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Cultura

PussyRiot – a revolução russa do século XXI chegou à Casa da Música

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Pussy Riot na Casa da Música

Numa campanha anti-guerra, as ativistas russas escolheram vir a Portugal espalhar a mensagem sobre a realidade do país perante a guerra. Lembraram ainda que a revolução é necessária e urgente.

O contexto geopolítico que assola o planeta não é indiferente para ninguém, mas muito menos para quem resiste ao regime de Putin desde, pelo menos, 2011. Os desenvolvimentos recentes representam mais um crime do autocrata e mais uma vitória sobre a luta diária das PussyRiot.

Baseado no livro de uma das fundadoras, Masha, o concerto conta a história das pequenas revoluções que estas mulheres fizeram. Relata a organização do Punk Prayer, enquanto descreve o porquê da iniciativa; conta a clandestinidade pós iniciativa e as regras do ativismo político russo; conta a prisão e o ativismo encarcerado, as marcas que deixa, expõe os crimes, os abusos, a luta e o sofrimento de um país em que o povo não tem voz.

Pussy Riot na Casa da Música

Pussy Riot na Casa da Música
Fotografia: Inês Aires

O espetáculo em si faz arder o fogo da revolução dentro de cada um, precisamente porque personifica a revolução – o início estático, com sons que entram pelos ouvidos e causam estranheza. Simultaneamente, um discurso também estático, com a calma e os picos que fazem explodir a sala, metamorfoseia-se durante vastos minutos e culmina na detonação sensorial que fez os bancos ficarem vazios. O arrepio é uma constante, seja por que motivo for.

A narrativa é também de louvar – apesar de ser, na teoria, a história das prisões da Masha, vai além dessa fronteira e figura uma sensibilização para o contexto russo, uma denúncia da autocracia disfarçada, do estado “laico” que se une à igreja, da falta de liberdade, do abuso de poder policial. É também o 101 dos movimentos, a narração das ocasionais vitórias de mulheres feministas sobre a opressão de sempre e a luz da revolução russa do século XXI.

Aliando tudo isto ao contexto dos membros do grupo -, só em 2022, a Masha ter sido ilegalmente presa (por muito paradoxal que possa parecer) 6 vezes e de a Olga ter passado o verão passado em prisão domiciliária – desperta um sentimentalismo e o reconhecimento da força destas mulheres, que continuam a desafiar as regras. (Fica a recomendação das redes sociais dos membros da banda que, com o maior requinte humorístico e provocador, continuam, mesmo fugidas e com mandatos de captura, a provocar a Federação Russa).

Pussy Riot na Casa da Música

Pussy Riot na Casa da Música
Fotografia: Inês Aires

Um apelo à ação internacional contra a guerra, contra Putin e a solidariedade com o povo ucraniano fecham de forma emocional o concerto, juntamente com um QRCode para doações a um hospital infantil ucraniano.

Resta agradecer a estas mulheres pela luta incansável contra a política imperialista mundial, pela resistência feminista e pela liberdade de todos.

Artigo da autoria de Maria Santos. Fotografia de Maria Inês Aires.

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