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A MORTE DE DANTON: O ESPANTALHO DA REVOLUÇÃO DO POVO

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Encontra-se em cena até ao dia 29 deste mês, no Teatro Nacional São João (TNSJ), a obra A Morte de Danton escrita pelo alemão Georg Buchner, no ano 1835. A peça foi encenada por Nuno Cardoso e assistida, no mesmo âmbito, por Nuno M. Cardoso. Depois da estadia no Porto, passará por Braga, Aveiro, Lisboa e Roménia.

Danton, um jovem angelical e sátiro, começa a peça a deixar os óculos de sol caírem sobre o nariz, ao estilo de James Bond. Quem o protagoniza é o ator Albano Jerónimo, que vive em palco um rodopio de emoções e um intenso desvairo até à proclamação da sua morte. A peça envolve-nos numa verdadeira luta entre o povo e os Aristocratas franceses, após a morte do rei, e já na sequência das revoltas de setembro, passadas no século XVII, em Paris.

“Morte a quem não tem buraco na casaca” gritavam os atores. Monta-se em cena uma imagem apocalíptica, que se assemelha em grande medida à realidade e à perda de razão do Homem, em todos os momentos da História. Com isto entra, imperdoavelmente, o presente.

Há um apelo constante à arte antiga. Observa-se Vénus de Milo, serena e sedutora; Marfório, de perna cruzada, a deslumbrar o terreno pantanoso em que se enfiava a civilização; e até Rodin, o jovem racional. Num equilibro saudável entre cenas reflexivas e violentas, o momento da vingança não tardou a chegar. Até a figura representativa da razão e da sensatez – Robespierre, interpretado por Nuno Nunes, acabou na guilhotina.Todos acabaram sem cabeça, até os vivos – quando a desordem se lavrou.

Porque é que “Hoje tudo é feito com carne humana?” – o ocidente pode não se preocupar muito com isto nos nossos dias. Mas demorará a chegar a altura em que o ciclo histórico não cumpra a sua célebre trajetória?

Artigo da autoria de Raquel Batista

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