Cultura

AS TERÇAS DE BÔ(A) POESIA

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Entramos num recanto digno de um filme indie, ouvimos sons estranhos, vozes familiares, sentimos odores diferentes e só há cores para lá de intensas: estamos na Casa Bô. Esta associação cultural, ambiental e de solidariedade social tem projetos, atividades e desafios diários.

Na agenda, as terças-feiras, a partir das 21h30, estão salvaguardadas para os amantes da poesia. Numa sala acolhedora – com um palco caseiro e tentador, e um baú cinematograficamente aberto, com livros no interior – decorre a sessão, que só termina quando o entusiasmo desvanece.

A primeira noite foi comandada por Guilherme Martins que, como tantos os que andam na rua, é um multifacetado com arte nos bolsos. O serão abriu com a apresentação de dez músicas, algumas da sua autoria e algumas da autoria de amigos que o acompanharam. Seguiu-se o início da partilha poética, na qual todos são convidados a revelar “a sua papelada” ou a dar voz a autores que os apaixonam. Como se ler e entender poesia não fosse uma experiência suficientemente transcendente, são propostas outras dinâmicas de grupo, como a criação por cadavre exquis ou leituras pseudo-dada de livros diversos, em simultâneo.

Ao contrário do que pode ditar o mito, o ambiente de uma Noite de Poesia é leve, descontraído e inesperado. Nem sempre há rimas, quase sempre guitarras à mistura, e é certo que, quando a última palavra do texto é dita, há sempre palmas, risos, pensamentos, perguntas e vontades de responder com outro.

Às terças-feiras, nascem, renascem ou revelam-se, sempre – sem exceção – músicos, poetas e artistas. No final da noite, o donativo é consciente. E é evidente que na terça-feira seguinte temos a noite ocupada para repetir a dose.

Artigo da autoria de Inês Sincero

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