Cultura

MILHÕES DE FESTA: PUNK AQUÁTICO E ELASTICIDADE NÓRDICA EM DESTAQUE

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A tarde começou com tranquilidade. Com a abertura do Palco Piscina, muitos festivaleiros aproveitaram para refrescar o corpo e recuperar energias. Cacilhas e Mirrored Lips estrearam o palco, num momento em que as pessoas começavam a concentrar-se na piscina. A dupla espanhola Grabba Grabba Tape derreteu ao sol e deu um mergulho, passando o testemunho a DJ K-sets. Com o seu uniforme de controlador ferroviário, K-sets quebrou as regras e trocou de lugar com o público para passar a espetador do seu próprio espetáculo.

Entretanto já havia sido anunciada a localização do Palco Cidade. O ponto de encontro ficou marcado para as 16h, na Torre de Menagem, e recebeu The Evil Usses. O quarteto inglês, flutuando entre jazz e rock, animava o centro da cidade, enquanto a professora Lisete Santos recuperava o equilíbrio entre corpo e mente no Palco Taina. À estreia dos workshops Suna Yoga, seguiu-se uma tarde ruidosa no Taina, com Decibélicas a abrir a onda punk experimental. Os instrumentos eletrónicos de Phantom Lips evadiram o público, fazendo da sua performance um encontro participativo e improvisado entre corpos e instrumentos artesanais. E, a tornar tudo mais intenso, Sereias subiram ao palco e aqueceram o público. Com toda a rebeldia aquática, não seria de admirar se o Taina ficasse sem cobertura, dada a escalada frenética de energia.

A noite seguiu com Krake Ensemble, projeto de Pedro Oliveira, mas foi na abertura do Palco Lovers que se fixaram as atenções. A proposta previa cruzamentos entre pop, rock e eletrónica e foi isso que aconteceu. Num encontro entre Primeira Dama e Lena d’Água, os dois sobem ao palco com a unificadora Banda Xita – coletivo Xita Records – para quebrar com a tradição e dar nova roupagem à linguagem de ambos artistas. Com a chegada dos nórdicos Circle ao Palco Milhões, o público deixou-se levar pela multiplicidade de estímulos musicais e performáticos a acontecer em palco. A sinistralidade do estilo e a flexibilidade de Janne Westerlund – no teclado – revelaram a maturidade de um coletivo que sabe conquistar e elevar o público.

De seguida, a plateia pode apreciar Warmduscher no Lovers. A figura de Clams Baker Jr. animava o festival enquanto no Palco Milhões se ultimavam os preparativos para a experiência expansiva e sensorial de Squarepusher. O artista britânico abanou com a cidade de Barcelos e atrofiou a plateia com tudo o que estava a acontecer em palco. A música digital levada à brutalidade cósmica e combinada com o esquema visual convulso fez desta performance um extravasar dos limites audiovisuais e, até, o corpo do próprio Tom Jenkinson se tornou parte do código visual lançado ao público. Ritmo alucinante e pixelização frenética encerraram o Palco Milhões e a noite seguiu no Lovers, com a fúria luso-caboverdiana de Scúru Fitchádu. O fecho foi dado por Dj Lynce.

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