Cultura
“OH YES.. OH YES!”, CARL COX LIDERA ÚLTIMA NOITE ELETRÓNICA
É a última noite de dança. É a última oportunidade deste ano para os amantes de música eletrónica encontrarem no Neopop os seus ídolos. É grande a ânsia de ingressar num ritmo frenético.
O recinto está praticamente vazio no início da noite. Mesmo com falta de gente, os três portugueses Rompante, Diana Oliveira e Vasco Valente B2B difundem o seu som. Gonçalo é o próximo a enfrentar um número ainda bastante reduzido de festivaleiros.
A multidão começa a crescer consideravelmente quando os ponteiros se encontram muito próximos da 1h00. Não fosse essa a hora de atuação de Carl Cox. Contudo, a esta altura é Frank Maurel que ainda ocupa o palco e apenas 25 minutos depois termina o seu desempenho.
A agitação instala-se. Aqueles festivaleiros que se encontram dispersos pelo recinto chegam-se à frente. Todos os olhares apontam para uma só direção. “É agora pessoal”, diz um rapaz que não esconde o seu entusiasmo. No entanto, é outro artista que entra em cena.
O talentoso DJ catalão Uner que se tem vindo a afirmar pela forma como combina o house mais deep com um techno groovy proporciona um bom aquecimento para as horas seguintes. Ao longo de todo o set, a multidão extrai toda a energia do som e aplica-a cruelmente no seu corpo. Às 2h45, o tempo de protagonismo de Uner chega ao fim.
As câmaras de inúmeros telemóveis estão apontadas para o palco. “Carl King Cox” e “Patrão” são apenas alguns dos títulos atribuídos por festivaleiros ao DJ britânico antes da sua entrada. A espera fez aumentar consideravelmente os níveis de ansiedade e adrenalina. O tão esperado artista que harmoniosamente incorpora os estilos house, tech-house e techno nos seus sets, aparece sob as luzes dos holofotes, envolto no fumo do palco que se adensa à medida que se mistura com o fumo de cigarros. Levantando a mão, saúda a plateia.
Assobios e aplausos brindam aquele que é um dos melhores DJ’s da atualidade. Cartazes guardados nas mochilas distribuídas à entrada do recinto são retirados e levantados no ar. “OH YES.. OH YES!” são as palavras neles grafadas a maiúsculas. “OH YES.. OH YES!” repetem com frequência os fãs desta lenda da música eletrónica. E este é o hino que o artista profere antes de os festivaleiros contagiados pela energia musical ascenderam a um estado de completo êxtase.
O som mantém-se ampliado e vigoroso durante quase todo o set. Os focos de luz disparados dos vários holofotes frontais e laterais estão em consonância com o som, criando um jogo harmonioso em que todos se perdem. Também os padrões que as três telas do palco albergam intensificam todo o cenário. Durante duas horas de um show irrepreensível, Carl Cox consegue fazer crescer as chamas na brisa fria da noite e faz valer a sua coroa.
Os portugueses Freshkitos e o sueco The Persuader antecedem o outro momento mais esperado deste terceiro dia de festival. Nina Kraviz aparece às 6h50, iluminada já pela luz do sol, cuja intensidade advinha um dia quente. Muitos foram os que esperaram para ver a mulher que, em poucos anos, tem conquistado uma vincada posição num universo marcadamente masculino.
A DJ russa que mistura, entre outros estilos, house, techno e acid house, revela-se bastante eficaz na sua arte e consegue realçar as suas qualidades de improviso. A forma como se movimenta em palco imprime a sensualidade por que tantas vezes é reconhecida, conseguindo, por isso, concentrar em si o olhar da multidão ao mesmo tempo que reúne fortes assobios do público masculino.
Mas a noite revelou-se bastante prolongada e estendeu-se pela manhã fora. Tale of Us, o duo germânico que sem limitações cruza nos seus sets disco, house, indie e techno foram os últimos a subir ao palco, encerrando, assim, a nona edição do Neopop que reuniu mais gente do que o ano transato.
Como afirma Gustavo Pereira, um dos responsáveis pela organização do evento, a afluência ao festival “tem sido sempre crescente de ano para ano, o que tem acompanhado a nossa evolução, o nosso investimento e a nossa produção. Todos os anos o nosso investimento é mais arrojado e acabamos por ter essa correspondência na afluência do público.”
E para 2015, num ano em que o festival de música eletrónica de Viana do Castelo celebra o décimo aniversário, muitos irão querer mover-se ao ritmo do som de grandes estrelas da música de dança e, por isso, a pergunta voltar-se-á a impor: Who’s the lucky one?