Cultura

Evan Roth e o flash vermelho sobre Portugal

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Evan Roth nasceu no Michigan (EUA), em 1978. Atualmente reside em Berlim e destaca-se como um artista que utiliza o meio digital como cor primária para as suas obras. O seu trabalho enquanto criador debruça-se, essencialmente, sobre a realidade das redes de comunicação, com especial ênfase nos circuitos de cabos subaquáticos que compõe as infraestruturas que transmitem a internet.

Enquanto utilizadores desta ferramenta, presente em tudo o que fazemos, é comum termos a ideia de que a internet é algo que existe acima da nossa cabeça quando, na realidade, ela nasce através da ligação de cabos intercontinentais submersos. Assim, este projeto tem em vista representar a circulação dessa força invisível, através de uma pesquisa sobre os locais de onde são lançados os cabos que suportam estas ligações.

O fascínio pela dupla que faz nascer a internet – a física e o material – levou o artista a realizar filmes que documentam as paisagens das zonas costeiras de onde partem e chegam os cabos subaquáticos.

Roth desencadeou um processo de mapeamento videográfico das zonas costeiras, de modo a compreender esta rede extensa de intercomunicabilidade. Todo este processo foi captado pelo óculo de uma câmara de infravermelhos – o que gerou um efeito sépia e converteu as zonas registadas em paisagens pictóricas, contrastando com a componente tecnológica que reside na premissa do projeto.

O casamento entre pinturas oitocentistas e os vídeos (separados no tempo por mais de um século) é uma magia visual que só se capta quando nos deparamos com esta dualidade que, sem distância, se encaixa.

O próprio artista confessa ao JUP que a sua proposta é que vejamos “a Internet como o oposto à cloud” – precisamente por ser algo que “é físico e que faz parte da paisagem, da mesma forma que as ondas do mar ou o céu”. Nesse sentido, numa tentativa de gerar continuidade entre o que já foi e o que ainda é, a luz que os vídeos de Roth emanam faz surgir uma aura mística, em que a realidade é intensificada em cores vibrantes.

Numa homenagem à atual natureza virtual do mundo, o criativo permite que a totalidade dos seus vídeos possam ser descarregados a partir de um website de livre acesso . No total, a exposição – apresentada na Culturagest do Porto – contém 14 obras do autor e 12 pinturas do século XIX, escolhidas pelo artista e pertencentes ao espólio do Museu Nacional de Soares dos Reis, tendo os pintores selecionados sido Silva Porto, Artur Loureiro e Henrique Pousão. Esta viagem passado-presente está em montra até ao dia 6 de dezembro, já depois de ter permanecido em Lisboa numa versão diferente.

 

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