Cultura

MEO SUDOESTE: FUSÃO DE ESTILOS E CULTURAS NA HERDADE DA CASA BRANCA

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Mais uma vez, a noite surge na herdade ao som de música africana. O angolano Yuri da Cunha abre o Palco MEO e injeta no público a sua fusão de afrodance e quizomba através de temas dos seus três discos. “Atchu Tchucha” foi o hit que pôs Portugal a dançar este ano e não pareceu ser indiferente aos festivaleiros do Sudoeste. O artista – guiado pelo sentimento – vem ainda a palco transmitir a sua mensagem de paz e, sobretudo, antirracista. Numa homenagem às culturas portuguesa e angolana, dá uma amostra da sua interpretação de “O Bacalhau Quer Alho”, tema do ideário popular português, antes de o fazer contrastar com o que de bom se faz em África. Na canção final, Yuri pede a cada pessoa do público que abrace um dos seus “Amigos” (título do tema) e que faça por escolher um de verdade.

É a belga e bela Selah Sue que nos transporta de África a registos mais vocais e acústicos. A palavra-chave para esta artista é versatilidade, por ter trazido ao Sudoeste um repertório que contém soul, hip hop, reggae e simples canções pop. Com uma voz rouca, capaz de incorrer em melodias originais e harmoniosas, apresentou temas como “Black Part Love”, “Crazy Vibes” e “Stand Back”. De guitarra na mão, trouxe “Fyah” ao Palco MEO e “Raggamuffin”, o famoso single que o público reconheceu aos primeiros acordes. Esta loirinha repleta de soul mostrou-se, ao longo do concerto, feliz por ter regressado a um país que sempre tão bem a recebe.

De pés em cima do piano que tão bem sabe domar, Jamie Cullum vem ao Sudoeste e diz sentir-se “de férias”. Fiel à escola de jazz, o britânico enquadra este concerto na digressão do seu último álbum, “Momentum”, e oscila entre temas originais e as suas versões de canções comerciais como “Suit & Tie” de Justin Timberlake, “Don’t Stop The Music” e “Diamonds” de Rihanna e “Hot in Herre” de Nelly. Em suprema comunhão entre voz e piano, Jamie Cullum delicia o coração e os olhos das portuguesas, que não puderam especialmente deixar de sussurrar as letras das suas canções durante todo o concerto.

À tarde, houve quem vendesse cervejas à porta do recinto do MEO Sudoeste só para poder comprar um bilhete para assistir a Seu Jorge. O brasileiro que tem dado muito que falar em Portugal veio ao Sudoeste depois de ter presenteado os portuenses com um concerto memorável. Pela herdade, os pés mexiam-se ao som do “Tacho”, primeiro tema apresentado pelo carioca. Os êxitos “Carolina”, “Amiga da Minha Mulher” e “Burguesinha” fizeram ressurgir uma multidão enérgica, que não conseguia parar de dançar ao ritmo do Brasil. Pelo meio, fez várias referências ao seu passado e à humildade com que encara o seu sucesso atual. De sem-abrigo a fenómeno da música brasileira, Jorge não se esquece das suas raízes e orgulha-se da cultura de onde veio. “Salve Jorge” foi a despedida do artista, com um sorriso que é fruto do apreço sentido pelo povo português.

Retirados os instrumentos e instalada a mesa de mistura, chega a vez de mais um DJ de elite: Alesso, da Suécia. Com a entrada mais pujante dos quatro dias de festival, o artista atraiu festivaleiros que voltavam de todo o lado ao palco principal à primeira batida. Através de uma seleção de hits atuais – a maior parte deles já passados por outros DJ em noites anteriores – fez a música bombar durante mais uma hora e meia. A multidão respondeu sem hesitar a cada investida de Alesso, de braços no ar e pés fora do chão.

Na quarta noite de festival, foi a vez do duo de artistas Los Waves trazerem ao Palco Santa Casa uma energia indie. A banda de dupla nacionalidade (portuguesa e britânica), que viu a sua sonoridade ser apresentada nas séries “Gossip Girl” e “Mentes Criminosas”, trouxe as suas guitarras para mostrar de que é feito este projeto.

Jamie Cullum ainda não tinha subido ao Palco MEO e já os Diabo na Cruz deliciavam os roqueiros portugueses neste palco secundário. A primeira das músicas cantada por uma das maiores massas vistas no Santa Casa foi “Vida de Estrada”, o mais recente trabalho da banda. Ecoaram pelo recinto também “Casamento” e “Os Loucos Estão Certos” fizeram o público saltar e cantar. Dignos de um palco principal e com um reconhecimento unânime da qualidade do seu trabalho, os Diabo continuam a espalhar um humor incisivo e carregado de consciência política.

Pela tenda eletrónica, a música começa e termina sempre mais tarde. Foi Sensi quem abriu este palco, o “outro filho” de Kalú dos Xutos & Pontapés. O músico e produtor português é conhecido pelas suas colaborações de luxo com artistas como Richie Campbell, Manuela Azevedo e Rui Veloso. No Sudoeste, mostrou ser mestre em diversos estilos musicais como o soul, o R&B e o hip hop.

De seguida, os angolanos Zona 5 continuaram numa onda mais hip hop. O seu currículo musical contém a partilha de momentos em palco com artistas de renome mundial como 50 Cent, Sean Paul, Chris Brown e Ne-Yo.

Chegada a vez de DJ Glue, que outrora acompanhara a banda Da Weasel, seguiu-se numa onda rap/hip hop, apetrechada com grandes técnicas de mistura.

Overule é o altamente requisitado DJ português que tem o prazer de fechar esta quarta noite de Sudoeste. Pela herdade, já se faz sentir uma nostalgia antecipada e espera-se um final fantástico, no domingo, o Dia D.

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