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FUSING: CAPICUA E PRIMITIVE REASON CORTAM O VENTO DA FIGUEIRA

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No dia em que o vento abalou a Figueira da Foz, o FUSING resistiu firme e decidiu ficar. A tarde começou ao som do sound check dos artistas, que embalam os festivaleiros que esperam à porta do recinto. Enquanto o vento insistia em se impôr, Noiserv fazia os testes de som. O “padrinho” da segunda edição do festival passeia pelo recinto como se estivesse em casa. No entanto, a força da natureza começa a vencer o esforço da organização e voluntariados para que tudo corra segundo os planos.

Apesar do atraso, as portas lá acabam por abrir. Já passava das 17h quando o festival começou a ganhar aspeto de tal. Aos primeiros passos os festivaleiros eram rapidamente conquistados pela paisagem envolvente ao recinto. O FUSING, mais do que qualquer outro no panorama nacional, é um festival privilegiado por ser “à beira mar plantado”.

Quando o vento parecia dar tréguas, iniciaram-se as atividades de Desporto e Gastronomia. Aulas de surf para crianças de um lado, lições de culinária do outro, dividiram o público por idades e interesses. O Cooking Lounge Pingo Doce convida o público do FUSING a passar uma tarde lúdica, com direito a provas variadas, com vários chefs da cozinha portuguesa. O Quarteto Mário Santos embalou o final da tarde no local, trazendo o jazz para a areia da Figueira.

À medida que se aproximava a hora dos concertos nos dois palcos do festival, avolumava-se a fila na bilheteira à porta de recinto. Lá dentro, Ghetthoven dava música e dança ao público que se estendia ao sol do final da tarde.

Às 19:53h – especificamente a hora marcada – Noiserv subiu ao palco secundário. Senhor do seu one-man-show, David Santos preza pela simplicidade, cumplicidade e empenho naquilo que produz, sozinho, em palco. O vento interfere desde início com os seus planos e o artista não deixa escapar a brincadeira. “Quem será que inventou o vento?” – a culpa é dessa pessoa. Entre respostas ao público, o cantor toca os seus maiores sucessos a solo: “Today Is The Same as Yesterday But Yesterday Is Not Today”, “Where Is My Mind”, a antiga “Melody Pops” e, em português, “Palco do Tempo”. Noiserv despede-se por umas horas, deixando a música tocar atrás de si, até se juntar a You Can’t Win Charlie Brown no palco principal.

For Pete Sake são a banda de abertura do Palco FUSING. Logo ao início, os músicos lisboetas aquecem o público com alguns dos temas mais conhecidos, entre eles “House”. A energia da banda convida o público a dançar e a Figueira aceita rapidamente. Entre temas já editados, e pedaços de trabalho pronto a lançar, os For Pete Sake agitam o público com “Why Don’t You Even Try” e o sucesso “Got Soul”, familiar da publicidade televisiva da EDP.

Os novatos First Breath After Coma reuniram no palco secundário um público considerável. Os rapazes de Leiria apresentaram no FUSING o seu primeiro concerto num festival de grande dimensão. Entre os temas originais do seu primeiro trabalho, a banda fez uma versão do êxito dos M83, “Wait”.

Por volta das 22:30h, Capicua saúda os festivaleiros do FUSING com um dos concertos mais esperados da noite. A rapper do Porto levou para casa o prémio de maior enchente do dia. Defensora incondicional dos direitos das mulheres, Capicua dedica “Mão Pesada” à ala feminina presente no festival. Diz gostar de palavras ditas em silêncio para serem realmente escutadas. Com esta deixa, traz à terra do 1º de Maio as suas rimas reivindicativas e de crítica social, que a elevam no panorama do hip-hop nacional. Não faltam os sucessos “Casa do Campo”, a presença de Mister Isaac, e “Vayorken”, que encerra o concerto num auge de aplausos.

Do hip-hop da portuense passamos para a batida eletrónica dos Sensible Soccers. O quarteto trouxe ao festival um alinhamento que coroava a música ambiental e instrumental, mantendo o público fixo no palco secundário.

De volta ao palco FUSING, chega a vez de You Can’t Win Charlie Brown. O público parece embalado ao som das harmonias do disco Difraction/Refraction, o novo trabalho da banda. “After December” e “Be My World” conquistam os fãs e os que agora se consideram. Afonso Cabral conta a tentativa falhada da banda de fazer praia num Figueira da Foz abalada pelo vento, mas o frio não parece afetar os protagonistas de dentro e fora do palco. O concerto acaba com a nostalgica “Under the Water” e a cover dos Velvet Underground, “Heroin”, com a qual a banda recorda o concerto de Março de 2013, no Lux.

Pelas 00:22h, um dos poucos estrangeiros do festival conquista o seu lugar no palco secundário. Slow Magic traz a eletrónica norteamericana à Figueira num concerto recheado de cor, luz e ritmo. Sem conseguir conter o bater de pé, o público não se afasta do palco no regresso do artista a Portugal, após o concerto no Porto, em 2012.

Os cabeças de cartaz não tardam a aparecer. Primitive Reason concentraram o público à volta do palco principal para um concerto cheio de ritmo, sem pausas. A batida, fosse mais rock alternativo, reggae ou nas proximidades do metal, nunca falhou. No público contavam-se inúmeros fãs que conheciam o reportório da banda que vai já no sexto álbum de originais, com “Power To The People”.

Quase a fechar a noite White Haus subiu ao palco secundário. João Vieira, dos X-Wife, veio ao FUSING apresentar o seu novo projeto, lançado em 2013. O músico trabalha como produtor, compositor e interprete numa mistura de géneros, com privilégio para música disco dos anos 70 e eletrónica da década seguinte.

Trikk encerrou o primeiro dia do festival. Bruno Deodato, nome verdadeiro do artista, apresentou os seus mais recentes temas de estúdio, deixando a batida eletrónica ecoar à medida que os festivaleiros se despediam do recinto.

Hoje, o Fusing conta com um cartaz lusófono, encabeçado por Cícero e Capitão Fausto. Salto, Peixe: Avião e Octa Push também serão recebidos pelos festivaleiros da Figueira.

 

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