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Cultura

Orquestra Bamba Social: cheia de encantos e músicos mil

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Do samba puro até ao jazz e funk, a vossa identidade tem-se alastrado. Porquê?

É uma consequência natural, quando estão reunidos 18 elementos com as mais diversas influências pessoais, grau académico e até mesmo vivência musical distinta. Tendo como “espinha dorsal” o samba de raiz, todos os outros géneros musicais acabam, naturalmente, por se fundirem com maior ou menor relevo, dependendo da música ou do momento do espetáculo ao vivo.

A vossa viagem tomou balanço na cidade do Porto. Quando sentiram que o resto do país também tirava o pé do chão ao vosso ritmo?

Como tudo na vida, aconteceu de forma gradual e num processo de evolução. Na cidade do Porto, iniciámos e criámos um circuito bem peculiar que se foi alastrando no mapa a cada atuação, participação ou registo audiovisual. Aquando do nosso álbum e com a força das plataformas digitais, conseguimos internacionalizar ainda mais o nosso do trabalho – que hoje é ouvido em países como o Brasil, Argentina, Alemanha, entre outros.

Ainda sentem o apoio das mesmas pessoas que vos aplaudiam no Baixaria (antigo bar do Porto), onde começaram?

Sim, ficou um laço umbilical e emocional entre o espaço que permitiu os Bamba Social iniciar as suas atuações, em 2012. As festas dos Bamba eram novidade na cidade, eram noites lotadas e de filas intermináveis para nos verem atuar e onde fazíamos “maratonas” de 4 horas de atuação, devido a essa simbiose entre a banda, a casa e o público que estava presente. Ainda hoje, todas as partes recordam com saudade essas noites.

Imagem: Orquestra Bamba Social/facebook

Como é que se mantém um trabalho assim – consistente e evolutivo – com dezoito elementos cujas vidas e horários são díspares?

É uma tarefa árdua, mas não impossível, quando há esse “denominador comum” que é o amor ao projeto, algo que reside em cada um dos elementos. Requer alguma “ginástica” de horários, alguns ensaios por secções, mas acabamos sempre por conseguir um horário para juntar toda a família.

Há espaço para que todos contribuam para o processo criativo dos temas?

O processo criativo é livre, até porque se não o fosse deixava de ser criativo. Mesmo que exista um núcleo mais fluente em escrita, há outros mais fluentes em arranjos harmónicos ou percussivos e que acabam por convergir na altura da criação. A inspiração é o fósforo que acende, depois é necessário a lareira, a lenha, as pinhas… todos esses elementos que, juntos, acabam por contribuir na criação.

Qual a importância de fazer parte de um grupo que une os dois elementos raros de conseguir aglutinar em equilíbrio: reconhecimento do público e qualidade musical indiscutível?

É gratificante saber que somos reconhecidos por isso. Talvez por nunca nos termos acomodado e ao longo destes anos termos sempre procurado dar algo diferente a cada atuação, a cada gravação. Não com o objetivo de agradar alguém em especial, mas para nos estimular como músicos. A própria mutação da banda, que começou com 5 elementos, foi sempre evoluindo no sentido de tirar o melhor de cada um de nós e hoje somos 18. Numa era onde é tão fácil as pessoas aborrecerem-se por verem algo repetido, há que inovar e procurar algo estimulante para ambos: público e banda. Na arte, ou em qualquer outro ofício, a acomodação, por vezes, é contraproducente da evolução.

O samba será sempre a vossa génese, mesmo que a vossa progressão continue até lugares musicalmente distintos?

Sim. Foi o que nos juntou. É o género musical que mais nos diz coletivamente, é o que as pessoas associam quando aparece o nosso nome e, de certa forma, é a nossa identidade. Apesar da natural fusão com outros géneros musicais, o samba tem uma magia especial que não deixa ninguém indiferente e, assim que mergulhamos nesse sentimento, é algo do qual não nos conseguimos mais desvincular. Quando a emoção é boa, para quê mudar?

O facto de tocarem no estrangeiro alarga-vos os horizontes, enquanto músicos e criativos. Isso influencia a vossa obra?
Sem dúvida, quanto mais atuações temos, dentro ou fora de Portugal, mais acrescentamos ao projeto. Seja pela energia de um local diferente, ou de um público diferente, tudo isso soma à evolução da banda profissional e humanamente. A maior evolução que podemos ter, por norma, está fora da nossa “zona de conforto”.

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