Cultura

MILHÕES DE FESTA: A DESCONSTRUÇÃO CONTINUA

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Começou no Palco Taina o terceiro dia do festival. Eduardo Morais fazia-se ouvir no recinto num início de tarde calmo. A abertura do Palco Piscina contou com Kink Gong. O produtor francês tem por base, nas suas criações, a desconstrução de sons vindos de África e do sudoeste asiático. Nas suas misturas, Laurent Jeanneau anula qualquer vinculo à cultura western, e apresenta de forma única gravações de outras músicas tradicionais. Na piscina, criou uma paisagem sonora espiritual além-fronteiras, tudo enquanto os festivaleiros davam os primeiros passos em direção à piscina. No seguimento, foi Gonçalo quem acompanhou os mergulhos dos festivaleiros.

Por esta hora, no Palco Taina os festivaleiros preparavam-se para mais uma sessão de Suna Yoga, e, no Palco Cidade – coreto do Campo 5 de Outubro -, Vaiapraia e as Rainhas do Baile entoaram cidade fora. Rodrigo Vaiapraia surpreendeu as pessoas da cidade que por lá passavam com olhares curiosos. Uma performance barulhenta que animou o público e pôs à prova as tradições da cidade.

Voltando à piscina, o público recebeu com entusiasmo o projeto de Natalie Sharp – Body Vice. Inspirado na instrumentalização do corpo enquanto dispositivo sonoro, o projeto converge numa combinação de figurinos intensos, movimentações avulsas e muito ruído. Uma experiência sensorial que teve, no geral, uma boa apreensão da parte do público. O ato performativo acabou com os três elementos do projeto distribuídos pelo espaço, com painéis refletores, numa experimentação expansiva que impressionou quem lá estava. A piscina encerrou com Afrodeutsche. A atuação sofreu de alguns problemas técnicos no início, mas nada abalou o poder das misturas da produtora britânica.

A noite começou com WWWATER. Charlotte Adigéry chegou da Bélgica para abrir o Palco Milhões e penetrar o público com a intensidade da sua voz . Numa performance envolvente, o synth-pop chegou ao Milhões para reforçar a divergência de estilos musicais. No alinhamento, Gazelle Twin abriu o Palco Lovers para apresentar Pastoral – álbum a sair no fim do mês. A artista inglesa envolveu o público em crescendo e, pelo final, já toda a gente se movimentava ao som dos seus idílicos vocalizos. O festival seguiu com o jazz de Nubya Garcia, numa apresentação intensa da inglesa, que começou por explicar o quão feliz estava por subir ao palco depois de um atraso de quatro horas no seu voo. A amabilidade da artista conquistou o público, mas foram as composições que tornaram o concerto num momento incontornável do festival. O saxofone empolgava o público, deixando soar os versos quentes dos seus solos, culminando em aplausos de reconhecimento.

A noite seguiu com registos mais pesados. As espanholas Bala libertaram toda a fúria em palco, numa performance de resistência ao ritmo industrial dos espaços urbanos e ao tédio juvenil da geração atual. O Palco Lovers deixava-se incendiar com esta dádiva da Catalunha, num espetáculo que preparou o público para os tão aguardados Electric Wizard. Com bastante poder simbólico – referências visuais a uma estética obscura e ritualística -, a performance da banda inglesa no Palco Milhões acentuou o ambiente decadentista, progredindo para uma experiência audiovisual trippy que se fez sentir na plateia.

O festival seguiu com The Bug feat Miss Red, combinação que fez mexer o público. A MC israelita provocava o público enquanto Kevin Martin fazia vibrar todo o recinto. O terceiro dia do festival terminou com Dj Paypal, cumprindo, assim, o alinhamento proposto.

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