Cultura

SUMOL SUMMER FEST 2019: A ERICEIRA PEGOU NO TELEMÓVEL PARA ATENDER A YOUNG THUG

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O Sumol Summer Fest (SSF) não é o maior dos festivais portugueses, e, certamente, não terá das melhores famas. Apesar de celebrativo e focado no hip-hop português, todos os anos são os nomes internacionais que complementam e definem o sucesso da edição. O ano passado, Joey Bada$$ e Vic Mensa foram as grandes atrações; 2017 foi ano de Post Malone; este ano, não fugindo à norma, Young Thug e Brockhampton reclamaram para si a atenção.

Enquanto festival provido de campismo e com uma essência extremamente ligada ao mesmo, o SSF começou mesmo antes de arrancar oficialmente. A 4 de julho, quarta-feira, o Ericeira Camping já estava cheio, e, face à falta de concertos oficiais, a sangria barata, a litrosa e as colunas de mão foram as estrelas da noite – e prepararam bem a juventude para o que viria no dia seguinte.

Kappa Jotta em palco com a filha. Fotografia: Inês Moura Pinto.

Para os “madrugadores”, o primeiro dia “a sério” do festival começa cedo – às 15h00 – no palco Quicksilver, com a street art de Laro Lagosta, os DJ sets de Puro L, Earl e Slimcutz e o skate park, onde vários iam mostrando do que são capazes. Mas, por volta das 20h00, a grande maioria começa a dirigir-se para o palco principal, à espera de Kappa Jotta. O ligeiro atraso do português não incomodou a plateia, entretida pelo DJ Maskarilha e ansiosa pelo primeiro grande concerto do festival. Quando finalmente entra, Kappa Jotta é recebido calorosamente. Num dia que ficou excecionalmente marcado pela presença de convidados em palco, o rapper da linha C não foi exceção, e a ele rapidamente se juntaram Bad Tchicken e Amaro para o acompanhar em temas como “Tentação”, “Chama”, “DPDC” e “Off Set” – todos na ponta da língua dos jovens que os reconheciam logo à primeira batida. Mas a melhor convidada chegaria depois: tudo sorrisos e corações moles para Carminho – a filha de cinco anos de Kappa Jotta – que, ao colo do pai, o acompanhou em “Fala a Sério”, no momento mais quentinho e ternurento do dia.

Ninguém quis perder o concerto do rapper de Cascais; no final, de coração cheio mas estômago vazio, a plateia dirigiu-se, quase em massa, ora para o campismo, ora para a zona de restauração, restando para o duo americano THEY. pouco mais de um terço do público anterior. Não se esperava que aquecessem o ambiente, e, apesar de alguns momentos mais altos, os festivaleiros que regressavam ao palco principal já tinham a mente e os olhos postos no que se seguiria – o “OG” Sam the Kid (e convidados) e Young Thug.

De Chelas para a Ericeira

As expectativas estavam algo altas para aquele que era um dos concertos mais ansiados do dia. A carreira de Sam the Kid é longa e o número de concertos dados certamente também. Nesta edição do Sumol – o festival que mais celebra o hip-hop ‘tuga’ – o emcee pensou num conceito diferente: a apresentação na íntegra do seu último álbum, Mechelas, com direito à presença de todos os convidados que nele participaram. Mas o público parece não ter lido as letras pequeninas do cartaz e muitos foram apanhados de surpresa pelo tipo de concerto.

Apesar do seu sucesso contínuo, é inegável que o que os fãs mais gostam e querem de Sam the Kid são os hits antigos e a nostalgia que estes trazem. No fim de cada canção, os olhos do público – meio que estático – abriam na esperança de ouvir uma “Poetas de Karaoke” ou uma “1995-12-16”, e as expressões desiludidas surgiam quando começava um novo som do último projeto.

Gritava-se quando entrava um novo convidado em palco, mas poucos eram os que realmente conheciam as letras. Apesar de tentar puxar pela plateia, a sorte não estava do lado de Samuel Mira e companhia na noite de 5 de julho, quando até problemas de som obrigaram Blapsh e Phoenix RDC a começar os seus versos de novo.

O momento mais alto do concerto viria, precisamente, no fim, quando todos os convidados se juntaram ao emcee em palco para a conhecida “Sendo Assim”, que fez as delícias dos que ansiavam por algo diferente e, principalmente, das filas da frente, que acompanhavam cada palavra de cada verso.

O lifestyle de Thugga

Sendo que no Sumol não existem concertos sobrepostos, na pausa entre Sam the Kid e Young Thug todos os caminhos foram dar ao palco principal. Quando o seu DJ entrou em palco e começou a passar os maiores hits do hip-hop internacional do momento, o estado de espírito para o concerto do rapper de Atlanta estava marcado.

Foi curto, mas soube a tudo menos pouco. Não há nem um segundo para descansar com Young Thug e ele tem a perfeita noção disso. Com dezenas de projetos na sua discografia, o rapper planeou uma setlist especial, que manteve a plateia entusiasmada o concerto inteiro. Sem nunca pedir, até músicas mais calmas como “Relationship” ativavam o gene “mosh” nos festivaleiros, e vários eram os gritos “SLATT!” e “SLIME” vindos das filas de frente – muito apreciados pelo rapper.

Bangers como “With Them”, “Digits” e “Wyclef Jean” foram o gás da explosão que viria no fim do concerto com “pick up the phone”, “Lifestyle” e a recente “The London”. Pelo meio, e para um Thugga meio cansado das corridas em palco, meio abatido pelo Actavis a que ia recorrendo de vez em quando na mesa do DJ, houve espaço para uma mini homenagem ao falecido XXXTentacion, bastante sentida pelos fãs.

No final, e como já é hábito, os resistentes – ou menos conscientes – ficaram para o set de DJ Overule, que fechou a noite. A energia para o segundo dia estava garantida, e as expectativas para o grande e mais esperado nome do festival – Brockhampton – partiam a escala.

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