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Cultura

Lídia Jorge: “Escrever é uma aventura maravilhosa”

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A sua voz enquanto escritora alcançou os quarenta anos de carreira em 2020 e já se propagou por mais de vinte livros. Lídia Jorge é uma das grandes mulheres portuguesas que das palavras é capaz de conceber mundos inteiros. Dos seus pequenos lugares imaginários, que remetem para os tempos em que juntava páginas de agulha e linha na mão, passou a construir enormes mundos que já foram traduzidos em mais de vinte línguas. Lídia Jorge não é só uma pessoa: é também «um outro» e ainda se coloca constantemente no lugar do próximo. Pois a escrita é a forma que arranjou para partilhar e «pensar no outro». Numa «solidão habitada», Lídia Jorge escreve nunca cessando, uma vez que se sente profundamente feliz quando termina um livro, ainda que nunca deixe de precisar de um novo romance.

Dado que estamos no início deste novo ano, começo por lhe perguntar se tem expectativas e desejos para este ano.

Bem, a expectativa mais fundamental, global, urgente, num dia em que se tem dez mil infetados em Portugal, é, de facto, desejar que a situação sanitária regresse ao país e ao mundo. Estamos a viver uma turbulência enorme e com a situação económica à beira de haver um colapso. E, portanto, os meus desejos são neste momento globais. E os pessoais inscrevem-se aí. Digamos, os meus desejos pessoais são curtos em relação a este desejo que é tão global, que é tão amplo.

Publicou o seu primeiro livro de crónicas em 2020: «Em todos os Sentidos». Numa entrevista com o Luís Caetano que passou na Antena 2, refere que, com estas crónicas, deu a conhecer de si mais do que julgava. Quem é esta Lídia Jorge que dá a conhecer aos seus leitores?

Bem, a autodefinição é sempre imperfeita. O que me parece é que eu deixei nessas crónicas traços da memória pessoal, da memória de família e expectativas pessoais sobre as quais nunca tinha falado. Porque a ficção é sempre uma forma de nós nos escondermos de nós próprios. Acontece que percebi, primeiro, que tenho uma forte ligação com a Terra. Com a terra aqui [em Boliqueime], que é terra e mar, e que essa relação me acompanha para todo o sítio. Mas não me acompanha como um peso, acompanha-me como uma espécie de pluma. Fiquei também com a ideia de que há traços da infância e da adolescência que se mantêm com uma grande força na minha vida e que elas me têm ajudado a viajar para longe e a ter uma ambição de dizer coisas. E depois tive também a ideia de que a família foi fundamental. A família é sempre um corpo imperfeito, mas, de facto, é nos interstícios da imperfeição que parece que nós conseguimos ver a importância que ela tem. E que ela é parte da minha biografia. Uma pequena biografia, mas a minha biografia. Começa aqui, mas não quer dizer que termine aqui. Isso não vou dizer, porque quem uma vez saiu para longe, mesmo que regresse, regressa com a lonjura de onde foi. Nunca é aqui, o puro aqui, onde regressarei. Mas é o sítio de acolhimento e onde coloco a cabeça para retomar a vida. É um travesseiro na vida.

A família é sempre um corpo imperfeito, mas, de facto, é nos interstícios da imperfeição que parece que nós conseguimos ver a importância que ela tem.

 

A pessoa que é hoje tem semelhanças com a criança que perdia os sapatos e limpava o nariz nas mangas?

Sim, tem a ver [risos]. Quem teve uma experiência de ver crianças pobres e de ser uma pobre entre os pobres, não pode olhar para a humanidade de uma forma simples. Olha-se sempre para o lado, para os que ficam para trás e para os que não atingiram o caminho do progresso. Quando apareci como escritora em público, era uma espécie de vergonha dizer que se estava olhando para os pobres. Era ter uma visão marxista, era uma visão considerada ultrapassada, porque se estava a caminho de uma perspetiva do liberalismo económico. Foi a altura em que as pessoas começaram a pôr agás nos seus nomes para ficarem com nomes próximos dos aristocráticos. Então eu, de facto, caminho com essa impressão muito aguda de que aquilo que eu vivi é uma espécie de bitola que eu mantenho para olhar para os seres humanos com um sentimento… diferente até de compaixão. Quando a gente diz compaixão, é uma espécie de reconhecer que o outro está abaixo. Não é isso. A literatura e a arte ensinam-me que é estar ao lado, estar igual, ser igual. Não há nenhum desgraçado no mundo que não poderia ter sido eu. Portanto, é fazer um exercício de alteridade permanente, é imaginar que eu posso ser sempre o outro. Isso, de facto, provém desse tempo antigo vivido aqui nesta zona.

A literatura e a arte ensinam-me que é estar ao lado, estar igual, ser igual. Não há nenhum desgraçado no mundo que não poderia ter sido eu.

Quando em criança viu que a maior parte dos seus colegas de escola não possuíam sapatos, pediu à sua mãe que comprasse sapatos para as meninas. Continua a querer contribuir para que o mundo possa estar calçado?

Sim, mas a minha mãe disse-me «por mais que faças, nunca vais calçar todos». Isso é que foi incrível. Simplesmente, eu tenho a ideia de que a minha mãe me fez um repto quando tinha sete anos. Foi dizer “tu nunca conseguirás”. No fundo, ela deve-me ter dito «o que é que tu podes fazer para partilhar?». Ela não mo disse, mas eu sinto que, na minha vida, eu tomei isso para dizer que “não posso partilhar realmente”, mas que a escrita é o meu meio. E eu faço da minha escrita essa partilha, que é fazer um exercício permanente de ser, de pensar como os outros, de pensar com os outros, de pensar como são os outros. Se a humanidade está sozinha à face da Terra (não sabemos se está se não), há uma coisa que é verdade: que nós nos temos uns aos outros. E essa ideia anima-me e constrói aquilo que é o permanente percurso da minha vida. Se eu não posso partilhar economicamente, sempre posso chamar à atenção. É por isso que os escritores têm um papel de denunciadores. Além de serem anunciadores do mundo que vem, que vai vir, são denunciadores do mundo que está.

Imagem: João Pedro Marnoto

 

Mantém uma relação próxima com o Algarve. Li que gosta dos algarvios, da sua espontaneidade. Para a Lídia Jorge, são as pessoas que fazem os lugares ou os lugares existem por si só? Faço esta pergunta a pensar nos lugares que escolheu para viver.

Sim, quer dizer, nós somos sempre uma mistura, como o Namuno dizia, «nós somos nós e nossas circunstâncias». Seja como for, o que acontece é que os lugares só por si são lugares, são geografia. São um mundo natural, porém têm a sua história. E é a história que nos faz. Os algarvios, por exemplo, foram um povo construído por dezenas e dezenas de etnias que aqui passaram e que deixaram gente de toda a espécie. E hoje continua a ser um sítio de extraordinária circulação. Por isso, para mim é o grande espanto quando ainda encontro no Algarve algumas pessoas racistas, porque naturalmente não somos nem racistas nem xenófobos. Pelo contrário, nós temos é um problema de uma espécie de subsidência não altiva, uma subsidência em relação a tudo o que vem de fora, digamos que é o pecado da nossa virtude. O que acontece é que há aqui uma espécie de microclima emocional. É gente tão feliz, que fala tão alto, que ri tão alto e, ao mesmo tempo, curiosamente, com medo de existir, com medo de se mostrar. E eu acho que isso tem a ver com uma atitude aldeã que nós ainda temos. Agora, que eu amo esta gente? Sim, sim, gosto muito das pessoas, tenho tantos exemplos de gente que é diariamente aberta, carinhosa, que ajuda sem esperar recompensa… digamos, gosto de pertencer a esta gente.

Até hoje, que lugar guarda de uma forma especial na memória? Foi em Lisboa onde estudou e ensinou, o Algarve onde cresceu e também viveu, ou em África? Foi professora em África, em pleno período de descolonização. Era jovem e deve ter sido uma experiência muito forte.

Sabe, esses três lugares, que foram aqueles onde de forma continuada permaneci por mais tempo, não há dúvida que me marcaram e sou incapaz de escolher. Mas eu diria que a Universidade em Lisboa, esses anos entre os 17 e os 21 anos foram, de facto, a abertura para aquilo que eu mais prezo – que é o mundo do espírito, das letras, da comunicação, da filosofia, da leitura, da tentativa de saber. Foi o espaço geográfico que me proporcionou um acesso à análise, à interpretação e, no fundo, é um salto qualitativo emocional e intelectual. Os contactos que tive, a experiência política (era no final da ditadura). Quer dizer, o maio de 68, em Paris, acontece quando eu sou estudante universitária. E nós não podíamos fazer nenhum maio de 68, não é? Mas nós fazíamos aquilo que podíamos fazer, que era estarmos revoltados com aquilo que acontecia, com uma guerra que se travava em África, com permanente saída dos jovens portugueses que iam e não voltavam – era uma guerra perdida e nós, como universitários, sabíamos disso. Portanto, eu pertenço a essa geração que tomou consciência de que era um país que tinha de mudar. 

Esses anos entre os 17 e os 21 anos foram, de facto, a abertura para aquilo que eu mais prezo – que é o mundo do espírito, das letras, da comunicação, da filosofia, da leitura, da tentativa de saber.

Imagem: Leya/Divulgação

 

A carreira da Lídia Jorge perfez os 40 anos no ano passado. Escreveu romances, contos, peças de teatro, poesia, literatura infantil e crónicas. Entre todos estes géneros que já experimentou e publicou, por qual deles sente uma maior afinidade?

O romance para mim é o género maior. Há uma corrente hoje em dia que diz que o romance é um contar de histórias que reproduz apenas a realidade e mais nada. Eu não creio que isso seja assim. Porque há o romance de toda a natureza – aquele que eu gosto transfigura a realidade e ao transfigurá-la cria uma mitologia própria. Todo o romance que consegue criar uma mitologia, chama a uma transcendência, seja ela de que natureza for. Cria uma história que nunca existiu na realidade, mas que ensina alguma coisa. No romance, como há várias unidades narrativas, há uma espécie de tempo para uma demonstração, o início fica longe do fim. Quando começo um romance, eu tenho apenas uma vaga ideia de como poderá acabar. Mas, em geral, termina sempre de forma diferente daquela como eu tinha imaginado antes. Porque a própria narrativa ensina um percurso e os personagens ficam a saber muito mais do que eu. Por isso, eu gosto do romance, é o local literário onde eu posso colocar todas as personagens que eu quero, todas as vozes que eu quero, posso colocar multidões, praças, países inteiros dentro de um romance.

Eu gosto do romance, é o local literário onde eu posso colocar todas as personagens que eu quero, todas as vozes que eu quero, posso colocar multidões, praças, países inteiros dentro de um romance.

Sente uma maior liberdade no romance?

Eu diria uma palavra que pode ser mal interpretada: dá maior poder. Dá uma liberdade que é um poder de criar um mundo novo com alegria, de dizer que este mundo onde eu vivo não me chega. Portanto, cada romance é como uma proposta de um novo mundo. Isso é maravilhoso. Eu compreendo que haja pessoas que escrevam até ao último dia da vida, como foi o caso de Saramago, ou como é o caso do Lobo Antunes, que escreve, escreve, escreve sem parar e diz sempre que este será o último romance. Nunca é o último, felizmente, porque ele não consegue parar.

Quando termina um romance, consegue desligar-se facilmente desse mundo e partir para outro?

Conhece as bonecas russas, não é? Os romances estão uns dentro dos outros. Em geral, quando estou a terminar um é quando me surge a ideia para o próximo. Eu gostava de ter uma vida simplificada de forma a dar impulso a isso. Mas a minha vida é complexa e eu nunca consigo acabar um romance e começar logo outro, como faz o Lobo Antunes. Tenho de fazer sempre uma pausa, porque a minha vida exige. E eu perco às vezes livros por isso. Por exemplo, há 20 anos terminei um livro pelo qual tenho uma particular predileção que se chama «O Vento Assobiando Nas Gruas». É um livro muito forte na minha vida e o que acontece é que eu quis depois escrever um que fosse o seu oposto. Porque cada romance diz «o mundo que quiseste alcançar não foi alcançado ainda». Então, vou entrar por outra porta e outra porta é outro projeto.

Imagem: Frank Ferville / Renascença

 

Nestes 40 anos da sua carreira literária, quais são os momentos que guarda com mais carinho?

O mais marcante são os últimos dias do fecho de um livro. Quando tenho uma ilusão fantástica que é a ilusão de que escrevi um grande livro, com uma sensação de que bate tudo certo. Passo uns dias com uma alegria enorme e a ideia de que triunfei de qualquer coisa. Depois, sei que não é assim, que preciso doutro romance. Sei que vou ter o combate com os leitores que não gostam, todo o percurso com o editor, a capa, as críticas. A vida adulta de um livro depois já não depende do escritor. É como se estivesse em estado de graça nessa altura, e eu acho muito cómico porque há um escritor, que infelizmente já cá não está, o John Cheever, que dizia que nessa altura ficava muito fanfarrão, que precisava de se ir embora [risos]. A fanfarrolhice que vinha de uma espécie de superioridade de ter escrito o livro e, ao mesmo tempo, um grande medo de não ser uma grande obra. Eu também preciso de passar uns dias para aterrar e dizer «não, não, a palavra que tu querias dizer talvez seja inalcançável».

Quando tenho uma ilusão fantástica que é a ilusão de que escrevi um grande livro, passo uns dias com uma alegria enorme e a ideia de que triunfei de qualquer coisa. Depois, sei que não é assim, que preciso doutro romance.

Foi enquanto criança que começou a escrever. Sentiu desde logo que a escrita seria o que queria fazer da sua vida?

[risos] Sabe, eu quando era criança fazia isso para me divertir, para ter companhia. Não tinha irmãos, tinha poucos amigos aqui à volta. Portanto, eu não tinha ideia do que era ser escritor, mas tinha a ideia do que eram livros e de que podia juntar páginas e que se as cosesse umas às outras, com uma agulha e uma linha, fazia um livro. Essa ideia quase toda a criança tem. Mas há crianças que perdem o livro e que passam para outros objetos, eu nunca perdi. Eu fui continuando sempre, sempre, e depois, à medida que a leitura se tornou indispensável, eu comecei a querer responder aos livros que lia. E quando tinha 10 anos e fui para o liceu em Faro estudar, já levava 33 páginas de um livro escritas. 33 folhas cosidas com linha. Só depois mais tarde é que me apercebi que eu queria ser escritora. Ainda que quando eu tinha 11 anos, lembro-me que queria ser como a Safo [a poetisa de Lesbos]. Não sabia bem o que era isso, mas queria ser como ela. É uma coisa que veio da minha infância, que queria escrever palavras. Queria ter uma voz.

É uma coisa que veio da minha infância, que queria escrever palavras. Queria ter uma voz.

Refere que a escrita é a sua companhia. Mas, como escritora, decerto que deve passar muito tempo em solitude. Agrada-lhe passar tempo consigo própria?

Há uma grande diferença entre solidão e isolamento. Eu nunca estou sozinha, propriamente. Eu desconheço, até hoje, o que é esse tormento que as pessoas falam da solidão. A minha solidão é uma solidão habitada, com palavras, com personagens com leituras, com poemas. Tenho a memória permanentemente habitada. Eu sou um outro. Eu olho para mim e eu sou um outro especial. Tenho acesso a coisas desse outro que ninguém mais tem e que eu não tenho de ninguém como eu tenho. Eu conheço-me por dentro. Mas nunca estou sozinha. A verdade é esta: a minha solidão não é triste, não é monótona; quando o meu corpo está sozinho numa casa, eu vou para junto de outras entidades. É outra forma de estar, eu sinto-me sempre no meio de gente, de vozes, muitas. De palavras, muitas. Não tenho sofrimento. Também não tenho sofrimento para escrever. Há pessoas que dizem que sofrem muito com a página branca, eu não sei o que é isso. Eu gosto de escrever e reescrever. Reiniciar é uma coisa maravilhosa. Rasgar e pôr no cesto dos papéis e dizer «este caminho não está, é preciso outro caminho». É como se amanhecesse outra vez.

A minha solidão é uma solidão habitada, com palavras, com personagens com leituras, com poemas. Eu sou um outro.

Imagem: Global Imagens

 

E acontece-lhe muitas vezes, ter de amachucar o papel?

Sim, o início de um livro é sempre difícil. Os livros começam por uma frase que é uma espécie de marca de água que perpassa por toda a obra. Como começar? Há aquelas frases que são boas logo no início, mas muitas vezes não são. Há todo um processo de busca que é como o dos cientistas. Vem uma ideia, uma premissa primeira que aparece e depois vamos experimentando, reformulando, pondo de parte. E depois acontece que às vezes pegamos no início que reatámos e é a forma como terminamos o livro. Isso acontece-me muito. Aconteceu-me, precisamente, com «O Vento Assobiando Nas Gruas». As últimas páginas foram as primeiras que escrevi. Recomecei de outra maneira e, quando cheguei ao fim, percebi que aquilo que a vida me tinha dado no início era o fim do livro. Escrever é uma aventura maravilhosa. Eu acho que os leitores, quando leem um livro, se aproximam disso, da mesma alegria que nós vamos sentindo. A compaixão pelas figuras, o amor pelos discursos, a descoberta das palavras que são ditas, tudo isso vai entusiasmando o leitor da mesma forma como se escreve. Só que os caminhos são opostos: o leitor está a jusante e o escritor está a montante.

Escrever é uma aventura maravilhosa.

A Lídia Jorge é uma das grandes mulheres, uma das grandes escritoras, como também uma das grandes mulheres escritoras. Em Portugal, é também uma das poucas entre homens. Como encara este cenário?

Quando eu cheguei à literatura, quando comecei a publicar, os escritores diziam-me assim «porque é que tu queres escrever? Tu não precisas, tu não és assim tão feia». Eu ficava ofendida. Ainda havia o estigma que era preciso uma mulher ser uma frustrada para se dedicar à escrita. O que é uma coisa horrível, porque já centenas de mulheres tinham demonstrado que isso não era assim. Hoje, isso não acontece mais. A minha geração participou nessa mudança. Hoje uma jovem escreve e é recebida em toda a parte. Claro que ainda não como os homens. Isso vê-se nos grandes prémios: se um prémio literário é dado dois anos seguido a um homem, ninguém nota. Se é dado duas vezes uma mulher… continua a haver um grande resto desse mundo antigo. Mas eu acho que o mundo das minhas netas está completamente distinto. Os homens olham com respeito para as mulheres e reconhecem o talento quando elas têm. No futuro, em vez de dizermos «eu, mulher», vamos dizer «eu sou tal» – dizendo apenas o nosso nome como os homens fazem.

Em que está a trabalhar de momento?

Num livro que eu não consigo ainda… explicar o que é. Fica fora das espécies convencionais. Mas quando chegar ao fim, no tal dia em que me hei de sentir muito feliz, eu espero [risos], talvez já tenha encontrado a palavra para defini-lo e assim poder partilhá-lo.