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Cultura

D’BANDADA JÁ É SINÓNIMO DE PORTO

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É no estúdio Sá da Bandeira que Fachada – agora sem o B – se apresenta num mini-concerto intimista. No espaço não cabiam mais de 35 pessoas e o ambiente tornou-se acolhedor, com luzes de natal e tapetes no chão.

O ambiente de gravação era o pretendido – afinal, Fachada estava a gravar para o canal 180 e mais tarde iria fazer um concerto maior. As piadas do cantor e o ambiente descontraído deixam o público fascinado, apesar do atraso no início da atuação. Começa com “a polícia fica louca quando a canção cabe na boca” e abandona o microfone para ver “se ficou bem”, o que mais uma vez mostra de forma crua como é gravar uma música. Depois de “Pifarinho” e “Quem Quer Fumar Com o B Fachada”, o concerto termina com “Já o Tempo Se Habitua”, levando o público para o universo de Zeca Afonso. A meio da música pára e recomeça, mostrando que nem tudo sai bem à primeira.

Ninguém parece querer ir embora, mas Fachada insiste: “agora pisguem-se!”.

É num eléctrico que Miguel Araújo entoa os seus maiores temas, rodeado de famílias que aproveitam o bom dia com que o D’Bandada brindou. A música rola sobre carris, num concerto que percorre a Invicta, do Carmo à Batalha. Chegados ao destino do eléctrico, Miguel Araújo despede-se do público com “Os Maridos das Outras” e “Balada Astral”.

Pelas 18:30h, houve tempo para os Surveillance, um duo de rapazes energéticos, apresentarem o seu trabalho no Rádio Bar. O pátio continua cheio de crianças curiosas e o vocalista convida todas a espreitar os vinis e t-shirts que têm para venda.

Seguem-se os Hitchpop, a banda composta por João Guimarães, Miguel Ramos e Marcos Cavaleiro. Os músicos trazem consigo o jazz e anunciam um fim de tarde diferente no centro do Porto.  Ao pôr-do-sol, o trio desfila as suas músicas – sem introduções desnecessárias – e em instrumental.

Já é de noite e é a vez da banda multicultural Time for T atuar. O público aglomera-se à volta do Coreto da Cordoaria e são muitos os ouvintes que ainda acabam de jantar nos restaurantes ao lado. Tocam músicas com influências de folk e reggae como “Human Battery” e aquecem o público para Capicua, que viria a atuar às 22h nos Leões. A música “Johnny”, sobre “uma criatura especial”, antecipa o fim do concerto e é com a ”Free Hugs” que o público se rende à jovem banda.

Às 20h começa no Café Au Lait o primeiro de três concertos organizados pelo Bodyspace. Primeiro os White Haus, seguidos, às 22h, dos Lasers, e à meia-noite dos Holy Nothing. A prova de que ainda há novos talentos para descobrir e que eventos como este são o melhor palco para se lançarem, como disse em entrevista André Gomes, editor do site.

Pouco depois das 22h, Capicua volta às origens para um concerto emocionante, como ela própria o admitiu. A rapper surge com uma t-shirt que faz referência ao seu último êxito, “Vayorken”. O público, reunido na Praça dos Leões, é heterogéneo em idade e estilo.

“Nem tenho palavras”, diz, “É muito arrepio junto chegar a casa e ter a praça cheia de gente”. Começa com “Alfazema”, um dos muitos hinos ao poder feminino e vai percorrendo músicas do seu último álbum “Sereia Louca”.

Num tom mais atrevido e relembrando músicas mais antigas, Capicua partilha o palco em pé de igualdade com M7 na música “Tabu” e recebe o entusiasmo do público quando anuncia a “Casa no Campo” – é aí que surge o momento mais doce e soft do concerto, enquanto Dário Cannatá continua com as ilustrações numa tela montada no palco.

Capicua continua a ser acarinhada pelo público ao longo do concerto, ao explicar a história escondida em “Mulher do Cacilheiro” e “Vayorken”. Os mais pequenos gritam o nome da rapper nascida ali ao lado, em Cedofeita.

Já perto do fim, Ana Matos – o verdadeiro nome da artista – apresenta “Vinho Velho” e acaba com “Pedras da Calçada” pedindo – sem aceitar desculpas – “que todos ponham os braços no ar, até na rua de Cedofeita”.

A sonoridade mantem-se no hip-hop português (e portuense) com os Dealema, na Praça dos Poveiros onde o fim do concerto antecipa a chegada dos Mind da Gap com a colaboração das duas bandas no antigo êxito “Brilhantes Diamantes” e no mais recente “Bom Dia”.

Chega assim, sem apresentação necessária, a segunda banda ao palco e as centenas de pessoas cobrem a praça e não arredam pé; todos dançam e põem as mãos no ar de forma sincronizada, enquanto o trio pergunta “quem está a curtir connosco?” para introduzir a antiga “Dedicatória”, seguida de “Não Pára”.

A interação com o público é constante e a praça continua cheia de entusiastas de hip-hop. Os Mind da Gap garantem que não vão embora porque estão em casa, mostrando o carinho que têm à cidade invicta. No fim anunciam que “vamos todos de barriga cheia” e surge o êxito “Todos Gordos”.

PZ tinha casa cheia no Ateneu Comercial do Porto. Após muitos pedidos, o público acaba por receber mesmo “Croquetes”. Depois de um dia em cheio, subindo e descendo o Porto à procura de concertos, é com a anunciada “Chewbacca” que a plateia, que se encontrava perto das escadas do espaço, volta a entrar na sala para ouvir o dilema em torno de “uma gaja bem porreira”. À uma da manhã chega a vez dos You can’t win Charlie Brown, no palco do Passos Manuel.

A noite seguiu com actuações de DJs e muita movimentação pela cidade do Porto, naquela que promete ter sido a maior d’Bandada de todas as suas edições. Para o ano há mais.

 

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