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A CASA DE CAROLINA DESLANDES EMOCIONOU O COLISEU DO PORTO

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Com a plateia completamente cheia e entusiasmada para a ouvir, o concerto da cantora e compositora portuguesa foi mágico e acolhedor, como uma casa deve ser: o palco estava decorado com uma sala de estar aérea; por cima dos músicos e da artista, encontravam-se uma mesa e quatro cadeiras, uma estante, candeeiros, um quadro e um cadeirão que davam forma à “Casa” de Carolina Deslandes.

Foi um concerto repleto de emoções e momentos únicos que levaram o público ao rubro. A cantora levou à letra o nome do seu álbum e deu a conhecer ao público a sua casa, as suas gentes e a sua pessoa. Sem medos, sem vergonhas e com a maior sinceridade e naturalidade do mundo.

Casa para mim é família e amigos e não faria sentido eu abrir as portas da minha casa e não vos mostrar algumas das pessoas que fazem parte dela”, afirmou Carolina Deslandes. Rui Veloso foi o primeiro. O músico português subiu ao palco para cantar a música “Avião de Papel” e não poderia ter corrido melhor. Não só conquistou o público e recebeu um caloroso aplauso como conquistou Carolina. No final do tema deram um abraço e a cantora confessou ao público: “estão a ver quando abraçam aquela pessoa e ficam com o cheiro dela o resto do dia? Às vezes é mau. Mas quando é bom, é mesmo bom”.

A cantora não se ficou por aqui. Diogo Clemente, Jimmy P, Sara Ferreira, Irma Dali, Soraia Tavares e Diana Castro também subiram ao palco. As últimas três, denominadas como “três Beyoncés” por Carolina Deslandes, cantaram um tema a cappella com a cantora e deixaram o público sem palavras.

Como uma introdução a cada uma das músicas, Carolina Deslandes ia-se confessando aos fãs e contava experiências, episódios e momentos que viveu e que a inspiraram na criação do álbum. Partilhava a história por detrás de cada poema que forma a canção. 

“Nos Teus Olhos” é um tema inspirado num dos filhos da cantora, que partilha uma das muitas aprendizagens da vida materna: “engraçado como as crianças nos fazem perceber que muitas das vezes desperdiçamos tempo a explicar coisas que não são essenciais na vida”.

Por entre confissões e histórias, a cantora e compositora conta como foi a sua reação ao saber que iria marcar presença no Rock in Rio 2019, esta edição no Rio de Janeiro. Um amigo do casal, natural do Brasil, ligou a Carolina e disse: “você vem no Rock in Rio 2019” e a cantora confessa que a sua reação foi “meio Ronaldo, meio educado: uma metade era ‘SIM’ e a outra metade era manter a postura”.

Inicialmente, Carolina Deslandes não era muito confiante quanto a escrever temas em português e o seu companheiro, Diogo Clemente, foi um dos maiores impulsionadores para que a cantora fizesse o álbum. Muitas vezes ligamo-nos mais a pessoas que são parecidas connosco e que têm os mesmos gostos que nós, contudo, “pessoas que têm gostos diferentes, que gostam de coisas que nós ainda não gostamos, conhecem coisas coisas que nós ainda não conhecemos e fazem-nos descobrir a nós mesmos”, confessou a cantora. E isso aconteceu com Diogo e Carolina relativamente aos poemas em português escritos pela cantora: “Ele disse ‘anda lá’. E eu disse ‘estás tão apaixonado, coitado’”. A verdade é que hoje Carolina Deslandes anda a pisar os coliseus do país.

Carolina Deslandes no Coliseu do Porto. Fotografia por Catarina Lopes.

“Circo de Feras” é um dos temas que constam no álbum “Casa”. Várias foram as pessoas que questionaram a cantora por este não ser um tema originalmente seu. Carolina Deslandes explica que o fez porque é um tema que também faz parte da sua casa e da sua história. É uma homenagem aos Xutos e Pontapés porque foi num dos seus concertos que decidiu que queria ser artista.

Mais do que dar um concerto e interpretar temas, a cantora quis chegar até ao público, quis que ele conhecesse a sua casa e sentisse que também fazia parte dela. A cantora afirmou: “o que mais me orgulha enquanto artista é ser voz das vossas dores. E vocês pensarem: “esta música é para mim”. É conseguir expressar dores que muitas das vezes não conseguimos traduzir.

Não foi só o público a vibrar com a cantora, ela própria vibrou com o público: “às vezes gostava que estivessem do meu lado para verem a imagem que eu acabei de ter. Estou quase a dizer um palavrão”.

Várias mensagens foram passadas pela cantora que vão muito para além da música. São mensagens para vida. As mulheres elogiarem-se mais umas às outras e as idas ao teatro foram algumas delas.

A cantora terminou como tudo começou e despediu-se do público com o tema “Não é Verdade”.

A sala do Coliseu iluminada com as lanternas do público, o choro sincero de Carolina, os aplausos fortes e de admiração, os duetos, o arranjo a cappella e a cantora no meio do púbico foram alguns dos momentos que marcaram a vinda de Carolina Deslandes à cidade do Porto.

Um sentimento especial, uma ligação inexplicável entre a cantora e o público e momentos icónicos fazem também do Porto uma casa para Carolina Deslandes.

Carolina Deslandes no Coliseu do Porto. Fotografia por Catarina Lopes.

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