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Cultura

FUNK, DOPAMINA E HIDROMEL: O LIFESTYLE DE CONJUNTO CORONA

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Pelas 22h, KESO inicia a noite com o seu DJ Set. Lentamente, aos poucos, a sua energia contagiante consegue ganhar a atenção do público e colocar toda a gente a dançar.

Após várias tentativas por parte da equipa de som, lá conseguem tirar o DJ do palco. Sente-se a expetativa no ar, da legião de fãs que o grupo já conquistou e que espera ansiosamente a sua entrada em palco. Conjunto Corona já fizeram a apresentação do novo trabalho em Lisboa, dia 1 de dezembro. Este sábado, estão no Porto, com a sua “tribo”.

Ouvem-se as primeiras batidas de “187 no Bloco”. David Bruno e Logos aparecem no Hard Club, acompanhados do Homem do Robe e dum tremendo aplauso do público. O duo percorre Santa Rita Lifestyle de uma ponta à outra, acompanhados em grande parte por Kron Silva, o convidado principal. Convidados não faltam esta noite: para além de Kron, também surgem Minus, Fred&Barra e PZ.

“Perdido na Variante” e “Eu Não Bebo Coca Cola Eu Snifo” são músicas que a multidão presente na sala acompanha, sabendo cada sílaba e cada variação de tom. Na verdade, esta expressão é aplicável a todas as faixas tocadas neste concerto. “As Profecias” provoca uma enorme ovação. “Deus é grande, mas eu nunca o vejo. / Começamos por aqui, portanto, nós os homens / É que temos de resolver o problema.”

“Ipi ipi au ipi ou ipi ei” ecoa pelo Hard Club. Mal acaba a música homónima do álbum, David Bruno anuncia ao microfone “hidromeeeeel”. Os jovens entram num verdadeiro delírio místico, enquanto o Homem do Robe distribui hidromel – mesmo sem copos – ao som de “Funk & Dopamina”.

Seguem-se “Street Ganza no Jardim” e “Dalí Somali”. O Homem do Robe, a figura mítica que acompanha os Conjunto Corona, mantém a sua personagem do início ao fim, ondulando pelo palco aos soluços. David Bruno brinca “do the Homem do Robe dance”, antes de iniciar “Splash Bang Boom”.

Do público, ouve-se “metam a velhota”, em alusão a uma das faixas faladas, ao que Logos responde com “a tua prima”. Esta interação é constante ao longo do concerto, uma atitude comum ao Conjunto. David Bruno pede aos técnicos para apagarem as luzes para “Isto Não Pagas Com Part-Times Só”.

Após uma onda coletiva de “Porto, Porto” – para se juntar ao típico “Gondomar, Gondomar, Gondomar” – pergunta-se “já chega?”. Claro que não chega. “Pontapé nas Costas” cria um mosh – “nada menos que caos” – e crowd surfing do Homem do Robe, que acaba por cair ao regressar ao palco; a isto, Logos brinca “arrebentem com ele”, pedindo, de seguida, “barulho para o kampião” (em resposta,  este levanta o cinto, similar aos do wrestling, que traz vestido).

“A próxima música é ali para o jovem… estavas a pedir o quê?”. “Pacotes!”. Inicia-se, assim, a primeira de uma sequência de três músicas – “Pacotes”, “Chino no Olho” e “Mafiando Bairro Adentro” – em que se consegue a união total entre os músicos e o público. Afinal, “Conjunto Corona somos todos nós”. Antes de iniciar esta terceira música, David Bruno confidencia que “uma fã hoje estava chateada por eu não falar de Vila do Conde”, e, então, diz que vai dizer “Caxinas umas seis ou sete vezes nesta próxima música”. De facto, berra “Caxinas” uma panóplia de vezes, acabando com “já fiz as pazes com Vila do Conde”.

Em contagem decrescente para o fim desta apresentação do álbum, com uma energia nunca antes vista, tocam-se “Motel California” e “Bongo Bizarro”, intercaladas por uma brincadeira com um cartaz segurado por um rapaz no público.

“Muito obrigada por este momento. Foi a maior receção que o Porto já nos deu. Sinto-me o Salgueiros a jogar em casa.” / “São as profecias.” / “Até fiquei arrepiado na pele.” / “Vamos ali apanhar ar. Quem quiser mais músicas, manifeste-se.” / “Ide para casa, está frio filhos fo****!”. São este tipo de brincadeiras, conversas cruzadas e interações com o público que tornam os Corona únicos – aliados a um Homem do Robe a misturar-se com a plateia e a tirar fotografias.

“Pessoal, queremos pedir uma cena. Para quem acompanha os concertos há algum tempo, sabe que não costumo pedir muita coisa. Na música a seguir, partam esta me*** toda!”. Respondendo de bom grado ao pedido de Logos, os fãs do Conjunto na sala dão tudo na última música da noite, “187 no Bloco”.

Apesar do “frio”, o público não arreda pé. Tiram-se fotografias, convive-se, compram-se t-shirts ou as famosas raspadinhas “Super Pé-de-Meia & Chinelo”. É uma noite que deixará saudades a muitos. No caminho para casa, raspam-se as raspadinhas e dorme-se uma soneca no metro, como compensação para o facto de não se ter ganho qualquer prémio.

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