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Cultura

E SAI UM NOBEL DUPLO DA LITERATURA PARA 2019

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Estávamos no auge do movimento #MeToo quando, em 2017, Jean-Claude Arnault foi condenado a dois anos de prisão e afastado da Academia Sueca. O gestor do Contemporary Scene of Culture, inserido na Academia, e marido de Katarina Frostenson, um dos membros do júri literário, foi o protagonista de uma denúncia conjunta de abusos sexuais por 18 outras mulheres, abalando a intocável casa sueca. No ano passado, o Nobel da Literatura foi mesmo suspenso, assim como Katarina.

Considerou-se uma segunda suspensão da entrega este ano, mas o certo é que o Nobel saiu da despensa em dose dupla. Em jeito de conserto da reputação, a Academia quis “alargar perspectivas”, tanto geograficamente – por se considerar “eurocêntrica” nas escolhas – como no género dos laureados. O argumento para este último é que, desde o primeiro Nobel em 1901, apenas 13% dos prémios foram entregues a autoras. Este ano, a lista privilegiava autoras mulheres que não escrevessem em inglês.

No entanto, os premiados são naturais dos mais centrais países europeus: Peter Handke, de 76 anos, é austríaco e Nobel de 2019, 53 anos depois do lançamento da sua primeira obra. A Academia considera “influente” o trabalho do autor que, “com ingenuidade linguística explora a periferia e a especificidade da experiência humana”.

A ativista e autora Olga Tokarczuk recebeu o título de 2018 como um símbolo de optimismo para a população polaca, que considera estar em “crise democrática”. “Uma imaginação narrativa que, com paixão enciclopédia, retrata o cruzar de barreiras como uma forma de vida” é o argumento da Academia para uma escritora-exemplo da nova literatura polaca.

Com esta mui-esperada entrega completa, restam mais dois prémios Nobel: amanhã é a vez do da Paz e, na segunda-feira, é laureado o das Ciências Económicas.