Cultura

QUATRO TUGAS, TRÊS FESTIVAIS E UMA MISTURA ELETRÓNICA

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A seleção feita pelo Festival de Cinema de Tampere deu início a mais um dia de Curtas. A Finlândia acordou o público com Rainha de Estilhaços, Chanson du Soleil, My Baby Don’t Love Me e Kyrkogårdsö.

Campus Festivals traz a Vila do Conde programadores dos festivais de Roterdão, Cannes e Berlinale. Numa conversa animada com Peter Van Hoof (Roterdão), Fabien Gaffez (Cannes) e Anna Henckel-Donnersmarck (Berlinale), trocaram-se perguntas, respostas, conselhos e histórias sobre o processo de seleção dos festivais.  Os programadores falaram da necessidade que sentem de “assegurar que cada filme encontra a sua casa”, no entanto, garantem que “cada festival tem uma identidade forte e outro pode receber melhor o trabalho em questão” enquanto reforçam o seu desejo de “fazer com que o maior número possível de curtas encontre o seu espaço”. Quando questionados acerca do que é realmente uma curta-metragem, as respostas divergem mas a conclusão de que “é difícil definir” é igual para todos e Anna consegue arrancar alguns sorrisos à audiência com uma analogia “se uma longa-metragem é um romance, isso não significa que uma curta-metragem seja uma short story, uma curta-metragem é um poema. Não se trata simplesmente de um filme mais pequeno, tem linguagem própria, quem vê sente-a.”.

O aumento do número de entradas não tem preocupado a organização dos festivais, mas todos admitem que não passa despercebida. “Recebemos muitos vídeos de férias, é cada vez mais fácil fazer filmes e isso nota-se. As entradas dispararam. Mas, números maiores, por norma, significam mais porcaria.” admitem, entre gargalhadas. A diversidade é um dos fatores a ter em conta na seleção de filmes, mas não prende nenhum dos programadores “procuramos filmes que toquem a audiência” “e que também a choquem” “Começamos por escolher os melhores e, no final, se for necessário, preenchemos as falhas” “Nós queremos tudo. Não há números fixos, nacionalidades, géneros, depende dos filmes. Não olhamos para o que vem na imprensa ou qualquer outro fator, olhamos para o filme na tela, a diversidade tende a surgir de forma natural.”.

A luta por um lugar para as curtas nos grandes festivais está patente em tudo o que fazem “é difícil para as curtas sobreviverem em Cannes. Tentamos acompanha-los, não queremos só exibir os filmes deles e pronto, queremos dar-lhes tempo com realizadores e produtores, criar uma boa atmosfera. Acreditamos nos filmes que escolhemos e queremos estar com eles para lá de Cannes.” “Nós queremos o circo para os realizadores, a passadeira vermelha, as câmaras e as luzes, mas dentro somos uma família, recebemo-los no festival, garantimos que estão relaxados, para muitos deles é a primeira vez que têm um público desta dimensão”.

Cada um dos festivais é já uma marca estabelecida e campanhas de marketing e a venda de bilhetes não é o que preocupa a equipa envolvida: “O Berlinale é uma marca estabelecida. Não nos preocupamos com isso, política e a marca, estamos quase sempre esgotados, vender bilhetes não é um problema. Cannes também não encontra esses obstáculos, na Semana de Crítica somos voluntários, estamos lá pelos filmes, não há ninguém a tentar salvar um emprego. (…) Não nos preocupamos com a marca ou o dinheiro, não há essa necessidade”.

É Peter Van Hoof que conclui uma sessão demasiado curta para tanta coisa que fica por dizer, contrariando o positivismo do encontro, aponta algumas preocupações para o futuro “Há muitas coisas que não são assim tão boas. Pergunto-me como sobreviverão os festivais com uma geração que prefere olhar para o pequeno ecrã de um telemóvel ou de um computador em vez de ir até à sala escura que nos é tão querida.”

A Competição Internacional repete-se e continua nas suas terceira, quarta e oitava sessões. Os cineastas portugueses concorrem com O Canto dos 4 Caminhos de Nuno Amorim e Os Sonâmbulos de Patrick Mendes. Jacinto Lucas Pires faz O Levantamento desta última sessão da Competição Nacional e é Miguel Clara Vasconcelos que recebe maior aprovação por O Triângulo Dourado.

Kelly Reichardt entra novamente em campo com River of Grass e Mariana Gaivão, Pedro Neves, Sérgio Ribeiro e Salomé Lamas sentam-se à conversa com os espectadores sobre as suas obras no primeiro Encontro com Realizadores.

No Solar, o público ouviu as misturas eletrónicas de Ghuna X, influenciadas pelas bandas sonoras dos filmes de Michelangelo Antonioni. Uma performance inserida na exposição que continua a habitar a galeria cinematográfica dedicada ao legado do cineasta italiano e por lá permanece até setembro.

O Curtas Vila do Conde estende-se até Domingo, dia em que os visitantes podem assistir aos filmes premiados.

 

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