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Cultura

ÁLVARO COSTA: “O MEU TEMPO É AGORA”

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Está sentado no café perto de casa onde passa tardes, na Foz. Lê uma revista com David Bowie na capa, enquanto tira notas no caderno marcado com o nome do ídolo que entrevistou quatro vezes e viu ao vivo seis. Vai apresentar uma exposição de fotografias do músico daí a dois dias. Traz ainda um livro com as letras dos Beatles na mala – “lê-las é uma experiência completamente diferente”. Em casa, tem mais três mil.

Com 59 anos, Álvaro Costa consegue relatar histórias que dariam para acompanhar os cem mil quilómetros que percorreu debaixo do “big sky” americano, mas garante que não ficou no passado. Diz-me que esse tempo é bom para visitar durante cinco minutos, apesar de o termos explorado durante mais de uma hora. Contudo, o passado, presente e futuro não existem nesta conversa; só na música de outros tempos que vai passando no café ou no telemóvel que se ilumina de minuto a minuto e que Álvaro ignora. O tempo não existe; o tempo de Álvaro Costa é agora. Daí o conselho que deixa aos jovens de agora: “go nuts. Go fucking nuts”.

Disse numa entrevista que adora a ideia do serviço social. A cultura deve ser um serviço?

A cultura é, acima de tudo, aquilo de que nós gostamos e aquilo que nós sentimos. Cultura é uma expressão muito vaga que nós confundimos com o ir à performance, e isso isola-a da nossa vida diária. A cultura é aquilo que nos define como pessoas, aquilo que nos movimenta; acima de tudo, é uma atitude. Eu vejo-a mais nesse sentido.

Ainda há a ideia de que a cultura não é para todos?

Quando falamos em cultura, falamos em qualquer coisa que parece chata, não é? Um gajo tem que ir ao museu ou tem que ir ao teatro ganhar a medalha pelo esforço. Acho que é a ideia do que é cultura que está errada. Nós pensamos que cultura é ir ao espetáculo ou ir à ópera e temos aquelas noções do que é high e low culture: eu sou um gajo capaz de ir a uma cidade de manhã por causa de uma exposição que me interesse – por exemplo, este ano, interessa-me a do Basquiat – como fui capaz de ir ver o Chelsea-Porto ou de ir a San Diego ver os U2. Dá-me na cabeça, percebes?

O interesse político na cultura é a evolução natural de uma vida dedicada à música?

Eu sempre fui político. Tenho um curso universitário, sempre viajei, sempre li. Não é nada de novo. [Ser vereador suplente de Rui Moreira] surgiu porque fui convidado, gosto da pessoa e aceitei. Eu não sou partidocrata, tenho ideias mais no sentido da pólis – o sentido global da política, que é no fundo o bairrismo, e o bairrismo não é errado em si, pois não? O bairrismo é a nossa paixão pelo que nos rodeia. O que se aplica mais é aquilo que oferecemos às pessoas e como o oferecemos, como detentores do poder político.

“Eu gosto mais de enfrentar as coisas quando o touro aparece. [A vereação] não é um desejo meu nem deixa de ser; se tiver que acontecer, estarei pronto”.

Na eventualidade de ser chamado por Rui Moreira para a vereação, o que quer fazer pelo Porto?

Gostava de dar bastante apoio aos movimentos e às bandas novas, com espaços onde pudessem ensaiar – só há um, que é o Stop. Seria isso. De resto, não acho que haja um problema a resolver pelos governos ou pelas autoridades mas pelas pessoas. As coisas existem, basta consultar folhetos culturais ou a internet. Tem é que haver uma opção pessoal, uma vontade em ir às coisas.

Por que razão não há essa vontade nas pessoas?

Porque têm outras coisas para fazer. E se calhar o dia-a-dia já é demasiado intenso, às vezes não há o espaço mental para determinadas coisas e a cultura não é prioridade. Depois há a questão mais complexa do preço dos espetáculos e do IVA e tudo o resto. Mas também há menos apetite por isso em relação aos meus tempos juvenis. Estamos noutra fase: há um tsunami de coisas a acontecer e a tua geração vive permanentemente num estado de excitação digital. Agora eu acho que ir a Serralves ou ao Teatro São João não pode ser considerado algo tão fundamental. Ir a uma exposição ou ir a um teatro ou a um cinema ou a um bailado tem que ser algo comum, não pode ser o acontecimento, o momento significante. Deve fazer parte do dia-a-dia das pessoas.

Já tem objetivos traçados?

Se um dia eu tiver uma posição, digamos, sólida, nessa área, vou ter ideias. Já as tenho, mas eu gosto mais de enfrentar as coisas quando o touro aparece. Não é um desejo meu nem deixa de ser; se tiver que acontecer, estarei pronto.

Agora recuando um pouco no tempo: como é que um estudante da Faculdade de Letras no Porto vai entrevistar estrelas de Hollywood?

A minha história é muito simples. Eu sempre tive muito interesse pelo conhecimento. A Gulbenkian tinha uma biblioteca itinerante que ia a Vila do Conde e alugava livros – é um serviço muito interessante. Estudei no liceu da Póvoa de Varzim e tive professores fabulosos. E sempre fui precoce… Talvez pela própria estatura da cidade, aquele lado Twin Peaks à beira-mar. Era muito isolada, não havia televisão, não havia excessos; havia sim aquela fome de que te falei há pouco. Entrei para a rádio em 1980 porque ganhava os passatempos todos. Comecei a viajar todos os verões muito para ganhar dinheiro – fui lava-pratos em muito sítio – e no intervalo estudava Letras. Isso deu-me uma bagagem do ponto de vista cultural e não só. E a minha carreira prosseguiu: tive o meu programa de videoclips, chamado Videopólis, e entretanto a RTP tinha um projeto chamado Europa TV, que era basicamente uma programação no canal 2 que colaborava com uma companhia de música chamada Music Box. Entretanto o projeto acabou e os responsáveis pelo lado português foram convidados a fazer um programa de música em português a partir de Londres. E eu fui. Está a fazer agora 30 anos. A partir daí estive três anos em Londres, estive na BBC, estive na Music Box e fiz imensas coisas, mas depois chateei-me de Londres e fui para os Estados Unidos, para Los Angeles.

“Quando cheguei de Los Angeles, em meados de 90, trazia toda uma série de experiências que cá eram fucking crazy”.

Apanhar sol?

Obviamente. E, na Inglaterra, todo o sistema de classes é muito fechado. Uma coisa que gosto na América é que they don’t care where you’re coming from, they care where you’re going to. E estive mais de três anos em Los Angeles, onde fui correspondente da Music Box – fui aos Grammys, fui aos Óscares, aos MTV Awards, e apanhei  (isto no início dos 90) uma grande transformação, apanhei o novo mundo digital, os canais por cabo, toda a estrutura mediática da época. Foi essa a história. Simplesmente eu estava preparado porque tinha a tal cultura, a tal estrutura para poder estar em Londres e depois em Los Angeles e fazer o meu caminho.

Seria mais fácil nos dias de hoje fazer o percurso que fez?

Por um lado, seria mais fácil porque vê lá como eu gravava: eu fazia uma hora, gravava em [ficheiro de áudio] dat, enviava pela companhia postal, que metia o dat no avião da sede em Los Angeles para a de Nova Iorque e dali para Lisboa, para ser depois transmitido. Tu hoje estás a gravar-me com o telemóvel. Não havia a facilidade de comunicação que temos hoje; tudo está mais centralizado e na altura o mundo digital estava ainda nos seus primeiros tempos.

Seria sequer possível fazer o seu percurso hoje?

Lá está. Por outro lado, o tipo de programas que eu fazia era o início de uma era que estava a despontar: eu vi os Nirvana em 91, na mesma noite vi os Pearl Jam, apanhei o Snoop Dogg, os NWA, o início da transformação do nosso mundo da música. Eu estive em Los Angeles mais de dez vezes, fiz 26 estados, mais de cem mil quilómetros. É um país que conheço profundamente. Respondendo à pergunta: sim e não. Sim porque a comunicação era mais lenta, mais santa, era material. O meu trabalho hoje seria diferente; na altura eu era muito mais mineiro da informação. Hoje, seria muito mais um GPS.

Um mero veículo da informação?

Lá está, porque tu tens acesso à mesma informação que eu tenho. Naquela altura, não tinhas; eu tinha uma vantagem porque eu recebia os textos, era o garante da informação. Agora seria mais um GPS porque dizia onde tinhas que ir buscar a informação que queres. A tua geração tem uma quantidade enorme de informação que não sabe processar e portanto a minha função é ajudar-vos e encaminhar-vos na informação.

Qual foi o ingrediente essencial?

Maluquice. Just being crazy. E paixão pela cultura americana. Sempre tive gosto pelo cinema em particular, pela música, pela história, pela organização política… Eu tenho o curso de Literatura Americana tirada na Faculdade de Letras [da Universidade do Porto]. Começou quando tinha uns 11, 12 anos e vi um western – aquelas imagens do espaço e do calor… A minha paixão pela América é muito forte. Podia ter dado para o torto. Mas, por exemplo, eu tive uma namorada no dia em que cheguei à América. Aconteceu. Lá está, o que é a vida? É o que te acontece e não aquilo que pensas que vai acontecer. Às vezes faço versões alternativas da minha vida nos EUA. Los Angeles marcou-me profundamente, deu-me conhecimento, contactos e uma ideia do showbiz que nunca teria aqui. Entrevistei os meus ídolos, um deles o Bowie; vi-o ao vivo, vi-o até na América, pessoalmente. O significante é ter conseguido sair de uma vila piscatória e chegar onde cheguei mas isto é também um jogo na vida, não tenho grande explicação para isto a não ser a minha maluquice e vontade de vencer e a minha consistência durante aquele choque cultural. Curioso, a última vez que vi David Bowie foi no cinema, onde ele fez um concerto para todo o mundo – até Portugal, acho eu. Ele fez isso numa altura em que estava convencido – e com razão – de que poderias ter uma carreira sem sair do sítio. Voltando ao assunto da cultura: há uma sacralização do local. Por que motivo é que um café, um cinema, um bar não podem ser uma banalidade? Apanhei isso em Los Angeles, nos anos 90: havia um bar-museu chamado Frida, um bar lésbico. Já agora, uma história: uma vez tive lá uns amigos que estavam à procura de entretenimento. Girls, you know? Então mandei-os para lá. Os gajos chegaram à porta e a porteira disse-lhes: “hello girls, come in!. Quando cheguei de Los Angeles, em meados de 90, trazia toda uma série de experiências que cá eram fucking crazy.

Seria mais fácil chegar longe no nicho que é o jornalismo musical há 30 anos ou agora, com a saturação do mercado e a debilidade financeira?

Antes os jornalistas e as marcas eram os garantes de informação, e ainda são. A diferença é que neste momento tens menos centralidade na comunicação. É mais difícil fazer triagem daquilo que é dito; quem é o árbitro do que é dito? Não há ninguém que mostre cartões amarelos ou vermelhos. Estamos num tempo em que todos têm e publicam opiniões, e as opiniões são statements. O que tu dizes provoca imediatamente uma maré de reações e contrarreações. A questão do agora é mais na parte económica: na internet, quem ganha dinheiro não somos nós; nós, comunicadores, somos o produto. A minha página está cheia de promoção de novas bandas, novos álbuns…Eu não ganho dinheiro com isso. Só estou interessado em promover e comunicar o meu trabalho e acima de tudo evitar o tal excesso de que falámos. Se eu cobrasse um euro a cada um… O universo que nós estamos a criar para os jovens comunicadores é cada vez mais complicado. Tu consegues fazê-lo, mas não consegues viver disso. És um culto do amador. A imprensa não é per se uma atividade económica que à partida seja tão rentável assim. Ela tem que ter sempre uma base financeira ou de poder político ou estadual. Continuamos com uma imprensa, apesar de tudo, fortíssima. Apesar do que o cangaia do Trump tenta fazer, o Times, o The Post resistem. E são caros. Têm bons jornalistas e a boa informação é cara. Lá está, tem que haver um mercado.

“O Facebook tribalizou a comunicação humana: ou és a favor ou contra, é sim ou não, certo ou errado, não há zonas cinzentas. Estamos numa fase em que – é incrível, mas é verdade – temos que ter cuidado com o que dizemos”.

É possível fazer carreira sem sair de Portugal?

Então não é? Têm é que ir à procura das oportunidades. Nem que seja criarem as vossas próprias plataformas, e mais tarde ou mais cedo pode dar certo. Havendo excesso de oferta, há também excesso de procura. Há provavelmente demasiados candidatos para a realidade que temos. Agora, não podem desistir, têm que ir à procura de oportunidades! Façam um artigo, mandem para o Jornal de Notícias. Não podem ficar à espera. E não podem, na minha opinião, perder de vista os órgãos de comunicação tradicionais. A tua geração acha que basta pôr uma coisa no Facebook e toca a andar. É preciso manter a noção de que os média tradicionais não morreram, só diminuíram – a rádio tinha mais importância há 30, 40 anos anos do que hoje, embora eu ache que enquanto houver carros há rádio. E como explicas o regresso do vinil? Não acho que seja só moda; esta geração começa a aperceber-se de que o digital é saturante.

Disse numa entrevista que o Liga dos Últimos nunca poderia acontecer agora, devido às redes sociais. A democratização da criação de conteúdos nestes novos meios de comunicação é um entrave à cultura popular ou uma nova oportunidade para ela?

O Liga dos Últimos era um programa que contava histórias baseadas no realismo mágico e também na experiência que eu tive de infância (o meu pai foi futebolista amador) e nas minhas origens – sou meio do Porto, meio de Trás os Montes. Aquilo não era um programa de futebol; era uma viagem pela excentricidade existencial do país. O Minho não é Trás-os-Montes, que não é as Beiras, e as Beiras não são o Algarve. Este programa refletia-os. [O programa] não seria possível hoje pela toxicidade do Facebook. O Facebook tribalizou a comunicação humana: ou és a favor ou contra, é sim ou não, certo ou errado, não há zonas cinzentas. O programa seria minado porque estamos numa fase em que – é incrível, mas é verdade – temos que ter cuidado com o que dizemos. Ao contrário do que diziam, não estávamos a gozar com as pessoas; nós não rimos de, rimos com. Os principais cromos que andavam para lá éramos nós próprios; porque aquilo foi pensado para ser contado como uma história – eu e o professor [Hernâni Gonçalves] ensaiávamos o que dizíamos. Era uma Volta a Portugal sem bicicleta.

Pela verdadeira cultura do país?

Não tenhas dúvidas. O minhoto bebe dois copos e é polícia sinaleiro, o alentejano dá-te a volta, o transmontano tem um feitio muito peculiar. Todos os programas tinham um cheiro diferente. Mas havia um aspeto que agora faz sentido para a tua geração: a televisão é a ciência do detalhe. A realização era muito jumpy, de planos curtos, sound bites (não deixávamos as pessoas falar muito tempo, porque quanto mais falavam mais delirante no mau sentido, cortámos muita coisa). E depois a banda sonora era o pop rock da época – Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs. Vamos ver isso ao contrário: nós não púnhamos o programa nos moldes de “olhem-me estes aqui!”. Havia uma paixão e um respeito perante a excentricidade existencial. Agora, se a banda sonora fosse mais popularucha e se a forma de montar o programa fosse tradicional…Eu penso que é um programa atual, por causa disto tudo. A Liga dos Últimos estreou em 2008, e dez anos depois há uma nova geração que o descobre. Muita gente me pergunta se volta. Pá, não, foi uma obra-prima, tá feito. E por isso resiste no tempo, está agora a passar na RTP Memória.

Chegámos ao Portugal 4.0?

Percebi a piada. Bem, o meu Portugal 3.0 não era tanto pelo digital, era porque tinha o programa de rádio e além do formato para televisão tinha também conteúdos digitais. 3.0 porque era toda uma ideia vertical. Mostrava literatura, pop cultura, high culture, low culture, uma seleção de conteúdos independentemente do seu tempo. Vê agora: estamos em 2018 e está a dar Simon & Garfunkel. O próximo vai chamar-se 4.7. Eu estou convencido de que, se me perguntares estas coisas dentro de dez anos, vais ver que esta realidade tendeu para o equilíbrio… Que não é voltar para trás. Eu não sou contra o digital, não é isso. Repara, eu estou a estudar Bowie em papel. Se eu chegar a casa e me apetecer, posso estar 24 horas a ouvir Bowie, posso ler todos os artigos que alguma vez saíram sobre ele. A questão é encontrarmos na internet capacidade de criar riqueza para existir. Com a tua idade, nem sequer tinha acesso a isto, quanto mais a reler tudo e a refundar a forma de receber a informação. A internet é como uma loja de guloseimas e há doces a mais. Tu abres o teu computador e é tipo: “para onde é que eu vou agora?”. Vou contar uma história: há uns anos, começaram a aparecer as parabólicas. Em Vila do Conde, onde vivia, havia treze canais: já havia canal de filmes, canais da Turner, e ainda havia um porno. E o padre só falava desse. E eu perguntei: “mas não há mais para ver?”. Agora também tens 700 canais e não te interessa quase nenhum!

Adotar o digital não significa abandonar o analógico, é isso?

Eu sou um gajo do papel. Ainda agora estou a ler as letras dos Beatles enquanto os ouço. Há coisas que têm de ser lidas, não pode ser tudo no mundo digital. Por outro lado, tenho programas digitais, tenho os AC moments, que são pequenas declarações gravadas pela [filha] Francisca. Eu não vivo em 1978. Já lá vivi. Procuro aproveitar o conhecimento do que já vivi porque os meus melhores tempos estão para vir. Sou melhor profissional do que era há 20 anos. Se estive em Londres? Estive. Em Los Angeles? Estive. Agora tenho isso tudo na bagagem e quero andar para a frente. E a tecnologia está a refazer o passado. O Jorge Luís Borges dizia que o passado é feito pelo futuro. Nós olhamos para determinadas coisas como algo que achamos fundamental e incrível, mas que no seu tempo ninguém queria saber. O Nick Drake, no seu tempo, vendeu uns cinco discos. A sua importância foi-lhe dada no futuro. Muitos eventos que aconteceram há anos são transformados por aquilo que tu sabes deles. Eu não olho para trás. Nunca entrei naquela onda de “no meu tempo é que era”. O meu tempo é agora. Que dia é hoje? 19, não é? O meu tempo é 19 de outubro de 2018. É hoje. Olha, é um bom título. O meu tempo é o que está para vir.

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