Cultura
A ODISSEIA DIABO NA CRUZ QUE FEZ TREMER O COLISEU
Após dois anos sem concertos, a expectativa do público parecia incomensurável, a medir pela excitação da plateia. Mal Jorge Cruz e a banda pisaram o palco, ninguém parou até baterem as 00h00 do dia seguinte.
Lebre foi totalmente percorrido e, como já era esperado, “Forte” foi o hino de abertura, recolhendo um público a cantar em uníssono e a aplaudir com igual intensidade. Seguiu-se uma “Procissão” e um “Roque da Casa” com igual adesão e consistência.
Entre “200 Mil Horas” e “Ganhar o Dia”, houve tempo para uma percussão vibrante dos irmãos Pinheiro e um solo de braguesa do portuense Sérgio Pires (instrumentos que se destacaram várias outras vezes durante o concerto).
Seguido de “Dona Ligeirinha” e “Os Loucos Estão Certos”, temas antigos de Virou! (2009), veio, sentidamente, “Terra Natal” e “Siga, A Rusga” (2012), não fosse a audiência ter tempo para descansar de tantos pulos e palmas.
As luzes vermelhas marcaram “Terra Ardida”, procedida de “Malhão 3.0” e “Lenga Lenga”, um cover dos Gaiteiros de Lisboa já habitual noutros concertos.
Depois foi “Vida de Estrada” e “Montanha-Mãe”, regressando às sonoridades de Lebre, sendo que o concerto “terminou” com “Portugal”, última faixa do álbum.
Aplausos vigorosos e assobios do público extasiado pediram um encore à medida. E claro, os Diabo deram. Foi tempo de ouvir “Luzia”, de rodar as “Saias”, de cantar “Chegaram os Santos” e de nos emocionarmos com “Balada” e “Fronteira”.
“Ó ai meu bem, ó i ó ai”, cantava o público, acompanhando um “ai é tão lindo” que pôs Jorge Cruz e banda emocionados com a dedicação do público da Invicta. Até um comboio houve num “Corridinho”, que não foi de verão mas foi inverno e que aqueceu o Coliseu na noite de chuva de 22 de novembro.
“E salta Diabo, e salta Diabo, olé, olé” gritava a audiência que depois de dois encores lá deixou os Diabo terminarem o concerto por volta da meia noite.
Mal as luzes se ligaram o público dispersou para a banca do merchandising e para marcar lugar na fila para os autógrafos no foyer do Coliseu.
Uma década de concertos ao vivo e cinco álbuns originais são prova da consistência do roque popular dos Diabo na Cruz. O Norte esteve em peso no Coliseu do Porto, numa noite em que se ouviram vários sotaques e se misturaram várias idades, caras e sentimentos. Lebre é uma consolidação de uma banda “com as vigas bem fundadas” nas raízes da música portuguesa.
As expectativas eram altas e foram altamente correspondidas. A festa foi do Diabo, sim senhor.