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RASGADOS DE KURT VILE FAZEM A NOITE NO HARD CLUB

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As 21h00 marcaram a abertura das portas do Hard Club, o segundo destino da passagem da tour “Bottle It In” de Kurt Vile and The Violators por Portugal. No entanto, só cerca de uma hora mais tarde é que houve sala lotada para ouvir o ex-membro dos The War on Drugs. Vile, que pisou o palco pelas 22h30, tocou até pouco depois da meia noite.

Na sala praticamente vazia, Aaron, de fino na mão, olhava o palco recheado de instrumentos. Natural de Nova Jérsia, veio ao Porto para visitar família: “sou fã de longa data, já vi Kurt Vile várias vezes ao vivo e calhou bem poder vê-lo cá também”. Relativamente ao novo álbum, Aaron mostra-se entusiasmado: “[Bottle It In] é excelente, há uma contínua progressão. Ele é um dos grandes recording artists do nosso tempo.” O disco de 2018 foi editado pela Matador Records e contou com a ajuda de nomes como Courtney Barnett, Kim Gordon e Cass McCombs.

Como Aaron, um casal londrino contou ao JUP o que os tinha trazido ao ex-Mercado Ferreira Borges: “viemos passar o fim de semana pelo Porto e vimos um póster do concerto numa loja que nos cativou. O local é bastante intimista e já ouvimos falar da sua boa acústica”. Já sobre Bottle It In: “não o compreendi à primeira. Tenho vindo a ouvi-lo mais vezes e agora soa-me fantástico. É daqueles álbuns que se aprende a gostar”.

A primeira parte do concerto, que começou às 21h30, foi assegurada por Mary Lattimore. Numa sala a meio gás, as melodias desconexas da harpista não conquistaram o público, que aplaudiu os mínimos oficiais.

Pelas 22h30, foi a vez de os The Violators – Jesse Trbovich, Rob Laakso e Kyle Spence – entrarem em palco juntamente com Kurt Vile.

Vile surge timidamente de vans vermelhas garridas na negrura da sala e, entre um emaranhado de caracóis, cumprimenta o público com o acanhamento infantil que lhe é típico.

A setlist é semelhante à do concerto em Lisboa, do dia anterior: aos acordes de “Loading Zones” segue-se a obra prima do álbum – “Bassackwards”. O público adere à vibração folk-psicadélica da música e Vile sorri, sentindo a dedicação dos portugueses (e não só).

Seguiram-se “Hysteria” e “Goldtone”, ambos com frenéticos solos de guitarra a honrar o garage-rock de Filadélfia, cidade-mãe do músico de 38 anos.

Numa viragem rápida, somos enlaçados num ambiente folk com os temas “Cold Was The Wind e “Runner Ups”, este último em que Kurt Vile toca sozinho, de guitarra acústica e harmónica. Lembrando vagamente o Dylan da era “Freewheelin”, Vile presenteou o Hard Club com uma performance minimalista, mas genial, de guitarra acústica e voz. “Guys, I love you, thanks a lot” – responde com emoção aos aplausos vigorosos da plateia.

O resto é mais do mesmo. Singles do novo álbum (como “Check Baby” ou “Skinny Mini”), mas também temas antigos como “Wild Imagination”.

O encore, como já era esperado, começou com o hino “Pretty Pimpin”, que teve como resposta um público extasiado. Já Vile estava agora com má cara, quase “despachando” a música, provavelmente por saturação da “mainstreamização” do single. O concerto terminou com “Peeping Tomboy”, com Kurt Vile novamente a solo de guitarra, despedindo-se com emoção.

À saída, o JUP conversou com Luís, que veio de Braga e que vincou consistência do concerto, embora oriente a preferência para o álbum anterior: “apesar de a primeira parte ter demorado a arrancar, as expectativas foram correspondidas”.

Neste concerto, Kurt Vile deu a provar um indie-rock desfocado, despreocupado e sem pretensiosismos, só seu. Uns riffs e uns hiatos folk a solo chegaram para fazer a festa de que “Bassackwards” é mote.

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