Cultura
MEO MARÉS VIVAS: CAMPOS DE OURO DE TODAS AS CORES
No início da tarde deste terceiro dia em Vila Nova de Gaia, um (e apenas um) artista era esperado. Durante o dia, Tainá, DOMI, Maria Bradshaw, Tiago Nacarato, Morcheeba e Biya entretiveram o público. O momento alto, no entanto, começaria a desenhar-se pelas 22h10: com uma pontualidade bem britânica, subia ao palco Sting, o cabeça de cartaz do dia.
Se, já em 2017, o músico tinha feito as delícias da plateia do Marés Vivas, o antigo líder dos The Police regressou ao palco onde foi feliz para, sempre com grande boa disposição e uma energia que teima em contrariar os seus 67 anos, percorrer os hinos de uma vida – e de várias outras também.
Desde os principais êxitos da banda com que se deu a conhecer ao mundo (foi a icónica “Message in a Bottle”, de Regatta de Blanc, que ditou o arranque do concerto) até às músicas a solo (não faltaria “Desert Rose”, não faltaria “Fields of Gold”, não faltaria “Englishman in New York” e, para encerrar a atuação, não faltaria “Fragile”), houve espaço para muita dança, muito humor e muito amor por parte de um público composto por pessoas de todas as idades.
No que diz respeito ao repertório do trio que, entre 1977 e 1984, soube juntar o rock ao reggae como poucos, o disco de estreia Outlandos d’Amour foi lembrado de forma apaixonada: “So Lonely”, “Roxanne”, “Can’t Stand Losing You” e “Next to You” foram recebidas com muitos aplausos. Por uns momentos, recuou-se a um tempo em que, com engenho e cheio de metáforas, um jovem Sting cantava sobre relacionamentos impossíveis e o baterista Stewart Copeland causava controvérsia por fingir enforcamentos em capas de singles. Esse tempo já lá vai, é verdade, mas o Sting de 2019 não perdeu a acutilância, e, em pleno Marés, até mostrou vontade de lançar um olhar novo sobre o seu trabalho – a versão bem diferente de “Shape Of My Heart” que o músico trouxe a Vila Nova de Gaia serviu como prova disso mesmo.
O JUP preparou uma fotogaleria relativa ao último dia do festival.