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Cultura

DA WEASEL: (RE)TRATAMENTO DE UM REGRESSO E REDEFINIÇÕES DO HIP-HOP

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Estamos em 1993. Nos Estados Unidos, o hip-hop ecoa nas rádios (este é o ano de “Nuthin But a G’Thang”, de Dr. Dre, ou ainda de “Check Yo Self”, de Ice Cube e DAS EFX). Por cá, ainda pouco se ouve – a não ser no underground. Os Da Weasel dão os primeiros passos. Originalmente formada por Carlos Nobre (Pacman durante os tempos da banda, Carlão a solo), João Nobre (Jay-Jay Neige, irmão de Pacman), Yen Sung e Armando Teixeira, a “Doninha” não revoluciona apenas a música e o hip-hop em Portugal (e, posteriormente, em português); ela influencia uma geração inteira e os apaixonados por este género de música. 26 anos depois da sua criação, o grupo mantém os fãs originais e continua a ganhar novos apoiantes.

Em 1994, os Da Weasel lançam o seu primeiro EP, More Than 30 Motherf***s, interpretado inteiramente em inglês e inspirado pelos sons de Public Enemy e The Disposable Heroes of Hiphoprisy. Segue-se, no ano seguinte, o primeiro LP. Dou-lhe com a Alma marca a entrada de dois membros, que permanecem até à pausa: Quaresma (guitarra) e Guilherme Silva (bateria).

Antes da edição do disco que definiu o ponto de viragem da banda – 3º Capítulo, em 1997 -, sai Yen Sung e entra o vocalista Virgul, que também viria a continuar no grupo até ao fim. 3º Capítulo mostra e reafirma (pois já o demonstravam desde o início) Pacman e os Da Weasel enquanto poderosos letristas, agentes sociais e políticos interventivos, que procuravam mostrar através das suas rimas aquilo em que acreditavam e que viam – “Todagente” é um claro exemplo disso.

O coletivo lançou ainda Iniciação a uma Vida Banal – Manual (1999), Podes Fugir Mas Não Te Podes Esconder (2001) – cuja digressão marcou a entrada de DJ Glue -, Re-Definições (2004) e Amor, Escárnio e Maldizer (2006). Durante este tempo, surgem temas icónicos como “Tás na Boa”, “Duía”, “(Re)Tratamento” (o primeiro grande êxito) e “Dialectos da Ternura”. Os Da Weasel percorrem o país e a Europa com concertos nos Coliseus, no Pavilhão Atlântico (atual Altice Arena), no Olympia de Paris e no Palco Mundo do Rock In Rio Lisboa, em 2006 – concerto esse que antecede o dos californianos Red Hot Chili Peppers, que elogiaram o grupo português durante a sua atuação. Houve também espaço para várias colaborações, como com Manel Cruz, vocalista dos Ornatos Violeta. Pelo caminho, receberam o prémio de “Best Portuguese Act”, nos MTV Europe Music Awards em 2004, e dois Globos de Ouro.

Em 2010, a “Doninha” anuncia o fim da caminhada. Em 2019, nove anos depois, para felicidade dos muitos admiradores, é anunciado o regresso aos palcos, no dia 11 de julho de 2020, no festival NOS Alive. Para já, tudo indica (os membros do grupo assim o disseram) que será um regresso de uma noite só, uma ocasião única.

Os Da Weasel tinham saudades de tocar juntos e nós tínhamos saudades de os ver ao vivo. “God Bless Johnny”, afirmavam os Da Weasel em 1994 (numa música que se tornou o hino não oficial e não intencional do célebre bar lisboeta de Zé Pedro, “Johnny Guitar”). Em 2019 e em 2020, dizemos e diremos “God Bless Da Weasel”.

Artigo da autoria de Francisca Costa.

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