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Cultura

DANCEM!2014: LANDING + FICA NO SINGELO

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Landing

Queda.
Chão.
Levantar.
Combate.

Estas quatro palavras nunca reflectirão de uma forma perfeita o que Landing mostrou ao público que assistiu ao espetáculo, mas transmitem alguma da sua essência.

Numa parceria entre o Balleteatro, o Centro Cultural  Vila Flor e o Teatro Nacional São João, Né Barros volta a a dirigir e coreografar a peça que levou, o ano passado, ao Teatro Camões, em Lisboa. A partir de dois poemas de William Blake (A War Song to Englishmen e A Divine Image), Gabriela Vaz-Pinheiro, encenadora, procurou uma sequência de 500 imagens que transmitisse esta ideia.

Assim, onze bailarinos dão vida a uma performance que regista a queda e o seu impacto, mas que resistem à mesma, levantando-se de cada vez que caem para continuar a construir uma história. Uma história marcada pelo combate “corpo a corpo entre o céu e o inferno, a guerra e a paz, o prazer e a dor, a compaixão e a barbárie“.

Os intérpretes, numa actuação marcada pelo stop e pelo recomeço, pela suavidade e pela “brutalidade”, servem-se das t-shirts como arma de luta, empurram-se mutuamente, beijam-se… Eles construem um diálogo entre si que nos relembra algo que todos já tivemos, mas que, com o passar do tempo, muitos foram perdendo: a rebelião.

Este sentimento de rebeldia e não-aceitação das normas, muitas vezes iminente nos versos de William Blake que saiam da boca de uma das bailarinas, mostrou, durante todo o espetáculo, “o que um corpo colectivo em movimento se permite ainda alcançar na procura de um lugar de combate, na procura de um lugar onde haja espaço, na procura da liberdade.

 

Fica no Singelo – Sagração

«Costumes que exprimem a alma. A nossa, a de agora e a de um outro tempo. Um tempo-terreno vinculado aos ciclos da natureza, circular e mutante. Nos rituais, nas celebrações, nas vozes, nas histórias, no trabalho… Tudo envolve o corpo, a dança e a música. Do vazio ao Amor.»

É deste modo que a coreógrafa Clara Andermatt define o seu Fica no Singelo, espetáculo que o Teatro Nacional São João (TNSJ) acolheu nas noites de 6 e 7 de junho no quadro do Dancem! 2014.

Sagração da natureza, do ciclo das estações, calendário biológico e astronómico dos trabalhos e dos dias, do Homem. Mas igualmente consagração desses através da música e da dança, e isso num sincretismo, numa fusão que esbata hierarquias, géneros, culturas e causalidades na constante revolução dos seres, dos bailarinos. No pó da eira, a comunidade dançante desenha a Via Láctea, ou nela esta se reflete.

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