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Cultura

BIENAL DE VENEZA ATÉ DIA 21 DE JULHO NA AVENIDA DOS ALIADOS

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Tudo começou quando o Comissário da Representação Oficial de Portugal na 14ª Exposição Internacional de Arquitetura, Pedro Campos Costa, convidou Mariana Pestana e os LIKEarchitects, juntamente com mais cinco duplas de arquitetos, a pensar no tema da habitação com o subtema relacionado com o “temporário”. Mariana Pestana e o grupo LIKEarchitects juntaram-se numa parceria com a Câmara do Porto e com três dos seus pelouros: Cultura, Habitação e Urbanismo. Até 21 de julho o grupo de arquitetos fará do rés-do-chão do número 66/68 da Avenida dos Aliados uma residência temporária, por forma a convidar à reflexão relativamente à habitação temporária.

Durante quatro semanas, o edifício, que dantes se tratava de um espaço cultural abandonado, será ocupado pelos arquitetos que têm em mãos um projeto: mais precisamente o “Homeland, News from Portugal”, um jornal que conta já com três edições e que pretende servir como um instrumento para a exposição crítica sobre a habitação. “Pretendemos interpelar as pessoas com diversos assuntos, fazer comparações com outras cidades, mostrar as coisas boas e más que estão a acontecer e acima de tudo pôr estes assuntos na ordem do dia. Assim, em vez de termos uma atitude passiva em relação a este assunto, estamos a tentar com este projeto procurar uma atitude mais ativa dos cidadãos para com a sua cidade.”, explicou Diogo Aguiar.

Até dia 21 de julho, este grupo pretende dar uma nova vida a um edifício desabitado, promovendo uma discussão sobre o futuro da cidade do Porto; futuro esse que girará em torno do conceito “temporário”. Contudo, este tema permitiu um abrir de portas para a reflexão de novas ideias. “O ‘temporário’ foi-nos lançado enquanto tema. Mas, desde então, temo-nos focado num termo ligeiramente diferente que é o ‘transitório’. O que observamos é que vivemos cada vez mais numa sociedade que vive em trânsito. Muitos de nós vivemos entre uma cidade e outra. Esta condição do ‘transitório’ é algo ao qual a arquitetura pode dar resposta. Uma das coisas que nós temos vindo a fazer junto do público que nos vem visitar é identificar modelos que existem ou já existiram e que dão resposta a um modo de viver um pouco mais transitório.”, explicou-nos Mariana.

Durante um período de tempo serão debatidos com os interessados quatro grandes temas: Edifícios Vazios – é o alojamento temporário a solução para a (re)ocupação?; Hotéis e Hostels – o impacto dos residentes temporários na vida de uma cidade; Habitação Social – quando as soluções temporárias se tornam permanentes; e Novos modelos para a habitação temporária.

Na tarde de 8 de Julho, Mariana e Diogo apresentaram aos interessados um documentário intitulado “Bye Bye Barcelona”, cujo enfoque incide nas consequências que o crescimento da indústria do turismo teve na cidade de Barcelona, Espanha. O documentário mostra a difícil convivência entre os barceloneses e os turistas que diariamente passam pela cidade. Relativamente ao futuro da cidade do Porto neste contexto, Diogo refere que “está tudo em aberto. Só depende não de nós, mas de todos nós.”

O grupo LIKEarchitects, sediado na cidade do Porto, é “conhecido pela sua natureza experimental, provocadora e inovadora”, de acordo a descrição na sua página oficial. O primeiro projeto em que os membros Diogo Aguiar e Teresa Otto (ambos membros e fundadores do grupo) estiveram envolvidos foi no de pensar numa forma de representar a barraca da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto na Queima das Fitas, ao qual ambos responderam, propondo uma barraca totalmente feita com caixas de plástico. “Foi um projeto que nos abriu algumas portas, deu-nos alguma visibilidade e permitiu-nos ver que havia outras formas de pensar a arquitetura, propondo espaços e soluções.” disse Diogo Aguiar ao JUP. Desde então o grupo tem-se envolvido em vários projetos de arquitetura temporária e não só.

Mariana Pestana é a editora no contexto deste projeto de representação portuguesa na Bienal de Veneza. Vive e trabalha, sobretudo área de curadoria em arquitetura, em Londres; é também fundadora de um coletivo de arquitetura de nome The Decorators. “Trabalhamos muito em espaços que estão a atravessar um período de transformação. O nosso trabalho é muito participativo e normalmente envolve a construção de estruturas efémeras e uma programação intensiva de eventos de coordenação ou colaboração com a comunidade local.” Um dos projetos mais conhecidos deste grupo é “Ridley’s”, que envolveu um restaurante temporário na zona este de Londres. Mariana dá também aulas de arquitetura no Chelsea College of Arts.

 

 

 

 

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