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GUIMARÃES CONHECEU AS “MÚSICAS TRISTES” DE TALLEST MAN ON EARTH

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Eram 21h21 quando soou a campainha do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, sinalizando a abertura das portas. O espetáculo estava esgotado mas a enchente não foi imediata, nem se formaram filas muito grandes. Eram 21h40 e ainda havia pessoas a entrar na sala para assistir ao concerto que tinha hora de início marcada para as 21h30. Kristian Matsson, ou The Tallest Man on Earthacabou por só subir ao palco às 21h45.

Com uma presença em palco avassaladora, aliada a uma enorme humildade e a um talento ímpar, o one man show que o sueco proporcionou rapidamente conquistou o tímido público vimaranense. A timidez do público foi, aliás, tema de conversa durante todo o concerto. “You guys are so quiet and polite. I’m not used to it. But I like it”, disse, várias vezes, entre músicas.

Com as longas pausas que fez entre alguns dos seus temas, Kristian parecia estar a dar um espetáculo de stand- up. Até chegou a brincar com o reflexo das luzes na sua guitarra numa tentativa de ofuscar membros do público. O ponto alto dos monólogos do artista viveu-se quando passou dez minutos a dizer, ironicamente, que tudo o que ele faz é uma mentira. Isto porque uma das suas técnicas de guitarra lhe disse que ele se enganou numa música. Kristian levou a mal mas disfarçou com ironia: É a Ana [a técnica que o criticou] que escreve todas as músicas. Eu era só um pequeno ator sueco que vivia no campo a tentar entrar num filme, mas depois vi um anúncio que a Ana publicou e candidatei-me. Eu sou só um ator, é ela que escreve tudo. E escreve sobre as minhas relações, o que é estranho. E paga-me mal. Agora que sabem isto, se quiserem o dinheiro de volta…”. O devaneio do artista foi interrompido por um berro no público. “O quê? Queres o dinheiro de volta? Olha que a Ana precisa mesmo desse dinheiro. Ela gosta mesmo muito de carros”.

Fotografia: Gonçalo Inácio / JPN.

A boa disposição de The Tallest Man on Earth acabou por contagiar o público, que começou a bater palmas em compasso na música “Love is All”Mas nem aí o artista ficou satisfeito: “Por favor, não façam isso. A culpa não é vossa, vocês estão bem, a culpa é do baterista na minha cabeça. E do homem que está no meu polegar. Eles não gostam muito que o público bata palmas. Mas vocês são incríveis”, disse.

Em duas horas, Kristian foi aos êxitos “King of Spain” e “Time of the Blue”, mas também teve tempo para estrear uma faixa que vai estar no seu novo álbum, com saída prevista para abril. “Mas não contem a ninguém que toquei isto”, brincou.

Passados 90 minutos, o concerto chegava ao fim, com o sueco a dedicar “Dreamer” ao público vimaranense. Mas, claro, Kristian acabaria por voltar para um encore. Voltou com uma guitarra portuguesa nas mãos. “Isto era a única coisa que sobrava para eu tocar, a Ana partiu as outras guitarras todas”, disse em tom de brincadeira. Depois deu a explicação a sério: “Ofereceram-me isto ontem e eu apercebi-me que isto tem uma afinação que eu uso numa das minhas músicas”. Com isto, tocou a canção “Sagres”, de Dark Bird is Home, que tem como tema o tempo que o músico passou em Portugal.

Kristian seguiu depois para o piano e tocou o tema “The Winner Takes It All”, dos compatriotas ABBA, para surpresa dos presentes. Fechou o concerto, depois, com “Kids on the Run”, música que encerra o aclamado The Wild Hunt, disco de 2010Seguiu-se um longo aplauso em pé por parte de todos os presentes, com The Tallest Man on Earth parado em palco a observar. Acabou por sair a dançar a música que a organização do evento colocou após o fim do seu concerto.

Acabou assim, com um Centro Cultural Vila Flor extasiado, depois de concertos nas noites anteriores em Lisboa e Aveiro, o regresso de Kristian Matsson a Portugal.

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