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Cultura

JUP Radar: Brenno, o navegador errante que desembarcou na música

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Quando é que se iniciou a carreia enquanto intérprete de temas próprios?

Desde os meus 13 anos, quando escrevi a minha primeira canção; e nunca mais parei de escrever. Profissionalmente, estou há um pouco mais de 4 anos compartilhando essas músicas com o meu produtor, banda, e amigos que amo e admiro.

Estás no Porto há menos de um ano. O que te motivou a fazer as malas e tentar conquistar terreno por terras lusas?

Perceber que não há limites nem fronteiras para onde posso chegar com a minha arte.

Quando comecei a compor em inglês, há cerca de dois anos, senti todas as possíveis barreiras limitantes acabarem.

Foi possível encontrar uma comunidade artística na cidade, ou isso ainda não aconteceu?

Tenho a sorte de ter encontrado bons companheiros, sim. E a cada dia esse número cresce mais. São pessoas que, mesmo com o pouco tempo de amizade, sei que poderei caminhar com elas e fazer com que a nossa arte chegue mais longe.

Em que medida é que criar ligações num novo país te ajudou a evoluir enquanto músico?

Não só como músico, mas como pessoa, porque saio da minha zona de conforto em todos sentidos. É uma nova cultura, nova língua, novas visões sobre o mundo.

É todo um universo novo a desbravar.

Atualmente, muitos artistas brasileiros escolhem o Porto como novo lar. Sentes que é difícil vingar num mercado artístico concorrido, ou os desafios são outros?

Antes de pensar em vingar no mercado, acredito que o mais desafiador é desenvolver um trabalho com significado, relevância e inserido no tempo que vivemos. Vencida essa etapa, o que vem depois é consequência de muito trabalho, resiliência e ousadia para arriscar e ter uma identidade própria.

Defines o teu nome como “Brunno com e”, para facilitar a apreensão imediata. Contudo, o teu nome artístico é ainda mais irreverente. Há alguma história por detrás?

Gosto de pensar sobre os nomes. B Ghost, o meu nome artístico, nasceu da ideia de se estar presente, mas não necessariamente visível – assim como um fantasma. Sei que pode parecer contraditório, principalmente quando falamos sobre um artista, mas sempre acreditei que a arte não se resume ao artista em si. O meu desejo é ser um comunicador dessa mensagem. Um dia eu partirei, mas espero que a minha arte sobreviva aos tempos e não acabe em mim.

O teu projeto de apresentação ficou adiado devido à conjuntura atual. Este tempo tem sido útil para ajustar os planos?

Primeiro, mais importante do que ajustar os planos, esse tempo fez-me refletir sobre como não podemos nos render ao narcisismo e ao egoísmo. Existe um recado sendo dado ao mundo: ninguém vive sozinho. Cada um é responsável pelo outro, mesmo que indiretamente. Isso tudo impulsionou a mim e aos meus queridos amigos que estão comigo nessa jornada a lançarmos as nossas músicas o quanto antes e fazermos todo o possível para, de facto, sermos luz num tempo de tanta escuridão.

[Com a pandemia] o ajuste dos planos foi, na verdade, parar de pensar muito nos planos e agir.

Qual seria o sonho que gostarias de materializar quando esta situação passar e o tempo voltar a ser teu aliado?

Sinceramente, um novo mundo nos espera. Quero sonhar novos sonhos. Fazer mais do que planejar. Doar mais do que ganhar. Não há mais tempo a perder. Se ele é meu aliado… eu não sei, mas como diz o mestre Gilberto Gil: “a seta do tempo é pra frente”.

O Brasil enfrenta uma situação trágica, marcada pelo descontrolo e desgoverno. Se pudesses dedicar alguma música ao teu país qual escolherias?

Hoje, especialmente, quero dedicar a canção “Resposta ao Tempo”, do mestre Aldir Blanc que nos deixou essa semana.

“E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver
No fundo, é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder… me esquecer”

O que poderemos esperar, em breve, do músico que sobrevoou o oceano com tantos objetivos?

Sendo mais objetivo e menos filosófico: antes de deixar o Brasil há 6 meses atrás [eu e a equipa] gravamos mais de 15 canções. Já começamos a lançar as primeiras e estamos a trabalhar para lançar as outras para continuar a fazer conexões através da arte.

É tudo sobre conexões. Ninguém deve estar sozinho.