Cultura

SEU JORGE TRAZ MÚSICA PARA CHURRASCO À INVICTA

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A Invicta foi a primeira paragem de Seu Jorge no regresso aos palcos portugueses. Com início marcado às 22 horas, o Coliseu encheu-se pouco a pouco para uma noite repleta de animação.

A música de fundo terminou, as luzes da sala apagaram-se e a euforia instalou-se no momento em que Seu Jorge subiu ao palco. Com a ajuda da banda, o cantor transportou o público portuense para o Rio de Janeiro, com um clássico da bossa nova, “Chega de Saudade”.   

Sentindo a receção calorosa do público, Seu Jorge começou a brincar com a situação e tirou a camisola que trazia vestida, acompanhado de assobios – mal sabia o Coliseu que a festa estava próxima. Ainda num tema que puxa o samba-funk, o músico carioca provou a sua capacidade multi-instrumentista, ao levantar uma flauta transversal do chão e, juntamente com o percussionista, começou uma roda de samba.   

Mas o momento festivo desfez-se logo, com o fundo vermelho e uma luz amarela concentrada em Seu Jorge. O cantor começou a proclamar um poema acerca da realidade do seu país e, mais precisamente, do Rio de Janeiro, estado brasileiro onde nasceu e cresceu. Com acordes da guitarra e algumas batidas de percussão, criou-se um momento mais intimista e de conexão entre o público e o músico. Mais uma vez, Seu Jorge mostrou que a sua performance musical não é a sua única capacidade artística.

Após ser aplaudido com elogios e assobios, chegou a hora do verdadeiro churrasco instalar-se no Coliseu do Porto. Com o tema “Carolina”, Seu Jorge arrancou sorrisos e muitos passos de dança. “Carol Carol Carol” chamou o cantor, com direito a resposta do público. A festa continuou com “Mina do Condomínio” e uma ronda de solos. No meio de tanta musicalidade, Seu Jorge não resistiu e abriu alguns botões da camisa – obtendo uma reação eufórica do público – e mostrou as suas habilidades de dança. Entretanto, o cantor saiu do palco, enquanto a percussão transbordava o Coliseu nas batidas típicas do MPB, mas rapidamente voltou para a sua flauta transversal.

Orgulhoso, Seu Jorge não deixou de apresentar, não só a banda, como a sua equipa inteira, agradecendo à produção e todos envolvidos no concerto. “Muito obrigado pela presença de todos vocês” disse o cantor, sem se esquecer de elogiar os fãs portugueses.

Já a meio do concerto, o cantor voltou a trazer animação à sala, com um dos temas mais conhecidos, “Amiga da minha mulher”, e brinca com a situação da música. “Que situação é essa né gente?” questionou o cantor, que decidiu contar a história, acompanhado de gargalhadas. “Aí eu pergunto, quem é essa aí? E ele, ela é amiga da minha mulher, ela tá de olho em ti” continuou. Estendendo este momento de conto de histórias, Seu Jorge introduziu o próximo tema, relembrando os tempos em que ainda vivia em Belford Roxo, município do Rio de Janeiro. Contou que dedicou a música à sua ex-mulher, na altura namorada. No meio da história de engate, elucidou também a realidade de viver num bairro carente, sem acesso a muitos recursos.

A banda saiu do palco e o concerto seguiu com temas acústicos, do álbum The Life Aquatic Studio Sessions. Este trabalho é um conjunto de músicas do cantor inglês David Bowie, gravadas em português, para a banda sonora do filme The Life Aquatic with Steve Zissou.

Conscientes de que o final do concerto se estava a aproximar, uma fã gritou “Vai no cabeleireiro!” referente à música “Burguesinha”, contribuindo para uma maior ansiedade do público nos temas de samba, a que estão mais familiarizados. Não era “Burguesinha”, mas foi de abanar o Coliseu. “Muito obrigado Porto!” disse Jorge antes de se retirar do palco para uma pausa. A banda também saiu, mas os aplausos continuaram. O público começou a bater os pés e a sala abanou. Foram cerca de um minuto e meio de euforia, júbilo, exaltação e palmas infinitas, até a música voltar a instalar-se no Coliseu do Porto.

Cientes de que a verdadeira farra estava por vir, a plateia levantou-se dos lugares, no momento em que Seu Jorge apresentou “Te Queria”. Antes de fechar a noite, o cantor ainda trouxe “Mais Que Nada”, uma das músicas mais emblemáticas do Bossa Nova, que não deixou de ser acompanhado, em coro, pelo público.

Com quase duas horas de concerto, “Burguesinha” encerrou a noite de uma maneira arrebatadora. Os últimos sentados não resistiram e também se juntaram à festa. No final do tema, o público não deixou de mostrar o seu contentamento e apreciação ao artista brasileiro pelo espetáculo a que tinham assistido. Carregado de felicidade, Seu Jorge e a banda dirigiram-se à frente do palco para agradecer o apoio e fizeram uma vénia. Supondo que este era o final da noite, os músicos surpreenderam o público com uma saída ao som de James Brown, com direito a passos de dança coreografados. O fim declarou-se no momento em que as luzes do Coliseu foram acesas.

Seu Jorge deixou a sua marca, mais uma vez, nesta sala que se incendiou com os seus ritmos vibrantes. Com um alinhamento diversificado e focado em vários momentos da sua carreira, o cantor brasileiro provou mais uma vez a sua elasticidade artística. 

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