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Cultura

ESCHER: O EQUILÍBRIO DESEQUILIBRADO ENTRE A CIÊNCIA E A ARTE

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Mark Valdhuisen – diretor da M.C. Escher Company – e Federico Guidiceandrea – especialista no artista holandês – são os curadores de uma exposição retrospetiva que conta com 135 obras, painéis biográficos e experiências interativas. A compilação da arte de Escher que os dois conceberam resulta de uma colaboração entre a empresa Arthemisia – organizadora de exposições – e a Fundação Escher, que, depois do sucesso da exposição em Lisboa, decidiu trazê-la para a cidade do Porto.

“Mão com esfera refletora”, “Olho”, “Três mundos”, “Casca” e “Laço de união” são algumas das célebres obras que podem ser vistas no Centro de Congressos da Alfândega até 28 de julho. Valdhuisen e Guidiceandrea mostram à cidade do Porto o percurso criativo do artista que, apaixonado por fórmulas aritméticas e geométricas, juntou a ciência à arte gráfica.

O segredo do estilo de Escher reside na sua afeição à arte da contemplação: o artista gráfico fazia um exercício minucioso de observação e transfigurava a realidade com elementos matemáticos. Por entre paradoxos e ilusões de ótica, o visionário construiu um reportório que ao mesmo tempo explora a forma e contesta a lógica. Escher desafiou o mundo a ampliar a sua capacidade imaginativa com a interpretação e contemplação do seu trabalho.

“Ciência, natureza, rigor, geometria, capacidade analítica e contemplativa fundem-se para dar lugar a uma perspetiva visionária, com múltiplas leituras e interpretações, numa obra cuja temática se relaciona em permanência com o conceito do impossível”, pode ler-se na brochura da exposição.

Desde as suas xilogravuras e litografias às famosas tesselações e jogos de padrões, é possível perder-se por corredores decorados com obras do artista holandês acompanhadas por painéis biográficos que contam o seu percurso artístico e influências. É atribuído, na fase inicial do percurso sugerido pela exposição, grande destaque às obras criadas em Itália, o destino idílico de Escher, onde descobriu a paixão pela observação e pelo retrato da natureza.

Nestes corredores é também feito um convite à participação em construções interativas, que permitem ao visitante compreender o mundo multidimensional e ilusório do artista. Existe uma sala de espelhos, uma sala de relatividade, um painel de ilusão de profundidade e uma câmara que replica a obra “Mão com esfera refletora” com a face do visitante.

A última parte da exposição – intitulada de EscherMania – foca-se no impacto que o artista teve no mundo da arte e da cultura pop, exibindo algumas obras influenciadas pelo seu estilo característico, repletas de referências a trabalhos seus. No final da exposição podem ser contempladas algumas das suas obras refletoras à luz ultravioleta, o arquétipo da sua ousadia na altura em que viveu.

Fotografia: Clara Guedes Teixeira.

Fotografia: Clara Guedes Teixeira.