Crítica

Genesis: o ousado vídeo-álbum de estreia do artista português Phaser

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Phaser, nome artístico de Miguel Loureiro, lançou no passado dia 29 de setembro o seu primeiro álbum a solo, Genesis. Este foi desenvolvido nos últimos 2 anos e retrata o próprio “processo de crescimento artístico e pessoal” do músico ao longo deste tempo.

Denominando-se como um “artista visual e sonoro natural de Viseu”, Phaser não é novo a nenhuma destas áreas. Pelo contrário, é finalista da licenciatura em Cinema na Universidade da Beira Interior e foi “um dos membros fundadores da banda de indie rock Color Ivy”, além de já ter lançado anteriormente um EP denominado Volca Tapes. Este ano ganhou ainda o apoio financeiro da Câmara Municipal de Viseu a partir do programa “CRIAR – VISEU CULTURA 2021”.

De volta a Genesis, este é, desde logo, e a partir da capa realizado pelo designer polaco Kesson Dalek, bem claro sobre o que se trata: um vídeo-álbum com 10 faixas. Como é dito em comunicado, o projeto “emerge da ideia de criar uma peça una, em que a imagem não estivesse apenas ao serviço da música ou vice-versa”.

Capa de “Genesis”, por Kesson Dalek

Falamos, então, de um álbum acompanhado por um filme realizado pelo mesmo – com a ajuda de Pedro “Pivot” Rodrigues e Guilherme “Regine” Franco na câmara, e de Molly98 e Fátima Magalhães no guarda-roupa – que possibilita ao ouvinte uma imersão completa no projeto musical.

Ao longo dos 35 minutos que compõem o filme, somos deparados com a evolução do artista a partir de vários cenários, tanto naturais (Serra da Estrela), como mais citadinos ou domésticos, como ainda alguns momentos virtuais – pois tal como é descrito pelo próprio, Genesis trata-se de uma “viagem entre o real e o virtual, entre o analógico e o digital”, sendo que é através da “guitarra, sintetizadores analógicos, técnicas de produção digitais e das imagens ora naturais ora virtuais” que este consegue exprimir o que reside na sua “mente inquieta e prolífera”.

Still de “Genesis”

Em comunicado, e numa espécie de desabafo do artista, Phaser relata ainda que “este tipo de projetos são intrinsecamente psicológicos, uma longa jornada de autoconhecimento” admitindo, inclusive, que a partir da realização do mesmo, e dos consequentes diálogos consigo próprio, acabou por se encontrar a si mesmo.

Relativamente ao género musical, poder-se-á dizer que as músicas de Genesis, de modo geral, se inserem no universo house e techno. Contudo, em “The Moon”, por exemplo, podemos denotar um toque mais hyper-pop, com os backing vocals a fazer lembrar a artista norte-americana Grimes. “To Feel”, por outro lado, é possivelmente a faixa mais dançável de todo o disco. Já “Polydimensional” é certamente o momento mais agressivo e pungente do álbum, com batidas frenéticas que o ouvinte sente quase fisicamente. No entanto, há também alguns momentos do álbum mais calmos e refletivos, como no tema “To Fly” e no interlúdio.

Em adição, com influências diretas de artistas como Aphex Twin, Daft Punk, Flume e Björk, o álbum possui uma riqueza excecional de sons e ritmos, revelando uma enorme sensibilidade musical, tal como uma vasta destreza em produção.

Genesis conta ainda com a participação musical de outros artistas portugueses, como RIVAthewizard nos temas “The Moon” e “Sleep Well Tonight” (o que pode explicar a sonoridade mais “hyper-pop” destas duas faixas), REGINE em “To Fly” e, por último, help! no tema “To Feel”.

Por fim, é mais que legítimo afirmar que Phaser impressionou e deslumbrou no seu projeto de estreia. Após o lançamento deste disco promissor, é possível prever um futuro que lhe reserve bastante sucesso.

O vídeo-álbum pode ser visto publicamente no Youtube:

Está disponível em todas as plataformas de streaming habituais:

E existe ainda a opção de comprar o vídeo-álbum em formato pen drive, objeto sobre o qual o filme gira à volta, disponível no website do artista.

 

Artigo da autoria de Tiago Cardoso

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