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TER RAZÃO AJUDOU A ENTENDER MELHOR A RAZÃO

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A repetição da rotina diária pode muitas vezes tornar-se um problema quando surge um imprevisto. Nenhum dia é igual ao anterior, mas muitos são aqueles que pensam que será parecido.

No palco do Teatro Carlos Alberto (TeCA), todas as personagens tiveram a sua razão durante os oito dias em que estiveram em cena.

O escritor e encenador Ricardo Alves criou uma série de episódios que o relembram a sensação da “noite de núpcias”, metáfora que usa para justificar o mesmo tipo de satisfação que uma pessoa sente quando pensa ter razão. “Depois, é natural querer mais”, argumenta.

Os atores usavam diferentes métodos para pensar sobre a sua razão. O ator Jorge Pinto, que representava um engenheiro civil, referia-se à sua razão como a verdade exata; continha uma média de 1,33% de razão por ano. A atriz Teresa Arcanjo achava que “a repetição aprimora o desempenho de quem faz” e que o automatismo é a solução para chegar à perfeição e obter a razão. Sem existir a hipótese de erro.

“Seremos sempre aquele que tem razão, mesmo que a sua razão interrompa o fluxo natural das coisas”, afirmou em entrevista José Luís Ferreira, programador e produtor do espetáculo.

Os atores de “Ter Razão” apontaram o dedo a cada membro da plateia, retratando diferentes tipos de personalidades.  Uma personagem reagia distintamente e com graus de paciência diversos às situações banais do quotidiano, como a espera no trânsito. As mudanças de gostos durante o crescimento constituíram outro tema abordado na peça. Disso é exemplo a personagem interpretada por Ivo Bastos, que quando era criança não gostava de gatos e ao ter “o gato certo” passou a adorá-los.

“Ter Razão” foi uma peça de reflexão crítica que roubou 75 minutos de vida a cada espetador mas que lhes ofereceu muito mais tempo e material para pensar.

Fotografia: Fausto Silva.

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