Cultura

PORTO/POST/DOC: CELEBRAR OS HERÓIS QUE NÃO SÃO SUPER

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O Café Rivoli Porto, localizado no terceiro piso do Teatro Municipal do mesmo nome, foi o espaço escolhido para o Porto/Post/Doc divulgar o programa para a edição de 2019. Dario Oliveira e Sérgio Gomes, da direção do festival, e Guilherme Blanc, a representar a Câmara Municipal do Porto, explicaram os planos do festival para a sua sexta edição.

O tema principal deste ano do Porto/Post/Doc são as questões identitárias. Um tema “vastíssimo, polémico e irreverente”, segundo Dario Oliveira, mas “muito importantes” de discutir. A temática é transversal a todo o programa do festival, abordando diferentes realidades e áreas, como as regionais, culturais e nacionais. “Esperamos pôr as pessoas a falar destas coisas [questões identitárias] com mais amor à causa”, disse Dario Oliveira.

A secção de Competição Internacional conta com nove longas-metragens, cada uma de países diferentes. Destaque para os regressos de Anna Eborn, através do filme Transnistria, e de Anna Odell, com X&Y. De Quelques évènements sans signification está em competição, apesar de ter sido realizado em 1974. Na altura, o documentário marroquino foi alvo de censura e julgava-se perdido até um negativo ter sido encontrado e restaurado pela Filmoteca de Catalunya. Dario Oliveira considerou os nove filmes  “bastantes arriscados em termos de propostas estéticas”.

A nova secção Identidades existe à boleia do tema desta sexta edição, mas a rubrica vai ter lugar permanente nos próximos anos. “Deparamo-nos com tantos filmes, com tantas ideias, com tantas obras que será uma nova secção”, explicou Dario Oliveira. Os projetos são descritos como “filmes com uma mensagem vincada e de intervenção”. A rubrica terá, no seu todo, a exibição de 15 filmes, como Persona, de Ingmar Bergman ou Rua da Vergonha, de Kenji Mizoguchi.

Fotografia: Sofia Matos Silva

Como é habitual, o Porto/Post/Doc contará com a secção de Cinema Falado, sessões de filmes portugueses contemporâneos para valorizar o cinema falado na língua de Camões. Para dar um maior enfoque ao trabalho nacional, haverá sessões especiais, em parceria com a Cinemateca Porturguesa, de dois filmes de Paulo Rocha. As cópias digitais restauradas de A Ilha de Moraes, de 1984, e A Ilha dos Amores, 1982, vão retratar a vida e obra de Wenceslau de Moraes.

Cães que Ladram aos Pássaros, de Leonor Teles, vai ser exibido no Porto/Post/Doc, em antesestreia nacional. O filme resulta do projeto “Cultura em Expansão”, sendo financiado pela Câmara Municipal do Porto. Guilherme Blanc afirmou que era “entusiasmante” o caminho que as obras cinematográficas têm feito em festivais internacionais. De recordar que o filme de Leonor Teles foi considerado o melhor filme europeu na secção das curtas-metragens.

A competição Cinema Novo está de regresso, com duas sessões e doze filmes em exibição. O prémio que destaca os estudantes portugueses de cinema acontece no primeiro fim-de-semana. O Porto/Post/Doc colocará em foco dois realizadores: Audrius Stonys e Ute Aurand, que também estará na Competição Internacional com Rushing Green with Horses. O Fórum do Real terá três painéis: Da Terra, Da ImagemDo Pensamento. Todos vão lidar com a questão das identidades.

O Porto/Post/Doc assume-se como uma alternativa ao cinema blockbuster e contra as novas plataformas digitais que, de acordo com Dario Olivera, são feitas para viciar. “Não quero que ninguém fique viciado em Cinema, quero que as pessoas aprendam a amar Cinema”, afirmou o diretor do festival. No fundo, a programação da sexta edição tem o mesmo objetivo que as restantes: celebrar “os heróis que não são super”.

A sessão de abertura do Porto/Post/Doc está marcada para dia 23 de novembro, com a exibição de Marianne & Leonard. Words of Love. Já a sessão de encerramento contará com a anteestreia nacional de O Filme do Bruno Aleixo, no dia 30 de novembro.

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