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Cultura

TRIO PORTEÑO TRAZ ARGENTINA À CASA DA MÚSICA

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O espetáculo começa. As luzes resumem-se a um suave banho de azul e vermelho. Em palco, António Justiça e Davide Amaral, quase como se dum concerto do Duo Justiça Amaral se tratasse.

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O concerto inicia com o segundo movimento, “Andante”, da Tango Suite, de Astor Piazzolla. Ausente do palco está ainda Filipe Ricardo e a sua concertina.

A seguir, já com o concertinista em posição, o Trio parte para mais uma peça de Piazzolla, “Adiós Nonino”. O ambiente melancólico instala-se na sala. Seguiu-se a “Primavera Porteña”, da suite que partilha o nome do trio.

No entanto, como não só de Piazzolla se constitui o repertório do trio, fez-se ainda uma paragem no original “Pontos de Passagem”. Mais tarde no concerto, foram apresentados dois novos temas da autoria do conjunto: a canção de embalar “Troque e Baldroque” e a canção que mais faz lembrar António Justiça nos Patinho Feio, graças aos seus potentes e agressivos riffs, “Baralho”.

Entre Piazzolla e temas originais, ainda se ouviram temas como “Tango en Skaï”, do francês Roland Dyens, e “Milonga” de Jorge Cardoso. Ambas as peças foram adaptadas e arranjadas para serem interpretadas por António Justiça e Davide Amaral.

Aproximando-se o final do concerto, o trio interpretou mais uma peça das Estaciones Porteñas, o “Verão”, que por aí se avizinha. Numa conversa a três, entre guitarras e concertina, o concerto chegou ao que parecia ser um fim, mas o público queria mais, e mais foi o que o trio deu.

Voltando a Piazzolla, “Oblivion” foi a peça escolhida pelo trio para regalar a audiência com mais uma interpretação. A seguir, como já aconteceu em concertos anteriores, Filipe Ricardo trocou a concertina pelo cavaquinho brasileiro e o trio viajou da Argentina para o Brasil, com o “Tico Tico no Fubá”, clássico popular da autoria de Zequinha de Abreu. É já hábito do trio pôr fim aos seus concertos com esta peça, que faz Filipe Ricardo trocar o instrumento de palheta livre pelas cordas.

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Assim, o Trio Porteño trouxe à Casa da Música, que surpreendeu António Justiça com a quantidade de pessoas que vieram assistir e com a intensidade com que viveram o concerto, a Argentina, o seu tango, e ainda um bocadinho do Brasil. Entre guitarradas e os boémios e provocantes sons da concertina, o espaço calorosamente iluminado, que teve a música de um café concorrido como pano de fundo, o concerto causou no público uma vontade de balançar o corpo ao som da música e de se deixar perder na magia do tango.