Cultura
EMMY CURL EM DESPEDIDA NO PASSOS MANUEL
Catarina Miranda, melhor conhecida como emmy Curl, nasceu em Vila Real, viveu em Aveiro e no Porto, onde esteve durante os últimos três anos. Agora, a artista procura novas experiências e influências em Copenhaga, para onde se muda já em janeiro do próximo ano.
Para se despedir, emmy trouxe a sua música e alguns convidados ao Passos Manuel.
Em conversa com o JUP, emmy Curl conta-nos que “queria experimentar viver fora do país, porque para escrever preciso de estímulo. Ou ia para Lisboa, para me rodear de artistas e pessoal criativa, ou ia para fora”, confessou a artista. Copenhaga, Amesterdão e Berlim eram as opções, mas a capital dinamarquesa foi a decisão final.
“As cidades são como vasos, se estás num vaso fértil, tu próprio também vais crescer mais fértil, com mais ideias. Às vezes tens de mudar”
Falando das razões por trás desta nova aventura, emmy conta que se vai mudar “porque já estou muito confortável, e preciso de sair disso para crescer e criar coisas novas”. Também, a posição geográfica do país não ajuda: “aqui é difícil teres uma carreira internacional porque estás numa ponta da Europa. Ou apanhas um avião todas as semanas, ou é complicado”. No Porto, uma das coisas que mais saudades vai deixar são as pessoas.
A viagem para Copenhaga é um bilhete de ida sem volta, conta emmy Curl: “Tudo na minha vida é um dia de cada vez, tenho planos a curto prazo”.
Entrando na conversa está o novo álbum da artista, a ser lançado em março do próximo ano: “É um álbum bifacetado. Numa parte é dedicado à Natureza e às nossas origens e a segunda parte é eletrónica e é inspirado pela noite do Porto, pela cidade. Tem algumas questões filosóficas do que é que será o futuro, também”.
Em seguimento ao álbum Cherry Luna, de 2013, este novo projeto mais virado para a música eletrónica (na sua segunda parte) é “mais sofisticado, mais melódico. A última parte do disco é super Porto”, confessa a artista.
Falando do conceito de “power solo”, que a artista pôs em prática neste concerto, esta afirma que “é a minha maneira de poder mostrar às pessoas o que é que é todo o meu processo de produção”.
Passavam já 30 minutos da hora quando emmy Curl subiu ao palco. “Estão à espera há muito tempo?”, foi a pergunta inicial da cantora, que recebeu um redondo “não” do público que ansiava a noite que se avizinhava. “Dreams Made This Boat” abriu o concerto, seguida de “Somehow, somewhere, someway”, um dos singles do próximo álbum. “Pisces” e “I Belong to This Purpose”, do álbum Cherry Luna, continuaram a encantar o Passos Manuel.
Apesar dalguns problemas técnicos (que se fizeram sentir ao longo de todo o concerto), o público deixava-se levar na música de emmy, que, em interação constante com o público (como já é costume), confessou que tinha uma “emoção escondida” que se foi desvendando ao longo do concerto.
Seguiu-se a homenagem a Zeca Afonso, com um cover do tema “Maio Maduro Maio”, que remonta aos tempos em que a artista vivia em Aveiro, cidade que viu o cantautor nascer. “Eurídice” seguiu e, ainda dentro do tema das homenagens, “Song of Origin”, canção dedicada a Vila Real, onde emmy Curl nasceu.
O público vibrava interiormente (e exteriormente, com gritos de apoio como “és linda!”) com a música da transmontana, deixando pairar uma onda da sua energia positiva e calmante. Em “Turn Off The Light”, tema do EP Origins lançado em 2012, tudo parecia correr bem, até mais um problema técnico ter deixado emmy Curl sem teclado, obrigando-a a cantar a cappella os pedaços finais da canção.
Sem se deixar desanimar pelos problemas técnicos de que foi vítima ao longo do concerto, emmy convida nesta altura ao palco o seu primeiro convidado, Carlos Lázaro. Juntos tocaram o tema “Nobody Else But You”, remontando aos seus tempos de companheirismo na cidade de Aveiro, onde se conheceram.
Em mais um momento de interação com o público (contando em grande número com amigos e família da artista, que se faziam ouvir) emmy afirmou que “talvez volte na primavera. Em Portugal faz bom tempo e o calor não é substituível”, dando espaço para um momento de reflexão sobre a sua viagem ao som de “Volto na Primavera”.
Seguiu-se “The Arrival”, em que a artista pediu ao público para ouvir esta canção com uma situação em mente: estar num barco, algures, e pensar na pessoa que nos vai receber e o que lhe vamos dizer.
Diogo Alves Pinto, melhor conhecido como Gobi Bear, subiu ao palco e interpretou em conjunto com emmy Curl o tema “Unloved”. “A depressão é como uma senhora que entra em casa e temos de lhe dar de beber porque se não ela não vai embora”: foi com estas palavras que a artista introduziu a música.
De seguida, emmy Curl regressou aos singles, com “De que é feito”, “As Visões Mais Belas”, “Dança da Lua e do Sol” e “Lembrar Cura”. Pelo meio houve ainda espaço para “Se Vieres Amanhã”, tema da banda Cordel e “Teimas Céticas”, com Eduardo Almeida em palco para a performance da canção.
Sentindo-se próximo o fim do concerto, emmy Curl faz uma última pausa para fazer uma “brincadeira” com o público. Do meio da escuridão do Passos Manuel apareceu uma caixa contendo papéis com mensagens. Alguns destes papéis tinham números neles, o que, segundo a artista, significava que quem os recebesse “estava cheio de sorte”. Tais números significavam que a pessoa com o papel poderia ficar com um artigo que emmy teria de deixar em Portugal antes de partir para terras dinamarquesas.
À medida que a caixa ia passando pelo público, ouviram-se os primeiros acordes de “Morning”, do álbum Navia.
Após uma breve despedida e sessão de agradecimentos, a transmontana voltou ao palco para tocar mais um single do novo álbum, “Meu Redor”, que teve ainda direito a uma participação de Eduardo Almeida ao piano.
Rodeada pelos seus convidados, amigos e família, emmy Curl despediu-se assim do Porto, afirmando que tem “um pé sempre em Portugal e a cantar em português… e há sempre Ryanairs!”.