Cultura

Incoming Fire: Rock que vale a pena ouvir

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Como é que os Incoming Fire começaram?

Bárbara: Isto foi uma ideia minha e do André, começamos por procurar um baterista para uma cena assim um bocado informal. Eu tocava e tinha um baixo em casa, o André tocava guitarra e tinha uma em casa. Achamos que era um bocado desperdício estarmos a tocar só os dois quando até gostávamos de tocar com outras pessoas e já tínhamos estado nalgumas bandas. Pus um post no Facebook a dizer que estava à procura de baterista, até foi um bocado na brincadeira, e depois disso uma amiga minha e do André, que é amiga do Fábio também, identificou-o. Marcamos um café, percebemos que a nossa onda era idêntica, sentimos química e decidimos marcar um ensaio. Depois correu bem e foi evoluindo… Inicialmente começamos como banda de covers e depois evoluiu para algo um bocadinho mais diferente… não sei se estou a contar bem a história, acho que foi assim…

André: Sim, nós contactámos o Fábio porque estávamos fartos de tocar com backing tracks, achamos que tínhamos de pôr aqui alguma coisa mais humana, digamos assim, e metemos um post no facebook como que a atirar o barro à parede…

Bárbara: Depois entretanto juntou-se o Rui, porque passado algum tempo decidimos procurar um vocalista porque ninguém cantava… apareceu o Rui, super entusiasmado, curtimos imenso dele. Estivemos com ele durante algum tempo até percebermos que se calhar queríamos coisas diferentes e ele tinha os projetos dele…

Fábio: Na Season 2 veio a Susana…

Bárbara: Veio a Susana, nós adorámo-la, ela já foi candidata a vocalista enquanto o Rui também foi, eu já na altura achava que era uma aposta do caraças. Quando o Rui decidiu sair, falámos com ela, mostrou-se acessível, entusiasmada com o projeto, esteve connosco ainda algum tempo: fizemos um concerto com ela, começamos a escrever originais e alguns dos originais que temos hoje foram feitos ainda com ela. Mas a Susana era um bocadinho mais de longe, nem sempre tinha disponibilidade, tornou-se difícil de conciliar as coisas e foi mais uma amiga que nós fizemos e que ficou para a história dos Incoming Fire. A Susana acabou por sair e como era muito difícil encontrar algum vocalista, e como eu já costumava cantar algumas músicas nos ensaios e fazia as letras, fiquei eu. Fui ficando, tive de aprender a cantar e a tocar baixo ao mesmo tempo, e depois a escrever já se foi tendo em consideração que quem está a tocar é quem está a cantar.

André: Uma cena engraçada que aconteceu nessa transição da Susana para a Bárbara foi que nós pensamos: “A Susana saiu, vamos tentar procurar alguém”. Acho que foi até o Fábio que depois disse “Ah, porque não a Bárbara?”. Então a Bárbara disse para fazermos um casting exatamente como se ela fosse de fora, mas não era necessário. A Bárbara canta bastante bem. Mas acho que o mais importante nessa altura foi que a composição e a química entre os três era tão forte que valia mais a pena manter só os três do que trazer alguém externo que não iria necessariamente estragar, mas não iria ser a mesma coisa, claramente.

Bárbara: Acho que não era tão fácil integrar alguém novo como nós os três já estamos integrados uns com os outros

Fábio: Depois, estar a vir alguém novo e estar a construir essa química toda de novo ia fazer com que os nossos objetivos de banda não se realizassem tão rapidamente.

Bárbara: Foi uma questão de parar de procurar porque até estávamos bem assim. As coisas resultam bem assim, os ensaios resultam bem, já nos conhecemos, já conhecemos a forma de tocar e compor dos três. Acabamos por ficar nessa zona um bocadinho mais confortável porque achamos que era como poderia correr melhor a longo prazo também.

 

Como é que surgiu o vosso nome?

André: Eu acho que a forma como surgiu o nome, se fosse gravada, devia de ser uma aula de como fazer um brainstorming, porque nós fomos sair à noite beber um copo e acho que não tivemos assim uma conversa. A noite passou connosco a olhar uns para os outros, a pensar e a dizer nomes.

Bárbara: É verdade, nós quase não conversamos.

André: O que viesse à cabeça…

Fábio: Éramos três num bar a dizer: Skinny Body Builders, Fuku Chan…

Bárbara: Exato! Depois de tanta sugestão, não chegamos a conclusão nenhuma, mas tínhamos uma lista que levavamos para os ensaios onde anotavamos os nomes que cada um sugeria e alguns nomes que os nossos amigos sugeriam. Um dos nomes tinha sido sugerido pelo Márcio e foi o mais votado: Incoming Fire.

Fábio: Tudo muito democrático.

Fotografia cedida pelos Incoming Fire

Vocês agora são apenas 3, mas não foi sempre assim… como é que foi lidar com todas as mudanças de alinhamento até agora? Foi difícil a adaptação de alinhamento para alinhamento?

Bárbara: Eu acho que não. Quando começamos a trabalhar com o Rui, nós já tínhamos feito coisas os três antes. Aliás, o Rui é um grande amigo e não é nada difícil trabalhar com ele. Cada um seguiu o seu caminho porque tínhamos objetivos diferentes e como se costuma dizer “Amigo não empata amigo”. Depois com a Susana havia também uma química enorme. Eu continuo a achar que foi a melhor vocalista dos Incoming Fire de sempre, acho que eu fui a pessoa que teve mais pena de a Susana sair, até por ter de assumir o lugar dela e não ser nada fácil. Mas não foi difícil de nos adaptarmos a estas mudanças, o mais difícil foi mesmo quando eles saíram e ficamos apenas os três, mais por mim. O Fábio e o André quase não se tiveram de adaptar a nada, eu é que tive de me adaptar a mim própria. Mas não foi nada de extraordinário…

André: Nada que uns ensaios não resolvam…

 

Como é que foi lidar com a pandemia e o confinamento? Sentiram que foi um período mais frutífero em termos de composição? Ou aproveitaram para arejar a cabeça?

Bárbara: Aproveitámos mais para… não saber bem o que fazer.

Fábio: Nós não sabíamos o que ia acontecer…

Bárbara: Nós decidimos gravar durante o confinamento, ou seja, pôr as ideias que já tínhamos num formato audível e tocamos mais por causa disso. Mas de um modo geral paramos bastante, porque somos 3 pessoas responsáveis e durante todo este tempo estávamos com receio. Quando sentimos que já era seguro ensaiar à vontade, voltámos. Também por pararmos ficámos com bastantes ideias…

Fábio: Principalmente o André!

Bárbara: Sim, sentimos que agora temos muitas ideias que são mais fáceis de pôr no papel e depois fluir mais facilmente.

André: Grande parte do confinamento passou por isso, sim. Falando por mim, eu estou sempre a criar, sempre à procura de alguma coisa que chegando ao ensaio eles gostem. Depois todo o processo de mistura e masterização foi a Bárbara que fez, pois tem todas as competências para o fazer. Ela ia-nos mostrando o que fazia e nós dávamos a nossa opinião. Todo aquele processo democrático do nome depois também foi feito aqui no EP.

Bárbara: Desligamos um bocado da parte prática de tocar, mas contactamos muito com as músicas que já tínhamos tocado, novos sons. Acabamos por mudar as estruturas de algumas das coisas que já tínhamos feito antes e vimos o processo criativo de forma um bocadinho diferente.

 

Que bandas vos influenciam mais? Qual diriam ser o vosso estilo?

Bárbara: Se tivermos que pôr tudo num saco diria o indie rock, talvez. Mas depois as influências são mais a nível pessoal. Somos todos virados dentro do rock, mas cada um aponta para um sub-género ou tipo de artista.

André: Muitas vezes estou em casa e ultimamente tenho ouvido muito Royal Blood, Cleopatrick, por aí… e eu gosto muito daquele som stoner, daqueles riffs pesados. Estou atrás daquele som, crio uma linha de guitarra a pensar nisso e depois vem a Bárbara e mete uma linha de baixo que não tem nada a ver, ou o Fábio toca alguma coisa na bateria que não era nada do que estava a pensar. Depois tudo isto acaba por criar uma coisa mais perto daquilo que não existe.

Fábio: Acaba por ser uma mistura feliz de todas as influências. Acaba por ser uma boa salada no final.

Bárbara: Sim, acho que temos uma sonoridade, mas não consigo pensar muito num género em concreto.

Fábio: É como se o rock fosse a base e depois é tudo construído em cima disso.

 

Mas não há influências em comum?

Bárbara: Sim, claro. Isso via-se muito quando a gente tocava covers. Tendíamos sempre para músicas de bandas como os Red Hot Chili Peppers, The Beatles… coisas que nos marcaram aos três.

Fábio: Jimi Hendrix também.

 

Já há concertos marcados depois da grande antecipação que foi o lançamento do EP?

Bárbara: Temos agora marcado o concurso de bandas de Valdágua, em Ovar. Mas mais nada ainda…

André: Nós temos algumas bandas amigas que têm conseguido arranjar alguns concertos, mas não tem sido esse o nosso foco, tendo em conta a situação.

Bárbara: Neste momento o nosso foco é mais trabalhar o que já temos e criar novos temas. Acho que é uma altura ideal para isso. Óbvio que as bandas que dependem muito dos concertos e do som ao vivo querem a reabertura dos espetáculos, e quem gosta de ir também, mas para quem não estava totalmente estabelecido nesse meio antes da pandemia é uma altura um bocado chata para o fazer agora. Acho que esse é também o nosso caso, pois o nosso foco não eram os concertos na altura e não parávamos tudo o que estávamos a fazer por um concerto. Estávamos mais concentrados em ter um reportório mais sólido e estamos também agora a aproveitar para trabalharmos os três.

Fábio: Sim, estamos agora com material suficiente para tocar, mas estamos a começar a solidificar agora o que não temos conseguido fazer nos últimos tempos.

 

Que previsões têm sobre material que pretendem lançar daqui para a frente?

Bárbara: Temos muita coisa pronta na gaveta que ainda não tivemos oportunidade de gravar em estúdio. Temos muita coisa também que gostávamos de gravar. O nosso próximo passo é mesmo lançar um álbum, fazer algo um bocado mais trabalhado. Esperemos que esteja para breve esse álbum, mas antes disso temos de consolidar o que temos, perceber o que é que nos faz mexer e perceber o que faria sentido num álbum.

O EP de estreia Is It Worth It já está disponível no Spotify (possível de ouvir acima), iTunes, Apple Music e outros serviços de streaming similares. De destacar também que no passado dia 9 de outubro, os Incoming Fire acabaram por ficar em primeiro lugar no concurso de bandas de garagem organizado pela Associação Cultural e Recreativa de Váldagua, de Ovar. Entretanto, resta esperar e aproveitando os concertos que valem bastante a pena de assistir desta banda portuense que de certeza não se vai ficar por aqui.

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