Cultura

Pokémon: 25 anos a “apanhá-los todos”

Published

on

“Gotta catch ‘em all” ou “Vamos apanhá-los todos” foi o mote que deu início àquele que se tornaria um fenómeno sem igual. Apesar de ter sido recebido com reservas pela companhia Nintendo, o conceito idealizado por Satoshi Tajiri para o jogo – que viria a tornar-se Pokémon Red & Green (no Japão) – era muito simples: um  RPG (role-playing game) em que uma personagem tinha a missão de capturar 151 criaturas fantásticas que se chamavam “Pocket Monsters” ou “Pokémon”.

No entanto, mais do que apenas um jogo de Game Boy, como tantos outros, Tajiri decidiu mudar as regras e revolucionar a realidade dos videojogos, apostando numa estratégia que se viria a provar vencedora: interação entre jogadores.

Logo desde o lançamento dos primeiros jogos, inaugurou-se a tradição das aventuras principais da franquia serem lançados em pares. Red & Green, Gold & Silver, Ruby & Sapphire e por aí em diante. Esta estratégia assentou no facto de alguns dos monstrinhos que se pretendia capturar serem exclusivos a uma ou a outra versão dos jogos. Desta forma, seria através da conexão entre duas versões diferentes que seria possível trocar com amigos estes Pokémon e completar a missão do jogo. Esta realidade tornou Pokémon, mais do que um jogo, uma experiência de partilha, de amizade e de competitividade, sendo também possível usar os monstrinhos capturados em lutas contra amigos.

O conceito dos jogos revelou-se um sucesso, o que levou a que em 1999 fossem lançadas as primeiras sequelas, Pokémon Gold & Silver, que haviam sido planeadas como os capítulos finais da franquia. No entanto, atualmente, entre jogos da série principais e “spin-off” contam-se já 122 jogos dispostos por todas as consolas da Nintendo desde o Game Boy, até à Nintendo Switch.

A missão de “apanhá-los todos”, com o passar de 25 anos, ganhou uma dimensão exponencialmente maior com a introdução de novos Pokémon, cada vez que um novo jogo da série principal é lançado. Atualmente existem já 896 Pokémon para colecionar e os meios para o fazer foram-se tornando cada vez mais rebuscados.

O fenómeno Pokémon GO

O que começou por ser uma mentira de dia 1 de Abril, tornou-se uma realidade no dia 6 de Julho de 2016. Um jogo de Pokémon para telemóvel no qual seria possível apanhar as criaturas fantásticas “no mundo real”. Assentando no sistema de localização e realidade aumentada, o jogo gratuito Pokémon GO reacendeu a febre que muitos julgavam extinta. Antigos e novos jogadores, de todas as idades, de telemóvel em riste, saíram à rua com a missão de sempre: “apanhá-los todos”.

Mesmo tendo posto de parte (inicialmente) um dos elementos-chave do jogos principais – as batalhas – a interatividade do jogo e a forma como se tornou a experiência mais próxima possível do que seria coexistir com Pokémon na vida real, Pokémon GO rapidamente revolucionou por completo a forma de jogar no telemóvel e mostrou, mais uma vez, como o espectro de idades de fãs é bem mais vasto do que expectável.

O jogo foi recebido com críticas positivas devido à forma como incitava a atividade física (alguns eventos do jogo eram desbloqueados ao atingir um determinado número de passos) e por ter ajudado o comércio local a crescer devido ao aumento de trânsito pedestre nas cidades.

Ao final do primeiro mês, Pokémon GO entrou para o livro dos Guiness World Records com cinco prémios, entre os quais, o maior lucro de um jogo de telemóvel no primeiro mês em que esteve disponível, tendo conseguido um total de cerca de 207 milhões de dólares. Atualmente estima-se um lucro na ordem dos 6,46 biliões de dólares.

Além dos videojogos, uma franquia que continua a crescer

Pokémon, para aqueles mais alienados ao mundo dos videojogos, é conhecido sobretudo pelo seu anime que retrata as aventuras de Ash Ketchum e o seu fiel companheiro, Pikachu. O anime conta já com mais de 1000 episódios, tendo sido exibido ininterruptamente desde Abril de 1997 no Japão. No cinema, foram já exibidos 23 filmes animados de Pokémon e o filme Detetive Pikachu, a primeira presença da franquia no cinema live-action. A personagem homónima, a mascote da franquia, Pikachu, foi interpretada por Ryan Reynolds.

Cartaz do filme Detetive Pikachu | Fotografia de Ben Sutherland

Paralelamente aos videojogos e ao anime, a popularidade da franquia milionária prende-se também ao seu jogo de cartas Pokémon Trading Card Game. Atualmente foram já vendidas mais de 30 biliões de cartas em todo o mundo, e segundo o site License Global, em 2017, 82% do mercado de jogos de cartas de estratégia pertencia ao Pokémon TCG.

Também no mundo do manga (termo japonês utilizado para “banda-desenhada”) contam-se já mais de 7 milhões de volumes vendidos só nos EUA. O volume 1 de Electric Tale of Pikachu, é também o livro de banda-desenhada mais vendido no país desde 1993.

Apesar da longevidade, o fenómeno Pokémon não está para desacelerar. No último Pokémon Day, no passado dia 26 de Fevereiro, foram anunciados próximos capítulos desta jornada, os jogos Pokémon Brilliant Diamond & Shining Pearl. Aos fãs, novos e antigos resta apenas pegarem de novo nas suas “Pokébolas” e lançarem-se à aventura.

Artigo da autoria de Fernando Costa

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Exit mobile version