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O SALGADO FAZ ANOS… FEST: A NOITE MAIS LONGA DO MAUS HÁBITOS

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As portas ainda não tinham aberto e já havia um grupo de pessoas à espera para entrar. Nota-se, logo por aí, como o Salgado Faz Anos… FEST já se transformou num evento de referência.

O relógio assinalou 21h30 e a festa começou. A sala de restauração transformada em Palco Super Bock contou com Paulo Cunha Martins a fornecer um DJ set inicial para quebrar o gelo. Os convidados entravam e vagueavam pelo espaço decorado a rigor.

Às 22h00, na Mupi Gallery do Maus Hábitos, o quarteto O Bom O Mau e o Azevedo foi o primeiro conjunto a atuar. As brincadeiras com a guitarra elétrica animaram os presentes e serviram de aperitivo para o resto do evento.

Às 22h15, as Decibélicas tomaram conta do Palco Super Bock. O punk de intervenção feminina pareceu bizarro, mas ao mesmo tempo captou a atenção do público.

No Palco Stockhausen, uma sala mais íntima e acolhedora, Julius Gabriel apresentou o seu solo de saxofone às 22h30 em ponto. O músico demonstrou uma manipulação singular da sonoridade do instrumento, alternando entre sons convencionais e experimentais.

Pouco tempo depois, é a vez do Palco O Salgado ser estreado por Chullage. O veterano do hip-hop levou o projeto “Pretu” ao Maus Hábitos e contou com a ajuda de Cachupa Psicadélica e Scúru Fitchádu. A mensagem de algumas músicas abordou a questão racial, o que teve particular impacto devido aos acontecimentos recentes registados no Bairro da Jamaica.

Os Palmiers seguiram-se no Palco Super Bock, por volta das 23h00. O rock com elementos de synthwave foi a característica principal do concerto e deixou a sua marca na audiência.

Voltando ao Palco Stockhausen, registou-se um imprevisto. O gajo que vem sempre… não veio. Um cancelamento de última hora alterou o horário e fez com que Talea Jacta atuassem mais cedo.

Por esta altura, o Palco O Salgado recebia os Sunflowers. O estilo musical foi pautado pelo garage surf, uma fusão intensa de sons que fez a sala entrar em erupção.

Os Krypto pisaram, pouco depois, o Palco Super Bock. O rock agressivo, em conjunto com os gritos arranhados do vocalista, rasgaram a sala e aumentaram a adrenalina do público.

Passava-se a marca da meia-noite, contudo a noite era uma criança. Aliás, só por volta dessa altura é que o Maus Hábitos começava a encher.

O Salgado FEST é um festival, mas na sua essência continua a ser uma festa de anos. O aniversariante podia ser visto, ao longo da noite, a conviver com vários dos presentes. Os artistas que acabavam de atuar aproveitavam para beber um copo e apreciar os espetáculos que se se seguiam.

Deambular pelo Maus Hábitos nessa noite é passar por uma autêntica montanha russa de música. A experiência sensorial inunda o público com energias e impressões distintas, e a única garantia é que há um pouco para todos.

Os espetáculos continuaram com Terebentina no Palco Stockhausen. Salgado considerou o conjunto um dos dignos descendentes dos Mão Morta e o espetáculo deixou poucas dúvidas. Ao mesmo tempo, os Sereias, outra banda de estilo idêntico, levaram o Palco Super Bock ao rubro.

Na mesma altura, os The Parkinsons começavam a atuar no Palco O Salgado. Os veteranos irreverentes do punk rock completavam o trio de concertos mais pesados da noite no palco principal.

Savage Ohms continuaram o espetáculo no Palco Stockhausen, perto das 01h00. A sonoridade do quarteto feminino parecia-se com a banda sonora de um sonho surreal, com traços orientais, o que fez desta uma das atuações mais peculiares do festival.

O Palco Super Bock recebeu, às 01h15, a dupla Greengo. Apenas com uma guitarra e uma bateria, o conjunto provou que tinha a mesma intensidade que o resto do alinhamento.

Os MEERA ficaram encarregues de encerrar o Palco O Salgado. A banda de três elementos trouxe pop e um toque de R&B para fazer o público dançar na sala de espetáculos do Maus Hábitos.

A dupla Lonz Dale’s Fantasy começou o seu concerto no Palco Stockhausen quando chegaram as 02h00. Um dos membros, Kenneth Stitt, estava a atuar pela segunda vez, uma vez que havia tocado anteriormente com os Sereias.

Por volta da mesma hora, os Solar Corona fizeram a derradeira atuação do Palco Super Bock. O conjunto trouxe rock psicadélico para o público do Maus Hábitos.

Por fim, às 03h00, os franceses Vive Les Cônes fecharam o Palco Stockhausen com música eletrónica. A sala transformou-se numa pista de dança que contou com trabalhos originais e remisturas de músicas populares.

Para os resistentes, o Salgado FEST teve ainda DJ sets para prolongar o evento. No Palco O Salgado estiveram Dias de Blanca (Nuno Dias e La Flama Blanca) e Lynce, enquanto Sérgio Hydalgo, Gin Party Soundsystem e BENT animaram o Palco Super Bock.

Passava das 06h00 quando a noite mais longa do Maus Hábitos terminou. Ao todo, realizaram-se mais de vinte concertos. A sétima edição do Salgado Faz Anos… FEST provou, de novo, que o quarto andar do edifício nº 178 da Rua de Passos Manuel oferece algo único à vida noturna do país.

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