eu sempre gostei, tanto roupa como sapatilhas, e eu comecei a pensar que tinha que comunicar alguma coisa que eu soubesse daquilo que estava a falar para um universo que me é muito pessoal. E pronto, a partir daí comecei a pensar em histórias sobre situações; sobre aquilo que as pessoas pensam e não querem dizer; eu próprio. Coisas que às vezes as pessoas até têm vergonha de falar. Mas que muita gente sente e muita gente se identifica.”

O seu único requisito é ser atual e para tal Laro afirma ter de “estar sempre atento, sempre com o telemóvel na mão, a ver páginas, a ver comentários, discussões no reddit, falar com amigos, pensar nos meus desejos e frustrações em relação mesmo ao streetwear, às sapatilhas.”

Agora, o seu percurso já conta com projetos e colaborações com várias marcas, como o KICKIT Market, em Itália, e até a Nike, a sua marca favorita no que toca a sapatilhas. “Uma série de ilustrações que fiz a partir do trabalho de fotógrafos, foi para o lançamento das Nike Sock Dart em Itália, e foi um trabalho que adorei fazer e gostei muito do resultado também.”

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Laro faz também customização de sapatilhas e utiliza-as com orgulho – “gosto de poder usar aquilo que é o fruto do meu trabalho”.

É precisamente da internet que afirma sentir mais apoio. Desde as mensagens que recebe, às encomendas de trabalhos e à venda de prints, o ilustrador admite ser “quase tudo lá para fora”. Contudo, Laro reconhece que tal é justificável – “acho que o meu trabalho neste momento está muito focado no streetwear, nas sapatilhas e em toda a cultura à volta disso e aqui o mercado continua a ser mais pequeno que lá fora” e mostra-se confiante quanto ao futuro deste universo em Portugal – “eu acho que é com tempo, com a abertura das pessoas, com a vontade de conhecer mais coisas – acho que com o tempo começará a ser mais valorizado.”

Mas o reconhecimento do exterior não se limita às redes sociais. Para além do constante apoio que recebe nestas plataformas, também já foi destacado em revistas de renome como a americana Complex e a australiana Sneaker Freaker.  Em relação a tal, admite que “foi uma sensação ótima, é muito bom ver que as pessoas reconhecem o meu trabalho. Principalmente quando está muito ligado a uma comunidade a que eu me identifico e a Complex é um exemplo disso, a Sneaker Freaker também.”

Alavancado por esta especial prosperidade nos últimos tempos, Laro afirma ter ainda muito por demonstrar e é, com certeza, um artista emergente que ninguém vai querer perder de vista. 

O que podemos, então, esperar no futuro de Laro Lagosta? “Tenho uma exposição aqui na Circus em setembro. Quero continuar a fazer a customização de sapatilhas. Já estou a desenvolver também alguns projetos com lojas relacionadas com streetwear, com os sneakers. E o meu trabalho passa um bocado por aí, cada vez mais afirmar-me por aí. “

 

JUP Radar é a rubrica mensal do Jornal Universitário do Porto, incluída na editoria de Cultura, que explora os artistas emergentes, nas mais diversas áreas, que chegam ao nosso radar. Os artigos saem no último domingo de cada mês.