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A Selva É Jovem E Está Cheia De Vida: o rugir das entranhas

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Três. Número mítico – deus o fez, assim o dizem. No final de um percurso académico de três anos nasce mais uma produção, a quinta, apoiada a várias vozes, olhares e epifanias. Encenados por António Durães, sob um texto de Rodrigo Garcia, traduzido por José Topa, os alunos finalistas do curso de Teatro na ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo confessam que o seu projeto final resultou de “contribuições diversas” e que o plano foi não o ter.

Assim, basearam-se em partes de um poema para vocalizar inquietações, temas triviais, pensamentos frenéticos, circulares, profundos e supérfluos – os nossos, os de todos. As palavras pediam gesto e, por isso, cada intérprete teve espaço para criar ritmos, intenções e fisicalidades ajustadas ao seu próprio óculo da imaginação, com António Durães apenas a guiar o processo com a mestria que já bem conhecemos.

Não há uma narrativa central. Há partilhas, episódios. Não há uma linha temporal. Há várias estradas que se cruzam no olhar em desespero.

Entre as inovações criadas, destaca-se uma tela que projeta de perto a distância que o palco provoca. Apesar da projeção ser cada vez mais habitual das experiências teatrais, aqui o objetivo foi conseguido e conseguiram brincar com cada micro detalhe da expressividade de cada um. Assim, enquanto uma personagem fala, uma outra aparece na câmara, ora a reagir ao que é dito, ora a participar ativamente com o olhar estimulante. De repente, o teatro casa-se com a magia do grande ecrã, quebra-se uma parede e as possibilidades para o sonho tornam-se incontáveis. Abre-se mais um espaço para sentir e o que está perto dos olhos, está perto do coração.

“A Selva É Jovem E Está Cheia De Vida” foi uma construção a várias mãos. Construção essa que pretendia construir uma obra grande, maior que todos eles. Por isso, cada um assumiu o papel de “operário que poderia habitar no subconsciente de qualquer criatura”. Obra feita, está pronta para ser habitada. O que se assiste é bem real e concreto, e é inegável que nos faz sentir as vibrações do chão que temos por garantido. (Mas temos?)

O espetáculo vai estar em cena dia 2 e 3 de julho no Teatro Campo Alegre, os bilhetes custam seis euros, mas quem é estudante beneficia de um desconto de 50%. Os alunos que, pela última vez partilham o palco enquanto turma, garantem uma 1h30 de espanto e entusiasmo. Por fim: três vivas a este terceiro ano que nos tolha os medos a vivas cores sobre um fundo escuro.

Artigo da autoria de Márcia Branco

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