Cultura
PDC: BLACK LIPS E CUT COPY ENFEITIÇAM COURA
No terceiro dia de festival, dia em que o sol queimou e a noite gelou, Kilimanjaro abriram o palco principal. A banda de Barcelos, que lançara o EP homónimo em 2011, trouxe Hook às margens do rio Coura, o primeiro disco de longa duração. Os três rapazes abafaram o ar com o seu rock sonoro e uma pitada de groove e trouxeram muitos festivaleiros ao anfiteatro natural do maior palco do recinto.
Ainda Kilimanjaro não tinham acabado de atuar, já subia ao palco secundário o duo nova-iorquino Buke and Gase – rapariga e rapaz que tocam os instrumentos inventados que dão nome à banda – ela o Buke (um ukelele barítono de seis cordas), ele o Gase (uma fusão entre guitarra e baixo). Bem confortáveis no pequeno palco secundário, o par conseguiu criar um ambiente intimista mas enérgico com mãos no Buke ou no Gase e pés na percussão.
Os turbulentos Linda Martini, que atuaram pela terceira vez no Festival Paredes de Coura, subiram ao palco para apresentarem o último disco. O público, que estava inicialmente parado, acabou a fazer crowdsurfing e a subir ao palco. A banda acompanhou a chegada da noite, que, quando aterrou, trouxe consigo Conor Oberst, a solo desta vez, mas membro de Bright Eyes, banda que fundou. O músico, acompanhado por Dawes, que haviam aberto o palco secundário com a sua longa serenata, deu as boas-vindas a uma contemplação honesta e confortável que emanava do calmo country que o músico oferecia.
Yuck trouxeram o indie de Glow & Behold, disco de 2013 e, quando acabaram a sua atuação no palco secundário, deram a vez aos demoníacos Perfect Pussy, que mesmo num concerto de pouca duração, levaram o público à exaustão. Banda punk de berros desconcertantes e incompreensíveis, Perfect Pussy lançaram um único álbum, em março deste ano, e são liderados por rapariga de pixie haircut e dança de gestos exorcistas.
Pouco depois do concerto endiabrado, a força americana dos Black Lips chegou e a banda pisou o palco principal para dar um dos concertos mais esperados da noite. Conhecidos pela excentricidade das suas atuações, o grupo interagiu com o público que dançava com muito entusiasmo ao som do rock sujo e bruto dos rapazes de Georgia. A banda, que lançou Underneath the Rainbow este ano, ofereceu a magia do pézinho de dança rock ‘n’ roll e não se cansou.
Um pouco antes da 1:00, os australianos Cut Copy subiam ao palco principal que contava com um mar de pessoas na audiência. Dan Whitford, vocalista, guitarrista e teclista, conduziu a plateia por uma torrente de músicas que recuperava álbuns anteriores, mas celebrava também o último, Free Your Mind. Com a energia da música eletrónica colorida, uma dança suada fez serpentear o público ao longo da atuação dos cabeça de cartaz.
As pernas não cederam e houve alegria para dar e receber no palco secundário, que contou com Cheatahs e DJ set do britânico Fort Romeau.
Hoje, os festivaleiros despedem-se do que foi um festival repleto de estilos mas principalmente repleto de público. A noite conta com Beirut, Kurt Vile and the Violators e com o aguardado concerto de James Blake, rapaz de voz profunda da eletrónica.