Cultura

12.º Festival Porta-Jazz: o Porto abre novamente as portas ao Jazz

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Com 7 blocos de duplos concertos e ainda com Jam Sessions para o encerramento de cada dia de festival, 2022 voltou a ser um ano em grande para os amantes de jazz, bem como os melómanos em geral, da cidade invicta. A partir de sexta-feira, dia 4 de fevereiro, o Rivoli encheu-se de músicos e ouvidos sedentos de música ao vivo. Desde logo, a começar com um projeto nacional da autoria de Manuel Linhares que apresentou o terceiro álbum “Suspenso” com António Loureiro como músico convidado, cujo projeto em nome próprio acabou por fechar o festival no domingo. No mesmo dia houve ainda tempo para ouvir o Coreto Porta-Jazz com a performace do álbum “A Tribo” na íntegra.

No segundo dia, houve tempo para o triplo dos concertos. Três conjuntos de duplos concertos foram ouvidos neste dia composto por projetos de músicos portugueses e argentinos. Quem nunca ouviu tango e ficou a pensar que poderia ligar tão bem com o jazz? Foi possível ouvir neste dia, entre outros, os ambientes sonoros proporcionados pelo novo álbum “Ninhos” do projeto de Joana Raquel e Miguel Meirinhos. Também os acordes de “Otro Cielo” de Demian Cabaud brilharam no festival. O quarteto de Hugo Raro, mais raro ainda por contemplar a guitarra portuguesa tão poucas vezes usada nesta atmosfera do jazz, contou com a presença de pintura ao vivo de Jas, constituindo assim a performance “Sombras da Imperfeição”.

No domingo, o último dia de festival, mais 6 atuações tiveram lugar no palco do Rivoli, tal como tinha sucedido no dia anterior. Mais uma tarde recheada de nomes já não tão estranhos no panorama de jazz português tal como Miguel Ângelo, que veio apresentar o mais recente álbum “Dança dos Desastrados”, e ainda Daniel Sousa, com a apresentação da encomenda feita pelo Porta-Jazz. As últimas duas atuações, no entanto, foram a conclusão internacional perfeita para o festival.

Do quinteto de Alfred Vogel foi possível escutar “Nest”, uma obra de improvisação livre, algo de não tão fácil audição, por norma, mas que, agarra a atenção dos espectadores do início ao fim do espetáculo. Com a entrada e saída dos músicos em palco acompanhada de chocalhos em imitação de sons da natureza, o próprio nome da atuação a remeter para a natureza e, ainda, o virtuosismo e a dinâmica tímbrica trazida por todos os instrumentos nesta atuação é difícil não ficar compenetrado, traçando facilmente uma narrativa à volta da atuação.

Por fim, o quinteto trazido a palco juntamente com António Loureiro, já presente como músico convidado no primeiro concerto desta edição do Porta-Jazz, trouxe algumas surpresas e estreias musicais. Para um público português mais habituado a artistas nacionais estes são ambientes sonoros que fazem lembrar um Luís Represas com um pano de fundo de jazz. Extremamente agradável de ouvir, muito mais acessível e de fácil audição do que a atuação anterior, ora soando mais a “jazz de café” ora tendo momentos de maior tensão, este último momento musical, no grande auditório do Rivoli, oscilou entre a formação dos 6 músicos presentes em palco e apenas o trio fundamental de baixo, bateria e piano, por exemplo na música “Algum Lugar”. O encerramento teve ainda direito a um merecidíssimo encore, no qual se pôde ouvir mais uma obra da autoria de António Loureiro que levou o público a aproveitar mais uns minutos de belo jazz antes de ir para casa.

Com o fechar deste último encore encerra-se a programação deste ano para o 12.º Festival Porta-Jazz com uma variedade sonora imensa. Resta ao público esperar por mais no ano que vem e enquanto este não chega, ir procurando o selo Porta-Jazz em atuações no Maus Hábitos ou no auditório da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, sítios onde já se fizeram ouvir projetos com vários dos músicos presentes nesta edição de 2022 do festival.

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