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JAMES: UM TEMPO EXTRAORDINÁRIO NA INVICTA

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A boa relação entre o público português e os James é notória. A banda é recebida sempre com energia, em Portugal.

A expetativa era, por isso, alta para a mais recente visita do conjunto britânico. O espetáculo prometia uma dinâmica fora do comum: o concerto principal seria precedido de um alinhamento acústico de meia-hora.

“Olá, somos a banda de apoio dos James”, brinca, desde logo, o vocalista Tim Booth. “Coming Home (Pt.2)” serve de ponto de partida para a primeira parte da atuação.

A familiar “Hello” segue-se e a recente “Broken by the Hurt” é identificada como “o nosso fado” pela banda. O violino e o violoncelo guiam o espetador por uma viagem emocional, complementada pela interpretação vocal de Tim.

Fotografia: Joana Nogueira

O quarto tema da noite vem com um pedido de silêncio. “É sobre um amigo que morreu de cancro. Normalmente, não consigo cantar, mas hoje vou fazê-lo”, revela Tim. É a introdução para a impactante “All I’m Saying”.

A chegada de “Sit Down” arranca grandes aplausos da audiência. O Coliseu do Porto cantou em uníssono a primeira das mais conhecidas a ser tocada.

“James. Fazemos batismos e funerais. Um pouco de tudo”, declara o vocalista. A primeira meia hora termina com “Pressure’s On” e “Just Like Fred Astaire”.

O público ovaciona a banda que se retira do palco. O alinhamento acústico tinha sido forte em emoções, mas a noite ainda era uma criança.

O intervalo permite aos presentes comprarem uma bebida e ficarem prontos para o espetáculo principal. A partir daqui, não haveria momento para respirar.

Pouco depois das 22h30, os James voltam a pisar o palco. “Gostaram da banda de abertura? Miseráveis”, diz Tim com humor.

Os acordes iniciais de “Heads” começam a soar pela sala. A música do novo disco deixa em evidência a intensidade característica dos James. Sem direito a pausa, “What’s It All About” é a seguinte, também do álbum mais recente.

“A próxima é para aqueles que perderam alguém”. A dedicatória introduz “Moving On”, num registo menos energético. De volta ao ritmo elevado, os James tocam um par já conhecido dos fãs – “Ring the Bells” e “Five-O”.

Fotografia: Joana Nogueira

Antes de o concerto continuar, Jim Glennie aproveita para agradecer, em português, aos fãs presentes no Coliseu do Porto e realça a importância da união entre todos. Tim Booth traduz para inglês: “we don’t want fucking Brexit”.

Depois de a opinião da banda ficar patente sobre a incerteza da terra natal, chega a vez de “Living In Extraordinary Times”. A música que dá nome ao disco e à digressão resume perfeitamente as temáticas do trabalho mais recente de James. Uma reflexão tanto externa e política como introspetiva.

“Born of Frustration” obtém uma grande reação da plateia. O clássico dos James continua a soar tão bem agora como em 1991.

A música que continua a atuação é “Moving Car”. Tim Booth revela que ia entrar no novo álbum, mas acabou por ficar de fora. “É maravilhosa, não se preocupem”. O vocalista não mentiu.

O álbum anterior, Girl at the End of the World, não é esquecido. “Attention”, uma peça que se apodera de qualquer sala, faz o mesmo ao Coliseu do Porto. Este crescendo musical é dos melhores momentos da noite.

Chega a vez da icónica “Laid”. O público sabe-a toda de cor. É um elemento que não pode faltar no concerto dos James e para se perceber a razão basta estar presente na sala.

“É a música mais sexy da noite. E vocês são a audiência mais sexy“, resume Tim. “Mas vocês são católicos. Onde está a diversão nisso?”, provoca. É só mais uma forma de comprovar o à vontade e boa disposição que os James têm em território português.

De regresso ao novo disco, “Picture of This Place” continua a testar a resistência dos presentes. A plateia mostra-se à altura e mantém a energia para “Getting Away With it (All Messed Up)”. De seguida, “uma música romântica” do álbum mais recente, “Leviathan”.

“Sound” é a escolhida para encerrar o alinhamento principal. A música prova ser a oportunidade perfeita para Andy Diagram mostrar toda a sua perícia no trompete. A certa altura, o artista aparece, de surpresa, nas bancadas do Coliseu do Porto. Percorre a sala de uma ponta a outra, cumprimentando fãs, enquanto não para de tocar.

Fotografia: Joana Nogueira

Os James abandonam o palco, de seguida. Claro está, não tinha chegado, verdadeiramente, o fim.

“Come Home”, a única grande referência que faltava, começa a ser tocada, para rejúbilo do público. O encore continua com “Many Faces” e, segundo o alinhamento que constava no palco, este era o fim. Exceto o facto de não ser.

Indo além do guião, “Tomorrow” é a música derradeira da noite. Ao todo, foram mais de duas horas e meia de concerto. Um espetáculo energético, variado e sempre bem executado. Com visitas extraordinárias como esta, percebe-se o porquê de Portugal acolher os James de braços abertos.

Fotografia: Joana Nogueira

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